A história foi contada nas páginas do DN. No fim da entrevista à SIC, o jornalista perguntou a Quique Flores onde o podia deixar. O treinador pediu para ficar no Marquês de Pombal, onde apanharia o metro ou o autocarro.

O jornalista insistiu em levar o treinador até ao destino final e o treinador insistiu em ficar no Marquês. O jornalista acabou mesmo por deixar Quique no Marquês. Foi a primeira vitória do espanhol em Portugal.

Puxou do IPod e saiu do carro. Completamente descontraído, a ouvir música, mergulhou na multidão. Como pelos vistos fazia em Valência, onde era normal encontrá-lo nas ruas mais movimentadas com uma mochila.

Não sei se a história se passou exactamente assim, mas também não tenho razões para duvidar. Pouco importa, aliás. Filho de uma família tradicional, com raízes flamencas e um apelido respeitável, Quique gosta de descer à terra.

Basta ouvi-lo para se perceber que não usa máscaras. Simpático e afável, parece estar sempre de bem com a vida. A Metro era capaz de dizer agora que acontece a quem passa menos tempo no trânsito. Não vou por aí.

Certo é que Quique é diferente. Num tempo em que o mais duvidoso treinador julga que ser arrogante é um bom passo para ser confundido com genial, o espanhol mantém-se na dele. Na boa. Quique é acima de tudo um exemplo de sinceridade com a vida.

É possível não gostar de uma pessoa assim?

«Box-to-box» é um espaço de opinião da autoria de Sérgio Pereira, jornalista do Maisfutebol, que escreve aqui todas as quintas-feiras