Miguel Relvas cumpriu nesta madrugada mais de 80 quilómetros em Timor-Leste para visitar os dois campos de concentração onde um seu avô esteve detido pelos japoneses na segunda guerra mundial.

«Foi um regresso afetivo às emoções que fazem parte da minha vida (...). Sempre ouvi, desde pequenino, o meu pai e o meu avô contarem o que os portugueses tinham passado aqui aquando da ocupação japonesa», contou o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, citado pela Lusa, nesta quarta-feira.

Miguel Relvas cujo pai nasceu em Timor-Leste quando o avô, José Miranda Relvas, militar no posto de segundo sargento era administrador da zona e liderava os homens detidos num dos campos de prisioneiros não resistiu ao desafio do embaixador português de visitar o local, em Maubara, na zona oeste de Timor-Leste.

«Valeu a pena a visita, faz parte da nossa história», contou Miguel Relvas, salientando que pouca gente sabe que durante a segunda guerra mundial «Timor-Leste foi o único território então português que foi violado na sua soberania territorial e os portugueses também aí de forma heroica, mantiveram a sua posição, preservaram os nossos valores e defenderam a nossa bandeira».

Nas memórias de infância, Miguel Relvas disse guardar ainda relatos do avô que descrevia o que tinha passado em quase dois anos em que esteve no campo de concentração e que tinha apenas uma tigela de arroz para três dias.

Nos campos de concentração de Maubara e Liquiça estiveram 521 presos, dos quais 287 homens e 234 mulheres, a maioria funcionários da administração de Timor.

A ocupação nipónica, que chegou a ter em território timorense 18.000 soldados, prolongou-se por três anos e sete meses entre 20 de fevereiro de 1942 até setembro de 1945.

Miguel Relvas está em Timor-Leste desde terça-feira numa visita de três dias para «reiterar o apoio» de Portugal à consolidação política e económica do país.

Após a chegada do ministro, dois cidadãos timorenses colocaram na noite de quarta-feira uma tarja com a inscrição «vai estudar ó Relvas» em frente do Hotel Timor, na capital timorense, faixa que continua no local onde o ministro português não passou.

Instalado na residência oficial de Portugal em Díli, Miguel Relvas não viu ainda a tarja, dado que todos os percursos seguidos pelo protocolo de Estado não incluíram passagens no Hotel Timor.