Os efeitos da crise financeira já se sente no comportamento das pessoas que, temendo o futuro, estão a começar a cortar nos bens duradouros, como carros e electrodomésticos, e em produtos como viagens.

Já as empresas estão a contrair-se nos bens de investimento.

A constatação é do ex-ministro da Economia, Augusto Mateus, que, na apresentação do Barómetro de Confiança da Edelman, que decorreu esta terça-feira em Lisboa, referiu que «um dos aspectos mais importantes da actual crise internacional é o problema da confiança».

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Segundo o referido barómetro, cerca de duas em cada três pessoas informadas afirmam que confiam menos nas empresas, nos media e nos governos, estando estes com uma popularidade mais baixa do que o meio empresarial.

Augusto Mateus considera que a actual crise é «assimétrica», afectando com maior intensidade as regiões mais desenvolvidas, como os Estados Unidos e a Europa.

No entanto, e de acordo com a análise feita por Augusto Mateus ao documento da Edelman, a confiança depositada pelas pessoas em ONG ou em elementos de conhecimento tecnológico e científico está a resistir melhor aos efeitos da crise.



Portugal não pode ter solução global

Augusto Mateus lembra também que Portugal não pode ser protagonista da solução global, porque para o economista tal missão caberá às potências mundiais, mas exorta, a nível interno, os empresários a promoverem uma mudança de paradigma no relacionamento entre o negócio e os consumidores.

Para o economista, um dos males do actual sistema, tem sido o «exagero dos gestores das empresas em pensarem só para gerar valor para os accionistas», descurando-se o lado do consumidor.

Segundo Augusto Mateus, mais do que procurar gerar valor para o accionista, as empresas devem preocupar-se em gerar valor para o cidadão, para o seu território e comunidades e com isso gerar um valor accionista bastante mais duradouro e sustentável.