A contestação à política da educativa vai prosseguir com uma semana nacional de luto nas escolas, um abaixo-assinado a entregar ao primeiro-ministro e manifestações todas as segundas-feiras durante o terceiro período.

«Vamos dar um dia ao Governo para pensar, reflectir sobre o que aconteceu nesta jornada história. Se não houver reacções, avançamos para novas medidas, começando já por uma semana de luto nesta última semana do segundo período», anunciou na Praça do Comércio, em Lisboa, o porta-voz dos sindicatos, Mário Nogueira.

«Aconselhamos os professores a vestirem-se de negro todos os dias até ao fim da semana». Já no terceiro período, «todas as segundas-feiras vão ser de protesto».

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«O vestuário escuro e a colocação de sinais visíveis de luto nas escolas será a forma de manifestarmos o mais veemente protesto pelas actuais políticas educativas. Um luto que os professores adoptarão sempre que um membro do Governo se desloque à sua escola e da visita se tenha conhecimento prévio», apelou Mário Nogueira.

O calendário dos protestos

O calendário dos protestos à segunda-feira já ficou definido: 14 de Abril no Norte, a 21 na região Centro, a 28 na grande Lisboa e a 05 de Maio no Sul e Regiões Autónomas. Depois é retomada a mesma ordem.

Reagindo às declarações da ministra Maria de Lurdes Rodrigues que, em entrevista recente à RTP, referiu que os professores desconheciam a reforma educativa, Mário Nogueira afirmou que «a ministra teve hoje a resposta e isto demonstra que o problema já não é dela, mas do primeiro-ministro».

«Se (José Sócrates) não quer ver o país virar-se contra ele, vai ter de tomar medidas contra esta ministra», adiantou o porta-voz dos sindicatos, para quem o chefe do Governo está a criar «uma fogueira que pode tornar-se incontrolável».

Segundo a plataforma de sindicatos que organizou a «Marcha da Indignação», estiveram nas ruas de Lisboa 100 mil professores, enquanto os números da PSP apontam para uma adesão acima dos 85 mil.

As exigências dos professores

O também secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) anunciou ainda a entrega ao Governo, no primeiro dia de aulas do 3º período, de um abaixo-assinado com as posições aprovadas hoje pelos professores.

Entre outras reivindicações, constam a renegociação do Estatuto da Carreira Docente e dos horários de trabalho, bem como a suspensão do processo de avaliação de desempenho até ao final do ano lectivo.

Do rol de iniciativas consta ainda o «Dia D», de debate, no terceiro período, «em que os professores, em todas as escolas e agrupamentos, tendencialmente no mesmo dia e à mesma hora, paralisarão a sua actividade para reflectirem sobre as suas condições de trabalho e de exercício da profissão».

Segundo Mário Nogueira, será promovida uma campanha em defesa do horário de trabalho, com a distribuição de minutas para que seja requerido o pagamento extraordinário sempre que sejam ultrapassados os limites legalmente estabelecidos, quer em actividade lectiva ou não lectiva.