Um grupo de cerca de cem trabalhadores da Valorsul foi esta madrugada agredido por militares da GNR quando tentavam impedir a descarga de camiões que levavam o lixo para o aterro sanitário Mato da Cruz, em Bucelas.

«Os membros do piquete foram empurrados, arrastados e esmurrados», disse à agência Lusa Delfim Mendes, classificando a acção da polícia como «ilegal e desproporcionada».



«As forças policiais investiram contra o piquete de greve que tentava impedir a entrada dos camiões», descreveu Delfim Mendes, adiantando que depois «houve de tudo um pouco», disse à agência Lusa Delfim Mendes, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas (SINQUIFA).

Na sequência destes acontecimentos, um grupo de trabalhadores vai deslocar-se esta segunda-feira ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa, para exigir a retirada da polícia do aterro de Mato da Cruz.

«Vamos deslocar-nos hoje de manhã ao Ministério da Administração Interna (MAI) para exigir a retirada das forças policiais do aterro porque o que está em causa não são questões de ordem pública, mas sim laborais», disse à Lusa

Segundo o sindicalista, em face da confusão e depois de uma conversa entre elementos do sindicato e os encarregados da Valorsul, chegou-se há conclusão que não havia condições para que o lixo fosse descarregado e os camiões voltaram para trás cerca das 4h00.

Delfim Mendes disse à Lusa que a situação está agora «mais calma», mantendo-se no local elementos da GNR e do piquete de greve.

Contactado pela agência Lusa, o comando-geral da GNR confirmou apenas ter havido um pedido, dirigido ao Regimento de Infantaria de Lisboa, de «reforço do pelotão operacional» no terreno.

Também contactada pela Lusa, fonte do gabinete de Comunicação da Valorsol remeteu para mais tarde esclarecimentos sobre os incidentes da madrugada.

Os trabalhadores da Valorsul estão em greve desde terça-feira e por tempo indeterminado, reivindicando um aumento salarial de 3,7 por cento (a empresa oferece entre dois a 3,3 por cento, em benefício dos trabalhadores com remunerações mais baixas) e protestando contra a intenção da administração de reduzir o tempo de descanso entre turnos de 12 para oito horas.

Hoje, para além do grupo de trabalhadores que se deslocará ao MAI, uma delegação do sindicato será recebida no gabinete do primeiro-ministro e uma segunda delegação deslocar-se-á ao Ministério do Ambiente para, segundo Delfim Mendes, sensibilizar os responsáveis para a «gravidade da situação no aterro».