Taça é tradição. E o FC Porto cumpriu-a. Mesmo obrigado a esforços redobrados, selou diante do Varzim a passagem às meias-finais, onde vai receber Académico de Viseu ou Canelas.

Sem Corona, castigado, e Pepe e Nakajima, lesionados, Sérgio Conceição manteve apenas quatro titulares em relação ao jogo frente ao Moreirense para a Liga: Mbemba, Otávio, Uribe e Soares.

Nesta tarde fria e chuvosa de inverno, o Dragão só aqueceu quando aos 28m Soares encontrou o caminho do golo. Aos 36m, Hugo Soares responderia com uma bomba de livre, com Diogo Costa a parecer mal batido. E cinco minutos depois Marcano foi lá à frente para desviar de cabeça e levar o FC Porto a vencer ao intervalo.

Em termos substanciais, o jogo resume-se a estas três linhas e nestes três golos. A tradição haveria de se cumprir em duas penadas.

A segunda parte foi morna, também porque Sérgio Conceição ajustou a equipa ao ímpeto de um adversário que nem parecia jogar fora e num escalão inferior. Ao intervalo, tirou Saravia exposto à velocidade de Lumeka, trocando Manafá para a direita (com Telles a entrar para a esquerda). Aos 64m, lançou Romário Baró (substituindo Fábio Silva) para reforçar a zona central do meio-campo, trocando o 4-4-2 pelo 4-3-3.

A última alteração haveria de ser para estrear Vítor Ferreira, que na véspera foi incluído na equipa principal.

Se de FC Porto estamos arrumados, falta, porém, falar do Varzim. A filial número 1 do FC Porto vai pouco à casa nova dos dragões. Depois de 50 confrontos, o único desde 2003 havia sido na época passada, numa derrota por 4-2 na Taça da Liga. Como curiosidade: a única vitória varzinista em casa do FC Porto já fez mais de meio século – 1-0 nas Antas, em 1969.

Esta noite, voltou ao Dragão, pela segunda vez, e foi um adversário ainda mais duro para os azuis e brancos.

A equipa de Paulo Alves trocava bem a bola, causou perigo nas transições e manteve o jogo em aberto até ao o final. Em suma, é notícia uma equipa da II Liga dar bastante mais trabalho na casa de um grande do que a esmagadora maioria das equipas do escalão principal. Um orgulho para os mais de mil ruidosos adeptos que viajaram da Póvoa e que no final aplaudiram a equipa.

Fazem falta equipas assim ao futebol português, com bom futebol, com história e com adeptos.

Sabem aquela frase feita repetida «ad nauseam» a cada reportagem de televisão de «a tradição já não ser o que era»? Pois, é estafada e, neste caso, nem sequer faz sentido.

Faltam mais clubes com tradição à I Liga. Às vezes, é preciso um jogo da Taça para nos fazer perceber quanto.