O Benfica continua vivo na Taça da Liga, após vencer em Arouca por 2-0, mas não foi capaz de afastar, em definitivo, os fantasmas que teimam em pairar sob a equipa. Roger Schmidt também não ajudou, ao apostar num sistema híbrido que confundiu mais do que ajudou a desequilibrar o adversário, mas o talento de Angel Di María sobrou para mascarar as inseguranças encarnadas. Depois, das trevas, ressurgiu Arthur Cabral, que disse presente num momento conturbado do brasileiro na Luz.

FILME DO JOGO

No recanto da Serra da Freita, lobos e águias procuravam um refúgio para lamberem as feridas das últimas batalhas perdidas e, durante o processo de cura, fazer da Taça da Liga uma espécie de elixir que lhes garantisse um alento renovado para encararem os desafios exigentes que os aguardam ao virar da esquina.

Os arouquenses, cientes de que uma vitória os colocaria na Final Four da prova, não foram em poupanças, com a crónica troca de guarda-redes a destoar. Já Roger Schmidt não quis mexer na baliza, mas surpreendeu ao lançar Morato no eixo defensivo, com António Silva a fechar à direita muitas das vezes em que o Arouca atacava e Fredrik Aursnes como ala esquerdo. Gonçalo Guedes também foi chamado ao onze, para vaguear no ataque, onde apareceu Di María, de regresso à titularidade.

Enredado numa teia tática que demorou a decifrar, o Benfica foi desequilibrando na primeira parte muito às custas do rasgos de genialidade de Angel Di María, um tratado com a bola nos pés, que só Gonçalo Guedes parecia ser capaz de acompanhar, ainda que sem grande convicção.

Perante um adversário que mostrava algumas hesitações quando perdia a bola – não foram raras as vezes em que Aursnes e Morato definam no momento os seus posicionamentos na ala esquerda – o Arouca estava a uma transição rápida de causar sérios problemas a uma águia desconfiada de si própria, com António Silva, ora lateral direito, ora central, a ser o expoente dessa insegurança.

Aos 18 minutos, os lobos lá conseguiram furar a defesa encarnada em velocidade, mas Trezza foi desastrado no momento do remate. Essa ineficácia custou-lhes caro, uma vez que Di María não demorou a inventar o 1-0, dando algum aconchego a um Benfica que, até ao intervalo, nunca conseguiu disfarçar um certo desconforto posicional nas suas movimentações coletivas, com e sem bola.

Roger Schmidt não mexeu ao intervalo, ao contrário de Daniel Ramos, que trocou de laterais (Weverson por Milovanov) e lançou Cristo para o ataque, uma aposta que começou por causar alguns calafrios aos encarnados e que ganhou uma vida extra ao minuto 54, quando João Mário viu um golo ser-lhe anulado por fora de jogo de Gonçalo Guedes. Nesse instante, o técnico das águias remodelava o ataque com as entradas de Tiago Gouveia, Casper Tengstedt e Athur Cabral, mas era o Arouca quem, ainda assim, se lançava com mais perigo em busca do empate, apesar de pouco assertivo na hora do remate.

O golo da tranquilidade encarnada acabaria mesmo por surgir, aos 74 minutos, por Arthur Cabral, que arrancou, destemido, desde o meio-campo para fazer o 2-0. Um momento importante numa fase delicada do brasileiro na Luz, que deitou por terra as ambições arouquenses em evitar a derrota.

As portas da Final Four da Taça da Liga escancaram-se para o Benfica, que procurará selar o apuramento na receção ao AVS, a 21 de dezembro. Até lá, porém, tem coisas mais importantes com que se preocupar. E pelo que se viu em Arouca, o melhor é aplicar-se ao máximo nelas.