O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

BRUNO CARVALHO, KSK HEIST (BÉLGICA)

«Olá a todos.

O meu nome é Bruno Carvalho, tenho 27 anos e iniciei a minha carreira no futebol aos nove. Nesta altura, represento o KSK Heist da Bélgica.

Comecei a jogar no clube da minha cidade, o Vilafranquense , de seguida passei sete anos num grande clube como é o Sport Lisboa e Benfica, em que acabei por ser campeão em todas as categorias, inclusive campeão nacional de Juniores.

Nesta equipa do Benfica estavam presentes Manuel Fernandes (Besiktas) e João Coimbra (Estoril), entre outros. Era uma geração com muito valor, sem dúvida alguma.

Acabei a formação no Futebol Clube Alverca. Fiz uma excelente época e isso levou-me a assinar contrato profissional com o clube e poder participar da Segunda Liga. Tal não veio a acontecer pois, por motivos financeiros, o Alverca acabou por não poder inscrever a equipa.

Virando esta página, iniciei então a minha carreira como sénior na Associação Deportiva do Carregado, onde passei dois anos e onde garantimos a subida à 2ª Divisão B, um feito histórico para o clube. Posteriormente aceitei uma proposta do Operário, clube dos Açores que disputava esse escalão. Foi uma experiência que me ajudou a crescer em vários aspetos, gostei muito e fiz amigos para toda a vida. 

De seguida surgiram mais dois clubes: o Olivais e Moscavide, de que prefiro não falar devido aos problemas que os jogadores enfrentaram, e o Caniçal da Madeira, onde tive prazer em jogar e onde conheci excelentes pessoas. Nada faltava aos jogadores.

Terminada a minha experiência pela ilha da Madeira recebi um convite que jamais poderia rejeitar: falo do Sporting Clube Farense, um clube que conhecia desde pequeno pois Faro foi uma cidade onde passei grande parte das minhas ferias de Verão com a família.

Foi um ano em que tudo nos aconteceu, infelizmente, em que perdemos o nosso treinador Joaquim Sequeira, um grande homem e amigo que tantas saudades nos deixa. A época, por vários motivos, não correu como queríamos e acabámos por descer à III Divisao Nacional. Foi uma época sem dúvida triste por tudo o que aconteceu .

Na época seguinte voltei a Lisboa mais propriamente ao Atlético Clube de Portugal, um clube em que fui muito bem recebido e que me ajudou bastante a nível profissional. Numa 2ª Liga exigente, em que poucos contavam com o Atlético, conseguimos liderar a Liga por algum tempo. As nossas exibições e conquistas de pontos colocaram o clube, equipa técnica e jogadores em destaque.

Tive o prazer de ter sido o primeiro jogador do Atlético a marcar nas Ligas profissionais após muitos anos de ausência. Foi meia época muito boa a todos os níveis, o que me proporcionou um transferência para o Royal Antwerp.

Foi assim que, no dia 1 Janeiro de 2012, cheguei à Belgica acompanhado pelo minha namorada que sempre me apoiou e ajudou bastante desde o inicio. Foi uma mudança complicada, desde logo pela língua e pela diferença de clima.

Posso-vos contar que os primeiros tempos foram difíceis pois em Antuérpia fala-se holandês e, para além disso, tive a infelicidade de me lesionar com alguma gravidade ao quarto treino. Fiz a minha estreia apenas a 11 de março, dois meses e meio após a chegada. Foram momentos complicados, em que o apoio da minha namorada foi fundamental.

Depois da tempestade veio a bonança e acabei por jogar o resto da época sem problemas. O clube queria subir à primeira liga da Bélgica mas tal não foi possível. Na época seguinte, tudo correu bem a nível individual mas a equipa voltou a falhar a promoção. Foi uma época em que tive o prazer de receber um convite para ser o jogador dos adeptos, algo que aceitei de pronto.

O Royal Antwerp é o clube mais antigo da Bélgica, com muitos anos de história, em que os adeptos são sem dúvida a sua força maior. Simplesmente fantásticos!

Neste momento estou no KSK Heist, emprestado pelo Royal Antwerp (foi a melhor decisão depois de terem chegado vinte novos jogadores). Este é um clube de dimensões menores mas em que o grupo de trabalho se conhece há muitos anos. É mais familiar, sem grandes pressões, em que o objetivo é a manutenção na segunda liga.

Estou em final de contrato com o Royal Antwerp portanto ainda não sei como vai ser o meu futuro. Numa primeira análise, penso que o regresso a Portugal pode ser o próximo passo mas teremos de esperar para perceber isso melhor.

Até breve,

Bruno Carvalho»