Setembro de 1995.

O Benfica já tinha perdido o título nacional para o FC Porto e estava em processo de autodestruição acelerado. Artur Jorge tinha abandonado o clube depois de um ano, mais uns pozinhos, de desmantelamento de uma equipa campeã e péssimos resultados desportivos.

Mário Wilson tinha sido a solução de recurso para tentar salvar um clube que, ao fim de quatro jornadas, caminhava na quarta posição, já a quatro pontos do FC Porto.

No final da época, refira-se, acabaria no segundo posto, a onze pontos do campeão. Não foi mau de todo, portanto. No ano anterior, com Artur Jorge, tinha acabado em terceiro a quinze pontos do campeão FC Porto: o que era significativamente pior, claro.

Mas enfim, voltando ao essencial, o Benfica estava em processo acelerado de autodestruição e Hélder Cristóvão não se incluía nesse lote. Tinha agarrado um lugar a titular na Seleção Nacional e tinha a ambição de se afirmar no melhor central português.

Foi neste contexto que recebeu a TVI em casa para mostrar como era fora dos relvados. O que deu oportunidade para perceber que nessa altura, ainda sem filhos biológicos, transportava todo o amor paternal para Goofy: um cão de um mês, que fazia a felicidade do central.

Aos 24 anos, e depois de ter começado a jogar no Tires e de ter passado pelo Estoril, o antigo internacional português recordava também o dia em que tentou a sorte no Sporting, mas não foi aceite nas camadas jovens leoninas, e a primeira vez que visitou Angola, onde tinha raízes, para experimentar logo as agruras da guerra.

Tudo aconteceu num jogo da Seleção Sub-21, quando Portugal defrontava Angola e de repente se ouviu uns estouros. Hélder até pensavam que eram foguetes, até ver um militar deitado no relvado depois de ser atingido a tiro e Paulo Torres a correr em direção ao balneário.

Enfim, histórias de outros tempos, de uma reportagem que ainda visita o Benfica da altura para ouvir o que João Pinto, Preud’homme, Kenedy ou Aílton tinham a dizer sobre Hélder.

«Coitado, dá pena.»

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