O presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, acusou o primeiro-ministro de, «numa lógica quase estalinista», ter-se indignado com algo «que não aconteceu», aludindo a declarações sobre a morte de dois bebés a caminho do hospital, informa a agência Lusa.

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«É insuportável a forma demagógica, populista, como o senhor primeiro-ministro está a fazer política em Portugal», afirmou, acrescentando ter visto domingo José Sócrates «indignado porque a oposição estaria a utilizar a desgraça decorrente da morte de duas crianças infelizes [em Anadia e Viseu], em circunstâncias ainda por apurar».

Luís Filipe Menezes disse não ter visto «nenhum dirigente da oposição, do PCP, do CDS e do PSD a utilizar essas mortes, que são lastimáveis, mas que ninguém pode provar que estejam ligadas ao problema do fecho dos serviços de saúde».

«O Governo deveria, com humildade, discutir esta problemática da reorganização dos serviços de saúde com todos os autarcas, com a sociedade civil, com o Parlamento e procurar consensualizar politicamente no país um modelo que sirva a toda a gente» e onde todos possam confiar, defendeu.

Elogios a Cavaco Silva

Luís Filipe Menezes aproveitou, ainda, para elogiar o trabalho do Presidente da República, Cavaco Silva, por ter encontrado uma nova forma de assumir o mandato num sistema semi-presidencial, mesmo sem ter havido alteração da Constituição.

«Todos tínhamos ideia de que o sistema semi-presidencial provocava desequilíbrios, instabilidade, que era responsável por quedas de Governo, dissoluções de Parlamento, por pouca actividade no apoio à acção dos Governos e dos executivos nacionais», afirmou.

Na sua opinião, em dois anos de mandato, Cavaco Silva «está a demonstrar que um sistema semi-presidencial pode ter virtualidades». «Por um lado, ouvir as populações, dar-lhe voz, mas também ser maduramente solidário com o governo em funções, sempre que é necessário», sublinhou.

Luís Filipe Menezes defendeu que, de futuro, com a revisão constitucional de 2009, deverão ser perspectivados, «sem alterar a lógica do sistema semi-presidencial, alguns reforços dos poderes presidenciais consentâneos com a postura deste Presidente da República».