Só em 2007, ano em que se fiscalizaram 16.110 empresas, o número de empregados que saiu de situações não declaradas, dissimuladas ou a termo ilícito foi de 4.006.
Os dados, avançados esta quarta-feira pelo Inspector-geral da ACT, Paulo Morgado Carvalho, apontam ainda para coimas aplicadas, em 2007, no valor de 4,883 milhões a empresas que não cumpriam os seus deveres perante os trabalhadores.
Já quanto à média, no período de 2003 a 2007 de sancionamentos por infracções detectadas em inspecções desenvolvidas no âmbito do trabalho não declarado e precário ilegal, a ACT informa que a mesma correspondeu a coimas de 26 milhões de euros.
«Recordemos que a intervenção inspectiva não se esgota nas visitas realizadas às empresas, mas pressupõe todo um trabalho posterior de análise de indícios e de prova, realização de procedimentos e actos acessórios inclusive com a fase judicial dos processos contra-ordenacionais», disse no Parlamento, Paulo Morgado de Carvalho, ouvido no âmbito da Comissão de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública.
Fiscalizar «não chega»
O porta-voz da ACT reconheceu que o trabalho não declarado «tem vindo a crescer nos últimos três anos» e que a autoridade tem meios limitados para actuar em todas as situações.
Para já, a autoridade vai integrar cem novos quadros (face aos 280 actuais), mas o reforço não é solução para todas as respostas: «Temos incrementado a actividade sancionatória, mas ela continua a existir. Continua a haver um desfasamento», avançou Paulo Morgado Carvalho.
Embora reconheça que as coimas referentes à legislação laboral «são pesadas», o responsável da ACT explica que, independentemente da acção fiscalizadora, «é preciso mudar mentalidades» e apela, mesmo assim, a um agravamento das penalizações.
«É preciso adequar a fiscalização à realidade», refere ainda o responsável.
Inspeccionar 36 mil postos até 2010
No plano de acção inspectiva para o 2008-2010, a ACT identifica como prioridades «o contributo para a eliminação do trabalho não declarado e irregular e as garantias associadas ao trabalho digno».
No documento do organismo, refere-se ainda o objectivo de inspeccionar 36 mil postos de trabalho.
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