O Governo vai enfrentar a oposição e defender a sua estratégia, apesar da crise generalizada que abalou a economia nacional e não só.

O primeiro-ministro, José Sócrates, esclarecerá no Debate da Nação desta quinta-feira, que medidas de apoio tem contra a crise, aprofundando os anúncios feitos há cerca de uma semana.

Em entrevista à «RTP», José Sócrates admitiu que «as famílias estão ameaçadas e sofreram um enorme impacto nos seus orçamentos pela subida dos juros e combustíveis. É preciso fazer alguma coisa para reduzir os custos com a habitação», disse.

Por isso mesmo, anunciou, o Executivo vai apresentar um pacote fiscal no Parlamento. Uma das medidas passa por «aumentar significativamente a dedução fiscal no IRS das famílias mais carenciadas, dos primeiros escalões, relativamente às despesas com habitação».

José Sócrates defende igualmente que essas deduções sejam progressivas, consoante os rendimentos do agregado familiar, e não iguais para todos como agora.

Sem saber ao certo quantas famílias serão afectadas, o primeiro-ministro limitou-se a dizer que espera que sejam «muitas».

Outra das medidas é alterar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI).

Traídos pela conjuntura mundial

Quanto as contas públicas estabilizaram, nada fazia prever a depressão que se tem vindo a sentir, motivada pela crise do «subprime», a escalada do preço dos combustíveis e as mexidas na taxa de juro. O Governo vai enfrentar esta quinta-feira as críticas e tentar dar esperança a um País fragilizado.

Se, por um lado, Sócrates deverá repetir o discurso de que a conjuntura negativa é mundial e o Governo lhe é alheio, a oposição vai apontar o dedo a políticas do Executivo, nomeadamente a condução de projectos de obras públicas de relevo, como o TGV e o novo aeroporto-já criticados pela actual líder do PSD, Manuela Ferreira Leite.