Os parceiros sociais saíram satisfeitos da reunião de concertação social, onde foi assinado um acordo tripartido em torno do novo Código do Trabalho.

Apesar da CGTP ter batido com a porta, ao abandonar a reunião logo de manhã, a verdade é que a UGT, liderada por João Proença, manteve-se até ao fim e acabou por congratular-se com o acordo.

«Este é um acordo bom para os trabalhadores», disse o líder da União à saída da reunião. «Foi um processo duro e de discussão sindical mas teve bons resultados. Achamos que se introduziram alterações significativas e que a revisão do código é essencial. Este acordo vem no bom sentido e terá um impacto social e económico significativo», reforçou o dirigente.

Para João Proença o que está em causa é a luta pelo trabalho digno em Portugal. «Este acordo responde ao combate à precariedade laboral, reforça a negociação colectiva sem vazios e melhora os instrumentos de reforço da lei», acrescentou.

O secretário-geral da UGT reagiu ainda ao abandono da CGTP na reunião de concertação. «Infelizmente não estamos unidos. Desde a década de 90 que não há união na concertação a este nível», sublinhou.

Recorde-se que o Governo recuou na proposta de incluir o despedimento por inadaptação funcional da revisão do Código do Trabalho, precisamente para permitir que a UGT assinasse o acordo.

Patrões: uns mais satisfeitos que outros

Já os patrões garantiram que não houve alterações significativas mas reconheceram a importância do acordo laboral.

Para o presidente da Confederação do Turismo, José Carlos Pinto Coelho, foi reconhecido que o turismo tem características diferentes. «Futuramente vai haver uma nova legislação relativamente aos contratos a termo, mas achamos que este acordo melhorou algumas coisas e, por isso, tem mérito», disse depois de reconhecer que «o trabalho global é bom e estamos contentes».

Já a Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) que entrou com reservas na reunião, acabou por subscrever o acordo, reforçando que este é o «código possível».

«Foram tapados buracos para poder reduzir a precariedade mas a competitividade internacional vai obrigar-nos a insistir mais na relações laborais», disse o presidente da CIP, Francisco Van Zeller.

«Havia más interpretações mas conseguimos corrigir cerca de 40 alíneas que eram essenciais. Conseguimos uma negociação colectiva e conseguimos mais flexibilidade no contrato de trabalho e na relação patrões/trabalhadores, o que é uma vantagem», acrescentou o mesmo responsável.

Por fazer fica ainda «a capacidade de pudermos rescindir com o pessoal que já não nos serve e os despedimentos colectivos», frisou.

CAP voltou e saiu satisfeita

Quem também saiu contente da reunião, depois de ter regressado à sede de concertação foi a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) que garantem ter vindo a trabalhar neste acordo.

«Congratulamo-nos por ter regressado aqui e assinado este acordo. Foi bom estar aqui e achamos que é um acordo positivo para o sector agrícola. Por isso, estamos contentes», realçou o presidente João Machado.

«Vamos ter uma reunião para a semana com o primeiro-ministro sobre a matéria agrícola. Continuaremos a negociar com o primeiro-ministro e estamos confiantes que vai ser mais fácil negociar com ele do que com o ministro da agricultura», adiantou.

Já a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) garantiu que este código do trabalho muda algumas coisas mas «não vem resolver os problemas do país».

«Penso que este não era o momento mais propício para o fazer, mas é forçoso que haja um país unido. Não estamos 100% satisfeitos mas pensamos que há aqui um compromisso entre as partes e só por isso valeu a pena», rematou o presidente da CCP, João António Silva.