De acordo com informações recolhidas pelo PortugalDiário, nos depoimentos que prestou em Novembro de 2006, a ex-companheira do presidente do Futebol Clube do Porto (FCP) acrescenta que o FCP deixou de receber verbas que foram parar às contas do seu presidente.
De acordo com a autora do livro «Eu, Carolina», a venda dos jogadores do FCP era intermediada por um empresário, aludindo a um «acordo» entre este e o presidente dos azuis e brancos «de modo a enriquecerem ilegitimamente».
Segundo Carolina, além da comissão respeitante à venda dos jogadores, o empresário receberia determinada percentagem que seria paga por fora a qual depois dividiria com Pinto da Costa.
Comissões pagas em notas e em relógios de colecção
Carolina exemplificou com as transferências de oito jogadores do Porto para clubes europeus.
Referiu ainda que os montantes recebidos por Pinto da Costa lhe foram sempre pagos «em notas de euro e em relógios de valor elevado, alguns de colecção, montantes que estima em vários milhões de euros».
As notas terão sido transportadas em «pasta tipo diplomática», sendo o dinheiro posteriormente depositado por Pinto da Costa em contas no estrangeiro, nomeadamente num banco privado «que não se percebe que é banco» em Genebra, na Suiça. Tal aconteceu, segundo a ex-companheira do presidente do FCP, durante a época 2003/04, aquando da reunião do G14, reunião dos 14 clubes mais influentes.
Nessa deslocação ao banco de Genebra também terá levantado dinheiro para abastecer a gaveta da cómoda que havia na casa de ambos e que estaria sempre cheia de notas para pagamentos que Pinto da Costa não queria que ficassem registados.
Imobiliária criada para «lavagem de dinheiros»
Carolina Salgado denunciou ainda que foi criada uma imobiliária sem existência de facto e que servia para «lavagem de dinheiros» provenientes de vendas e compras de jogadores do FCP. A referida empresa fictícia seria igualmente utilizada na intermediação da compra e venda de imóveis que hospedavam imigrantes brasileiras que se dedicavam à prostituição.
De acordo com Carolina Salgado, a imobiliária servia também como «museu particular» de Pinto da Costa, sendo aqui que o líder portista guardava obras de arte, avaliadas em dezenas de milhões de euros. «Ao que pensa a maioria dessas obras terão proveniência ilícita, sendo que a compra de algumas delas servia também para escamotear ou melhor, branquear, capitais provenientes de negócios ilícitos», acrescentou a testemunha.
Todas denúncias motivaram a abertura de um inquérito ainda em curso.
Várias certidões destes depoimentos foram inseridas nos diversos processos por difamação movidos pelos visados no livro «Eu, Carolina», designadamente no processo que o médico Fernando Povoas moveu contra a ex-companheira de Pinto da Costa, e que já foi arquivado.
A junção destas certidões aos processos por difamação foi determinada pela equipa coordenadora do Apito Dourado por entender que aquelas podiam ser relevantes para os processos pendentes.
Contactado pelo PortugalDiário, o presidente do FCP informou através do assessor que «a autora de tais declarações não merece a mínima credibilidade», acrescentando que «as eventuais declarações dessa senhora são perfeitamente descabidas, pelo que indignas de qualquer comentário».
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