Os sindicatos esperam uma grande adesão à greve nacional da Função Pública e estão convictos de que a paralisação, marcada para quinta e sexta-feira, «vai ser uma das maiores de sempre» na Administração Pública.

O protesto promete parar os serviços do Estado e as consequências directas serão muitas: «Milhares» de serviços públicos e escolas estarão encerrados; muitas câmaras municipais fechadas; os hospitais e centros de saúde funcionarão a meio gás, mas serão assegurados os serviços mínimos. A recolha do lixo também não será feita em muitos concelhos.

Para além do sector da Saúde, os sindicatos garantem ainda que os serviços mínimos estão confirmados nos cemitérios, durante os funerais, e nas câmaras municipais que fazem a distribuição de água e electricidade.

Some-se a tudo isto, uma nova greve no Metropolitano de Lisboa, e o dia de quinta-feira promete ser muito complicado para a maioria dos portugueses.

As razões do protesto

O protesto foi convocado pela Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, afecta à CGTP. A que se associaram, mais tarde, o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e a Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), ambos afectos à UGT.

«Se a contestação que temos encontrado nos vários plenários se concretizar e se a postura de zanga e repulsa se acentuar, estamos em crer que vai acontecer uma das maiores greves de sempre na Administração Pública», preconiza ao PortugalDiário, Nobre dos Santos, líder sindical da Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), afecta à UGT.

Os dois dias de greve são «um grito de alerta e de protesto» e, segundo Nobre dos Santos, «são muitas e variadas as razões» para os funcionários públicos pararem.



O aumento das contribuições para a ADSE; o prolongamento do congelamento das progressões nas carreiras; a lei da mobilidade; a revisão do sistema de vínculos, carreiras e remunerações e «insuficiente» aumento de salários, são as principais razões avançadas pelos sindicalistas.

«É estranho que um Governo que se diz democrático tente a imposição em vez da negociação», acusa Nobre dos Santos.

Também, Ana Avoila, coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública, afecta à CGTP, diz esperar um protesto muito participado, porque «todos os trabalhadores entendem e concordam com os objectivos da greve porque já perderam a maior parte dos direitos que tinham».

«Esta não é uma greve de indignação, mas sim de protesto, que tem como objectivo forçar o Governo a recuar», sustenta Avoila.

A sindicalista adverte ainda que «estão para aparecer» mais decisões do Governo «extremamente graves» para os trabalhadores da Função Pública e que podem levar a novos protestos.

«Não é uma greve selvagem»

Os sindicatos admitem que o protesto vai provocar transtornos, mas recusam estar a seguir uma «política de terra queimada».

«Não estamos numa greve selvagem para prejudicar as pessoas. Esta greve serve para protestar contra as políticas do Governo», remata Nobre dos Santos, lembrando que só em Lisboa foram distribuídos 250 mil prospectos para explicar as razões da paralisação.