A administração da Valorsul acusou esta segunda-feira os grevistas que têm impedido o acesso de camiões do lixo ao aterro de Mato da Cruz de coagirem os colegas e negarem o «direito ao trabalho», escreve a Lusa.

«Se existe o direito à greve, existe também o direito ao trabalho. A função de um piquete de greve é elucidar e não coagir os trabalhadores», declarou o presidente do conselho de administração (PCA) da Valorsul, António Branco.

O administrador afirmou que no aterro de Mato da Cruz, uma das cinco instalações que compõem o sistema de tratamento e valorização de resíduos da Valorsul, «uma larga maioria de trabalhadores pretende exercer o seu direito ao trabalho, que lhes está a ser negado».

«Dos 22 trabalhadores do aterro, apresentam-se normalmente ao serviço 18 a 20», acrescentou, sublinhando que o piquete de greve «está mais ligado à central de incineração, que está efectivamente parada».

Sobre os incidentes da madrugada de hoje entre a GNR e cerca de 100 elementos do piquete de greve que impediram os camiões do lixo de descarregar - recebendo em troca agressões físicas por parte dos militares, de acordo com os grevistas - António Branco justificou que a Valorsul solicitou a presença das autoridades policiais para garantir o acesso ao aterro.

«A situação tem-se repetido nos últimos dias e o acesso ao aterro tem sido realizado com intermitência, porque as instalações têm sido abertas e fechadas», salientou, notando que «não há resíduos acumulados nas ruas», nem qualquer «passivo ambiental».

Os trabalhadores da Valorsul estão em greve desde terça-feira e por tempo indeterminado, reivindicando um aumento salarial de 3,7 por cento (a empresa oferece entre dois a 3,3 por cento, em benefício dos trabalhadores com remunerações mais baixas) e protestando contra a intenção da administração de reduzir o tempo de descanso entre turnos de 12 para oito horas.