Mais de cinco mil trabalhadores da Administração Local juntaram-se, na tarde desta quarta-feira, no Terreiro do Paço, para protestaram contra o novo diploma de vínculos, carreiras e remunerações da Função Pública.

Carlos Grilo (membro da Direcção Regional de Lisboa) e Helena Afonso (membro da Comissão Executiva da Direcção Nacional do STAL) começaram a discursar contra as políticas «com contornos fascistas» do Governo e a entrega dos «serviços públicos aos privados», o que representa uma «ameaça». Segundo Carlos Grilo, os governos do PS e do PSD são os «responsáveis pela situação do país».

Já Helena Afonso afirmou que o Governo «alterou a lei de vínculos e remunerações da Função Pública» sem ter em conta «as opiniões dos sindicatos». Esta lei, segundo disse, «põe em causa a democracia e tira direitos aos trabalhadores» tanto no plano laboral como no plano social.

O presidente do STAL, Francisco Santos Braz, falou da falta de diálogo do Governo que, segundo disse é «arrogante e prepotente», e da falta de respeito pelos compromissos assumidos com os sindicatos.

Os manifestantes aprovaram, ainda no Terreiro do Paço, uma resolução que foram entregar no gabinete de José Sócrates, no qual se disponibilizam para o «diálogo e a negociação efectiva e transparente», mas reafirmam disponibilidade para continuar a luta pelos seus direitos.

O desfile, promovido pelo Sindicato Nacional de Trabalhadores da Administração Local (STAL), integrou trabalhadores de vários pontos do país, ao som de palavras de ordem contra o Governo e as suas políticas, como «é preciso, é urgente uma política diferente» ou «serviços públicos sim, privatizações não».

Em defesa da revisão intercalar dos salários e da estabilidade do emprego, os protestantes insurgiram-se contra o despedimento dos trabalhadores com contrato individual, o congelamento de escalões, a imposição de quotas no sistema de avaliação e o aumento da idade da reforma, rumo à residência oficial do primeiro-ministro, em S. Bento.

A encerrar o discurso, Francisco Braz disse que esta luta «é difícil, exige unidade e esforço mas o Governo tem de mudar». Já Helena Afonso afirmou que o Governo «não ficará indiferente a este movimento de luta».

Segundo Francisco Brás, presidente do STAL, terão aderido ao protesto mais de 10 mil trabalhadores, no entanto, fonte da PSP indicou ao PortugalDiário que os manifestantes rondaram os cinco mil.

O STAL alugou cerca de 90 autocarros para transportar os trabalhadores que vieram a Lisboa para participar na manifestação, segundo Francisco Braz.