«Não faço promessa nenhuma. A promessa é que sou o José Mourinho e o José Mourinho trabalha bem, dedica-se até ao limite, cria empatias com quem trabalha. Vou ser igual a mim próprio». Esta frase podia resumir a apresentação do novo treinador do Real Madrid. Foi, assim, um José Mourinho igual a ele próprio: frontal, sem hesitações, directo, sem subterfúgios, incisivo e, acima de tudo, extremamente coerente.

Não foi uma apresentação «hollywoodesca», estilo Florentino Pérez, como aconteceu com Kaká e Cristiano Ronaldo. Logo aí Mourinho deixou a sua marca. O primeiro dia de Mourinho foi como Mourinho quis, sem deixar de ser espectacular, não só pelo interesse mediático que atraiu, com jornalistas de todo o Mundo, mas sobretudo pelas respostas contundentes com que abordou todos os assuntos, deixando bem vincada a sua personalidade em todas as respostas.

A conferência estava marcada para as 13 horas de Espanha, mas os preparativos começaram bem mais cedo. Os jornalistas portugueses, em bom número, foram os primeiros a apresentar-se, ainda não eram onze horas, junto à porta 55 que dá acesso à sala de imprensa. Sensivelmente à mesma hora, Mourinho chegava ao Bernabéu, no seu Ferrari, na companhia dos seus adjuntos, do seu empresário e de um funcionário do Real Madrid.

O número de jornalistas foi aumentando com o aproximar das 13 horas. Chegaram italianos, ingleses, muitos espanhóis, obviamente, e ainda um irlandês e um japonês. Ao todo, mais de duzentos, contando fotógrafos e operadores de câmara. Mourinho entrou na sala dois minutos depois das 13, atrás de Valdano, de mãos nos bolsos e passo decidido. Mal se sentou foi «fuzilado» pelo batalhão de fotógrafos que se tinha concentrado junto à bancada, numa luta ombro a ombro na conquista pelo melhor lugar. As máquinas estiveram a disparar sem descanso durante de quatro longos minutos, perante um Mourinho impassível.

Antes da primeira pergunta, pediu desculpa por não falar um castelhano corrente, mas acabou por responder em quatro línguas diferentes: espanhol, português, italiano e inglês. Depois seguiu-se quase uma hora (52 minutos) de perguntas e respostas, com um Mourinho cada vez mais à vontade, terminando a conferência ao seu melhor estilo, com alguma ironia, mas sempre contundente. Saiu com uma passada ainda mais decidida do que tinha entrado, sem atender a um pedido de uma última pergunta ou de uma última foto. Mourinho já está na sua nova casa. O Real Madrid e, sobretudo os adversários, que se preparem. O «El especial» chegou.