O Ministério Público (MP) instaurou um inquérito devido aos incidentes que ocorreram na última noite, na Assembleia-Geral do FC Porto.

«Tendo em conta os acontecimentos sucedidos na assembleia-geral do Futebol Clube do Porto, que teve início no dia 13.11.2023, amplamente divulgados na comunicação social e susceptíveis de integrar infracções criminais de natureza pública, foi determinada a instauração de inquérito, que corre termos no Diap da Procuradoria da República do Porto», pode ler-se no site da Procuradoria Geral Distrital do Porto.

Cronologia de uma noite que fica para a história do FC Porto

A Assembleia-Geral Extraordinária do FC Porto, com vista à deliberação sobre a aprovação dos novos estatutos propostos pelo Conselho Superior, foi marcada por longas filas, falta de organização e cenas de violência. A reunião estava agendada para as 21h00, mas perante a presença de milhares de adeptos, entre os quais André Villas-Boas, ex-treinador portista e provável candidato às eleições do próximo ano, passou do auditório no estádio para o Dragão Arena, o que motivou uma interrupção de 45 minutos.

Depois, assistiram-se a cenas de violência dentro do Dragão Arena e perante um clima de intimidação, muitos associados abandonaram o local. Mas a AG só foi suspensa quando um sócio foi agredido e retirado do local após ter usado a palavra. Por fim, a reunião magna foi cancelada e adiada para dia 20 de novembro.

O FC Porto, diga-se, reagiu já esta terça-feira aos incidentes e condenou os «desacatos entre associados», além de ter anunciado a mobilização de meios para «identificar» os responsáveis pelas agressões físicas.

A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais dez, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio são algumas das mudanças em discussão.

Elaborado pelo Conselho Superior, órgão consultivo do FC Porto, o documento protege a manutenção da maioria do capital social da SAD perante uma eventual entrada de novos investidores, alargando ainda a abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os dragões, desde que salvaguardem o «manifesto interesse do clube».

Qualquer alteração dos estatutos necessitará de dois terços de votos favoráveis para ser aprovada, entrando em vigor no dia seguinte ao da publicação da escritura pública, que deverá ser realizada num prazo de 30 dias junto da Conservatória do Registo Comercial.