Pelo menos já 20 futebolistas que atuam nas equipas principais de vários clubes saíram com lesões, mais ou menos graves, na janela internacional de seleções que está em curso desde a última semana e até à próxima quarta-feira, entre qualificação para o Euro 2024, fases de qualificação sul-americana e africana para o Mundial 2026, Liga das Nações da CONCACAF e jogos de caráter particular ou de seleções jovens.

Uma das mais graves – ou mesmo a mais grave até ao momento – é a do internacional espanhol Gavi, que saiu lesionado ante a Geórgia, no domingo. O Barcelona confirmou, já esta segunda-feira, o pior cenário: rotura total dos ligamentos cruzados do joelho direito, associada a uma lesão no menisco lateral.

A lista de vítimas daquele que já é designado como o «vírus FIFA» é assinalável na quantidade e conta com protagonistas importantes nos clubes. Outro caso de lesão, ainda que não tão prolongada quanto a de Gavi, é a do brasileiro Vinícius Jr, do Real Madrid, que já não volta à competição em 2023. Quem também já não deve voltar neste ano civil e é outra dor de cabeça para o treinador Carlo Ancelotti, é Eduardo Camavinga, que se lesionou nos trabalhos da seleção de França.

Quem também está em alerta desde quinta-feira é o Manchester City, depois dos problemas físicos com Erling Haaland, que saiu com queixas num pé, após um lance no jogo particular entre Noruega e Ilhas Faroé: sobretudo porque há jogo com o Liverpool no sábado, para a Premier League.

Há ainda casos em seleções jovens como o de Fabio Miretti, da Juventus, que já não chegou a 100 por cento aos sub-21 de Itália e acabou dispensado dos trabalhos na última semana. No derradeiro jogo antes da pausa para seleções, Miretti ainda foi titular ante o Cagliari, mas já tinha apresentado dores lombares: jogou 66 minutos.

Na janela anterior de seleções, entre algumas lesões, um dos casos mais graves e mediáticos foi o do futebolista brasileiro Neymar, que levou mesmo o Al Hilal a suspender a sua inscrição.

Veja, na galeria associada, os jogadores que saíram com lesões e problemas físicos dos compromissos nas seleções.

De Neymar a Gavi (e talvez outros): a indemnização que a FIFA poderá pagar

Dando o exemplo dos casos de Neymar (Al Hilal) e mais recentemente de Gavi (Barcelona), que já são certos quanto à gravidade e, por isso, de paragens prolongadas, o Programa de Proteção aos Clubes da FIFA em vigor – de 2023 a 2026 – prevê que os clubes possam ser ressarcidos caso os jogadores se lesionem nas seleções e fiquem impedidos de dar o seu contributo por um longo período.

A FIFA designa os casos de «incapacidade total temporária» [TTD, sigla em inglês]. O programa, que é público, prevê compensações financeiras a clubes caso os jogadores fiquem de fora por «mais de 28 dias consecutivos, como resultado de lesões corporais causadas por um acidente» e vai até ao máximo de «365 dias», ou seja, um ano.

De acordo com o documento, o valor anual máximo alocado pela FIFA neste Programa é de 80 milhões de euros, sendo que o programa «compensa os clubes de futebol até um máximo de 7,5 milhões de euros por futebolista, por acidente» e o valor diário pode ultrapassar os 20 mil euros. «O máximo de 7,5 milhões de euros é calculado com uma compensação diária “pro rata” de até 20.548 euros (1/365), pagáveis por um máximo de 365 dias. A compensação diária máxima está limitada a 20.548 euros por acidente», refere o Programa da FIFA, guiado por determinadas condições, nomeadamente a de que o mesmo «não fornecerá qualquer cobertura para invalidez total permanente ou morte, ou para quaisquer custos de tratamento médico». Também só se aplica a jogadores que se lesionem em jogos ao serviço da seleção principal do seu país.

A compensação a pagar «baseia-se somente no salário fixo que os clubes de futebol paga diretamente ao jogador, como empregador», não incluindo «valores variáveis». Contas feitas, a indemnização máxima – que pode não ser atingida – pode causar alguns prejuízos a clubes, nomeadamente mediante o que for o aspeto salarial.

A FIFA esclarece ainda que a compensação termina quando o jogador estiver apto a voltar aos treinos em pleno e/ou participar nos jogos, quando o contrato do jogador terminar, se o jogador falecer, se a ocupação do atleta mudar, quando o período de 365 dias terminar e quando a compensação máxima por jogador ou a capacidade máxima (os tais 80 milhões de euros) do Programa for atingida.