Tudo porque na altura da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada sobre a dona da TV Cabo, a PT prometeu separar-se da PTM, de forma a convencer os seus accionistas a recusarem a oferta da Sonaecom.
O preço de referência das acções da PT Multimédia será de 9,18 euros, a cotação média ponderada das acções da empresa na sessão de terça-feira (ontem).
O maior accionista da PTM passará a ser a estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) com 15%, seguida do Banco Espírito Santo (BES) com 12,2%, segundo maior accionista da PT, que já disse que quer reduzir a sua posição na PTM.
Já a PT deverá ficar, tal como anunciou recentemente, com 7% da PTM, mas irá vender esta posição dentro de seis meses. Uma posição que já gerou algumas críticas, nomeadamente da Associação dos Operadores de Telecomunicações (Apritel) que considera que a PT e a PTM estão a «atrasar a separação completa». Segundo o presidente da associação, Luís Reis, «aparentemente já há mecanismos que vão perpetuar, pelo menos por mais seis meses, a posição accionista que vai permitir a convergência de interesses da PT na PT Multimédia».
Este mês, a PT sublinhou em comunicado que a referida participação se deve ao mecanismo de retenção na fonte a aplicar no tratamento fiscal do «spin-off».
Mais concorrência no sector
Se o processo avançar conforme o previsto, traz mais concorrência ao sector, já que a partir de hoje a PTM surge independente do grupo PT. Esta nova empresa, que vai manter a sua marca e imagem corporativa até à próxima Assembleia-geral, ou seja, mais três meses, vai assim ter de lidar com novos quadros e desafios.
Para já, certa é a aposta no crescimento orgânico e a permanência das marcas comerciais: TV Cabo e Netcabo. Mas a PTM tem outros trunfos. A dona da TV Cabo quer crescer a nível de base de clientes e expandir os seus negócios. A empresa vai ainda apresentar, até ao final deste ano, um plano estratégico com destaque para a oferta de serviços de «triple-play».
Em cima da mesa estão ainda questões ligadas a uma eventual operação móvel, já que esta terça-feira o presidente da PT Multimédia anunciou que a empresa dona da TVCabo estava a estudar a entrada no negócio.
Uma eventual fusão entre a PTM e a Sonaecom também tem sido equacionada, principalmente pelos analistas, já que uma nova empresa suscita «sempre interesses».
Recorde-se que a PTM é dona do maior operador de cabo em Portugal, com cerca de 80% de quota do mercado.
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