O primeiro-ministro garantiu este domingo que vai manter o sistema de avaliação de desempenho dos professores, contestado sábado por cem mil docentes nas ruas de Lisboa, e manifestou a sua confiança na ministra da Educação, refere a Lusa.
«Não posso recuar naquilo em que acredito e em que estou absolutamente convencido», afirmou José Sócrates aos jornalistas, no final de um encontro de jovens no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
O chefe do Governo assegurou ainda a sua confiança na ministra Maria de Lurdes Rodrigues: «A saída da ministra não está, nem nunca esteve em causa».
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O primeiro-ministro relativizou o número de professores que se manifestaram sábado em Lisboa. «O que me convence não é a força dos números, é a força da razão», afirmou José Sócrates.
Para o chefe do Governo e secretário-geral do PS, a ministra «está a fazer um trabalho muito importante, de mudança» na educação.
«A pior injustiça que se fez nestes vinte anos aos professores foi deixar tudo como estava», acrescentou, lembrando que hoje existe a «progressão quase automática» dos docentes em que «não se premiam os melhores».
O que «está em jogo», afirmou aos jornalistas, «é uma mudança crítica» para Portugal, dado que o sucesso o desenvolvimento do país jogam-se na educação e na escola pública.
Sistema pode ser melhorado
O primeiro-ministro admitiu, no entanto, que o sistema pode ser melhorado e evoluir.
«O sistema de avaliação é um sistema que pode sempre melhorar, que pode sempre evoluir. Estamos disponíveis a ouvir boas sugestões para que os métodos de avaliação melhorem», afirmou.
«É esse trabalho que a ministra está a fazer com as escolas, com os conselhos directivos», acrescentou José Sócrates.
O primeiro-ministro não deu mais pormenores sobre esta disponibilidade para «melhorar» o sistema de avaliação, que abordou ao explicar aos jornalistas uma frase que dissera, momentos antes, aos jovens reunidos no CCB.
Num discurso longo, sobre os «valores» e os «princípios» da sua governação, em que disse dar prioridade à igualdade, Sócrates falou na aposta na educação, criticou os governos que pouco fizeram por esta área e admitiu que se podem cometer erros.
«Quem age pode cometer erros e também pode depois corrigi-los. Quem não agiu, esse é que já cometeu um erro», afirmou José Sócrates, ao definir a educação como um meio essencial para «o desenvolvimento e o sucesso de um país».
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