O PSD lamentou este sábado que o primeiro-ministro se «esconda» num momento em que parece repetir-se na Educação o «filme» da Saúde, enquanto o CDS/PP pediu «bom-senso» e o Bloco considerou «incompreensível» a atitude da ministra, refere a Lusa.

Os partidos da oposição comentavam as declarações da ministra Maria de Lurdes Rodrigues de «não ser relevante» a presença de cerca de 100 mil professores na «marcha da indignação», em Lisboa, e que irá continuar a trabalhar na «procura pelas melhores soluções».

«Já se assistiu a um filme semelhante na Saúde quando a situação se agudizou. O ministro (Correia de Campos) foi lançado às feras para se multiplicar em entrevistas e proteger o primeiro-ministro e depois foi demitido no momento mais adequado», referiu o deputado social-democrata Pedro Duarte.

O porta-voz do PSD para a Educação acrescentou que a decisão de demitir a ministra Maria de Lurdes Rodrigues pertence ao primeiro-ministro José Sócrates e «não se pode fazer futurologia».

70 por cento dos professores na marcha da indignação

Protestos todas as segundas-feiras

«Mas podem-se fazer analogias com o que se passou no Ministério da Saúde, onde o ministro saiu quando se reconheceu que existia desfasamento da confiança dos utentes no Serviço Nacional de Saúde e por maioria de razão, a situação na Educação é mais grave e complexa», acrescentou.

Para Pedro Duarte, a actual governante da Educação «não tem credibilidade e tem um desfasamento muito grande da realidade»

«Por isso já não atribuo grande relevância às palavras da ministra, mas o primeiro-ministro deve dizer o que pensa da manifestação de hoje e não se esconder», concluiu.

Por seu lado, o CDS/PP referiu «nem pedir já a demissão da ministra da Educação, mas apenas bom senso» num momento em que o sector chegou a um «beco sem saída».

«Já toda a gente percebeu que a ministra não tem condições para continuar. Já nem pedimos a sua demissão, pedimos apenas bom senso. A ministra e o primeiro-ministro são teimosos e parecem ter prazer em estar isolados e não mostrar solidariedade com os professores», disse o deputado José Paulo Carvalho, sublinhando o «autismo é isolamento».

Já a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Ana Drago considerou ser «incompreensível» que a ministra desvalorize o número de manifestantes presente na «marcha da indignação», 100 mil, segundo os sindicatos e a PSP.

O PCP escusou-se a comentar as declarações da ministra sobre a manifestação de hoje, em Lisboa.