Benfica e FC Porto apresentaram-se em campo sem grandes surpresas na abordagem ao jogo e nos seus sistemas táticos. Ainda que Di Maria e Neres no mesmo onze encarnado, Baró e Pepê, este último ao lado de Taremi, na formação portista, pudessem não ser as opções mais esperadas, as equipas entraram tal como seria mais previsível.  

Fiéis às suas ideias de jogo, não querendo abdicar do seu registo e tentando impor-se ao adversário. Ambas partindo de um sistema 1-4-4-2 e com intenção de serem pressionantes e não permitiram ao adversário jogar, pelo que se previa um jogo de muito equilíbrio e muita pressão. Ainda assim as duas equipas tiveram nuances de dinâmicas diferentes.

1. FC Porto melhor na pressão e superação da pressão adversária  

O Benfica no momento ofensivo teve os laterais posicionados em zonas altas, os alas (Neres e Di Maria) em zona central e com um médio (normalmente João Neves) a construir baixo na linha dos centrais, seja colocando-se no meio ou abrindo em zona mais lateral.

Já o FC Porto sem bola respondia com um bloco médio-alto compacto: linhas muito bem definidas, linha defensiva alta, corredor central bem fechado e com timings de pressão coletivos bem definidos. Com isto ia controlando o jogo com bola do Benfica e defendendo a sua baliza.

Num segundo momento, Galeno baixava para fazer linha de cinco defesas, para defender Bah e assim tentar controlar melhor o jogo à largura do adversário. Wendell fechava mais por dentro e decidindo os timings que saía para a linha para encostar em Di Maria.

2. Liberdade de Romário Baró confudia o Benfica, que tinha dificuldades na pressão

Pelo contrário o Benfica sentia mais dificuldade na pressão. Isto porque o FC Porto jogava com os laterais mais baixos inicialmente, com muita liberdade para Baró se posicionar dentro, ora numa linha próxima de Varela e Eustáquio, ora mais alto nas costas dos médios do Benfica. Taremi e Pepê também baixavam nas costas dos médios adversários, aproximando-se de Baró, enquanto Galeno jogava aberto para acelerar por fora.

Ainda que o Benfica tenha entrado a pressionar desde os primeiros minutos, foi mostrando algumas dificuldades nesse momento. Isto porque pressionava com as linhas distantes e mais baseado em estímulos individuais. Os médios estavam muito distantes dos avançados, e os alas muito distantes dos médios.

O FC Porto conseguia ligar facilmente com os seus médios, especialmente com Varela (pouca capacidade para Musa e Rafa evitarem esse passe, e Neves e Kokçu pouco pressionantes), que conseguia jogar de frente para a linha media adversária e encontrar jogadores nas costas da linha média benfiquista.

Com isto ia conseguindo ultrapassar a primeira pressão benfiquista, usando o corredor central e num jogo vertical, para encontrar jogadores dentro, onde conseguia acelerar e desposicionar com alguma facilidade a linha defensiva do Benfica.

3. FC Porto fica com menos um, defende com com linha de cinco e Benfica começa a dominar

Ainda que o FC Porto fosse tendo um pouco mais de ascendente e criando mais dificuldades, ameaçando algumas vezes o golo, o Benfica foi tentando explorar bem a velocidade sobre os centrais portistas (jogando altos), acabando por num lance desses resultar na expulsão de Fábio Cardoso (e mais tarde uma falta também de Carmo).

O FC Porto teve de se ajustar, tirou Baró e meteu Zé Pedro para central. Passou a defender em 1-4-4-1 (Pepê passou para a linha média) e em muitos momentos (zonas baixas) em 1-5-3-1. O Benfica começou naturalmente a ter mais domínio, o FC Porto não pressionava tanto e começou a organizar-se em zonas mais baixas, mantendo o bloco compacto, linhas juntas e o corredor central bem fechado.

O Benfica passou a ter mais bola, mas sem colocar o bloco defensivo do FC Porto em desconforto. A circulação era lenta e com muitos jogadores atrás do bloco defensivo do FC Porto. Os médios, e muitas vezes Di Maria e Neres, estavam muito baixos, a receberem a bola fora do adversário. Isto fazia com que o Benfica fosse circulando (de forma lenta) mas sem agredir muito o sistema defensivo adversário.

O FC Porto não sentia, por isso, muito a inferioridade numérica e mantinha alguma capacidade de explorer o espaço nas costas de João Neves e Kokçu, aproveitando a menor intensidade e menor organização da pressão do adversário.

4. Mais ritmo e intensidade com bola e a relação Aursnes/Neres 

Na segunda parte o Benfica entrou de outra forma e conseguiu empurrar o FC Porto para trás. Com isso começou a controlar o jogo totalmente. Aumentou o ritmo e a intensidade de circulação de bola, foi mais intenso e subiu linhas. Os médios estavam mais altos (Kökçü apareceu mais vezes mais alto e perto da área), teve mais gente dentro do bloco do FC Porto (Neres e Di Maria mais altos) e começou a criar muitas dificuldades à estrutura defensiva portista.

O FC Porto mantinha-se baixo, mas tinha agora mais dificuldade em evitar oportunidades de golo e mais dificuldade em sair para contra-ataque. O Benfica estava rápido e mais pressionante no momento de perda, tinha as linhas mais juntas, conseguida manter o FC Porto encostado atrás.

Para isso muito contribui a dinâmica Aursnes/Neres, quase sempre com o mesmo movimento: bola em Aursnes aberto e rutura de Neres por dentro, nas costas de João Mário. Embora já o tivesse tentando na primeira parte, foi na segunda que mais foi explorando e criou mais dificuldades ao FC Porto, que não conseguia defender bem esse movimento.  O FC Porto tentava sair por Galeno em contra-ataque, ou por bolas diretas para Taremi (que abria perto de Galeno), para jogar a partir da segunda bola.

Com o Benfica em vantagem o FC Porto mexeu para arriscar e tentar partir o jogo, dando mais velocidade nas alas. O jogo ficou na parte final mais partido, o FC Porto tentou aproximar-se mais da área adversária, mas sem conseguir criar perigo e o Benfica ia tentando explorar os espaços que o FC Porto dava nesta fase, e controlando o jogo e o resultado.