Apesar do desvio infeliz que ditou o empate, o Sporting mostrou que não se desvia dos canhões ingleses.

Frente ao poderoso Arsenal do líder da Premier League, a equipa de Ruben Amorim conseguiu um empate que até pode deixar um sabor amargo, pela forma como sofreu o segundo golo.

Com mais ou menos subserviência no plano de jogo, o Sporting mostrou que não é carne para canhão, e deixa tudo em aberto para a visita a Londres, embora tenha sofrido duas baixas importantes.

Consciente do poder ofensivo do Arsenal, Ruben Amorim definiu claramente uma linha defensiva de cinco elementos, ao lançar Matheus Reis no lugar de Nuno Santos, e com Esgaio no lado direito (Bellerín lesionou-se no último treino).

Mesmo sem Odegaard ou Partey, o Arsenal cedo assumiu a posse de bola, com Zinchenko a desempenhar um papel preponderante, alternando entre o lado esquerdo da defesa e uma posição mais central, junto de Jorginho, quando a equipa tinha a bola. O Arsenal canalizou jogo sobretudo pela direita, onde tinha Saka bem aberto e Fábio Vieira por perto, a exigir sintonia entre Matheus e Inácio.

Apesar das constantes dificuldades criadas por uma equipa com a dinâmica do Arsenal, o Sporting conseguiu encaixar bem defensivamente, e até teve a primeira grande ocasião de perigo, com Pote a atirar ao lado, logo ao minuto 5.

Acabariam por ser os lances de bola parada a deixar marca na primeira parte. O Arsenal adiantou-se no marcador por intermédio de Saliba, na sequência de um pontapé de canto (22m), e o Sporting respondeu num lance muito idêntico, finalizado por Gonçalo Inácio (34m).

Pelo meio Zinchenko também criou perigo na recarga a um livre direto (27m), e Xhaka ficou a pedir golo num lance, resultante de um pontapé de canto, em que Adán defendeu in extremis (43m).

O Sporting teve Edwards a obrigar Turner a defesa apertada (39m), e à beira do intervalo quase consumava a intenção de aproveitar um erro do Arsenal na primeira fase de construção, mas o desarme de Paulinho não teve sequência, uma vez que Edwards ficou à espera que fosse o português a finalizar, e Turner ganhou tempo para chegar primeiro à bola.

Golos contra a corrente

A segunda parte foi mais repartida, mas começou com o Arsenal a encostar o Sporting às cordas e a criar situações de enorme perigo. Adán negou o golo a Martinelli com uma espantosa mancha, e viu depois Fábio Vieira falhar o alvo por pouco.

Na primeira vez em que passou o meio-campo, na etapa complementar, o Sporting chegou à vantagem, com Paulinho a marcar na recarga a um remate de Pote defendido por Turner (55m).

É verdade que, ao minuto 59, o Arsenal teve uma soberana ocasião para marcar, com St. Juste a fazer um corte festejado como um golo em Alvalade, depois de uma arrancada impressionante de Martinelli.

Mas é justo dizer que o Sporting entusiasmou-se com o golo de Paulinho, e podia ter festejado o bis do avançado português ao minuto 61, quando este apareceu na cara de Turner e tentou colocar demasiado o remate.

Daí que 2-2, que surgiu no minuto seguinte, tenha sido um rude golpe para a equipa leonina, até pela infelicidade do desvio de Morita, após remate de longe de Xhaka.

Depois disto, sem prejuízo de querer ganhar o jogo, Amorim percebeu que talvez o foco estivesse em não perder. E por isso ainda definiu mais a linha de cinco, ao apostar em Diomande para render Esgaio, encostando St. Juste à direita.

O Sporting vai a Londres com tudo em aberto, mas sem Coates e Morita.