No dia em que a Federação Portuguesa de Futebol teve de apresentar um lamento e um pedido de desculpas público, por força do problema com os bilhetes que atrasou a entrada de muitos adeptos, a Seleção Nacional também entrou tarde no jogo com a Bósnia, mas teve o mérito de despertar na altura certa.

O golo à beira do intervalo desbloqueou um triunfo que teve Bruno Fernandes como protagonista principal, e que cimenta a liderança do grupo de qualificação para o Europeu de 2024.

Mesmo sem deslumbrar, a equipa das quinas conseguiu mais uma vitória folgada, mostrando que está claramente acima da concorrência.

O melhor da primeira parte foi mesmo o fim. O minuto 44, a dar a Portugal uma vantagem que então não justificava, mas que levou para o intervalo.

O tempo arrastou-se até que a pressa de Raphael Guerreiro lançou as bases de um golo coletivamente vistoso. Quando a inércia clamava pelo descanso, o lateral esquerdo decidiu acelerar o jogo. Cristiano recebeu ao meio, de costas para a baliza, e soltou no tempo certo para a(trair) três adversários. Bruno Fernandes recebeu de frente para o alvo, como tanto gosta, mas prescindiu da potência do remate para um passe delicioso para a diagonal de Bernardo Silva. A finalização do campeão europeu pelo Manchester City esteve ao nível de tudo o resto, a dar sentido à melhor jogada do encontro.

Antes disso já Cristiano Ronaldo tinha visto um golo anulado por fora de jogo, após cruzamento de trivela de Cancelo (24m), mas a Bósnia também provocou dois sustos. O primeiro até pode ter sido involuntário, mas obrigou Diogo Costa a defesa apertada para evitar o golo na sequência do cruzamento-remate de Barisic (22m).

E pouco depois Edin Dzeko falhou aquilo que é pouco habitual nele, num lance em que António Silva e Rúben Dias foram arrastados para o lado direito da área, deixando Danilo sozinho com o capitão bósnio.

Com uma linha mais recuada de cinco elementos, a seleção da Bósnia conseguia controlar a largura portuguesa, e mesmo o tridente da zona intermédia parecia demasiado confortável.

Não foi com o intervalo que a equipa das quinas melhorou, mas sim com a primeira substituição de Roberto Martínez, que ao minuto 62 lançou Rúben Neves para o lugar de João Félix. Portugal criou mais dificuldades ao adversário na zona central, e simultaneamente ficou mais acutilante no ataque.

Rúben Neves e Bruno Fernandes formaram uma boa sociedade, a partir daí, e depois de um primeiro aviso o médio do Wolverhampton serviu mesmo o colega do Manchester para o 2-0, apontado de cabeça, no coração da área (77m).

Rúben Neves esteve ainda na jogada em que Cristiano Ronaldo «deu» um golo ao recém-entrado Diogo Jota, que permitiu a defesa de Sehic. Diogo Costa teve de aplicar-se perante um remate de Hamulic, logo de seguida, mas o jogo acabaria com o «bis» de Bruno Fernandes (90+3).

O melhor a ficar para o fim.