Sporting: os dias do fim do processo Bruma

O maior folhetim de verão promete aproximar-se do fim: o diferendo entre Bruma e o Sporting vive os últimos dias. Esta sexta-feira, como o Maisfutebol já escreveu, a Comissão Arbitral Paritária reúne-se e o processo do jovem extremo vai estar em cima da mesa.

Não é cem por cento seguro que haja uma decisão, mas tudo indica que deve haver.

Nessa altura perceber-se-á quem tem razão: o jogador, que defende estar livre depois do contrato ter terminado a 30 de junho, ou o Sporting, que defende que ainda tem contrato com o jogador por mais uma época.

Este é de resto o ponto de toda a discórdia e está ligado a dois contratos: um primeiro contrato promessa assinado em 2010, com a duração de três anos como manda a FIFA em caso de jogadores menores, e um segundo contrato, assinado por Bruma em junho de 2011, também por três épocas, e que os advogados do jogador consideram não ter validade.

Por isso Bruma considera que o contrato terminou em junho de 2013 e o Sporting diz que termina um ano depois disso.

Este é o principal ponto da discórdia, mas não é único. Pelo meio a novela teve vários episódios.

Tudo começou aliás em fevereiro, quando Bruma começou a dar nas vistas e Godinho Lopes iniciou negociações para a renovação até 2017: nessa altura era convicção de todos que o jovem tinha contrato até 2014.

Catio Baldé diria mais tarde que Bruno de Carvalho considerou que as condições negociadas eram desfavoráveis ao Sporting e interrompeu as conversações.

Pini Zahavi afastado do processo

O processo só voltou a ser notícia em junho, quando Bruno de Carvalho exigiu que Bruma se afastasse de Pini Zahavi: o jogador afastou o empresário israelita, regressou para Catio Baldé e introduziu no círculo de confiança o advogado Bebiano Gomes.

Entretanto foi para o Mundial sub-20, onde marcou golos, deu nas vistas e despertou muito cobiça. No regresso a Portugal viajou com Bebiano Gomes, que logo no aeroporto anunciou que fazia uma leitura dos contratos que permitia a Bruma dizer que estava livre.

Antes disso, de resto, o Sporting já tinha recusado uma proposta do Chelsea de quatro milhões de euros, o que daria apenas dois milhões para o clube (só tinha 50 por cento do passe).

As declarações de Bebiano Gomes no aeroporto irritaram Bruno de Carvalho, que recusou reunir com o advogado sem a presença de Bruma: o encontro esteve duas vezes marcado e por duas vezes foi adiado.

Começa a guerra jurídica

A partir daí as partes entraram em letígio formal. Bebiano Gomes fez chegar uma notificação judicial avulsa ao Sporting a informar que Bruma considerava que o contrato terminara e entrou com uma ação na CAP para pedir a nulidade do contrato assinado em 2011, o Sporting por outro lado entrou na CAP com um pedido de impugnação da justa causa para rescisão unilateral do contrato, o qual foi considerado improcedente.

Estes dois processos foram entregues a 19 de julho, duas semanas depois do regresso de Bruma a Portugal após o Mundial sub-20.

Antes e depois do início da guerra jurídica, o Sporting tentou algumas aproximações a Bruma: o clube não lhe instarou imediatamente um processo disciplinar por faltar repetidamente aos treinos desde o início da época e tentou colocar água na fervura.

Advogados de Bruma recusaram todas as tentativas de aproximação

Pelo meio tentou até convencer Bebiano Gomes a sentar-se à mesa e ouvir uma proposta do Galatasaray: todas as tentativas saíram frustadas, porém.

Os advogados de Bruma consideraram sempre que o processo legal devia ir até ao fim. Por isso não aceitaram negociar qualquer proposta que exigisse desistir do processo na CAP.

Enquanto isso Bruma está há quase dois meses a treinar sozinho, com um treinador e um preparador físico, mas sem competição e sem jogos de preparação: o que só o futuro pode dizer se terá um preço a pagar na época do jovem jogador.

Esta sexta-feira deve por isso ser um dia determinante.