Actualizada às 23.45 horas

A «Marcha da Indignação», que juntou cerca de cem mil pessoas em Lisboa, parece não ter sido suficiente para explicar a indignação dos professores perante as políticas de educação do actual Governo. Percebendo que Maria de Lurdes Rodrigues não muda de posição, os docentes partiram para novas formas de luta.

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Desde logo, com o início da «Semana de Luto Nacional», que já foi visível nesta segunda-feira. Faixas colocadas à porta das escolas, professores vestidos de negro e muitos e-mails e sms a serem trocados. Nesta terça-feira, por exemplo, uma das escolas mais activas neste processo vai fazer uma pausa de silêncio em frente à escola. «Vamos fazer um protesto silencioso num dos intervalos, porque continuamos activos e ainda temos muito mais ideias. Não baixamos os braços», revelou António Morais, professor de Eixo e a cara mais visível do «Movimento Luto pela Educação».

Entretanto, vai também já correndo um e-mail informando que está marcada para quarta-feira uma reunião de emergência entre o Conselho de Escolas e o Ministério da Educação (ME). Os representantes locais pedem aos conselhos executivos para reunir todos os constrangimentos que estão a sentir na forma de aplicação da ficha de avaliação dos professores.

Uma informação confirmada pelo presidente do Conselho de Escolas. «A maior parte das escolas afirma não estar em condições de avançar», afirmou Álvaro Almeida dos Santos à agência Lusa. Por isso, este órgão consultivo do ME «solicita que a aplicação do processo, no que respeita aos professores dos quadros [acrescento], arranque apenas em 2008/09», devido «à complexidade do processo».

Processo «congelado»

Esta segunda-feira foi particularmente activa nas escolas, uma vez que, para além do volume de trabalho habitual, que contém o processo de elaboração do sistema de avaliação, foi discutida uma Tomada de Posição envida pela Plataforma Sindical dos Professores. Este documento será assinado pelas escolas e enviada para os sindicatos, mas também para os e-mails da Ministra da Educação e do Primeiro-Ministro.

No documento, a que o PortugalDiário teve acesso, explica-se que o objectivo é «devolver às escolas, no imediato, a serenidade indispensável para que o ano lectivo termine sem perturbações mais graves do que as já existentes». Isso só será possível com a suspensão do processo de avaliação e a não aplicação do novo regime de gestão escolar, entre outras medidas.

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) confirma as dificuldades das escolas em aplicar a avaliação. «Umas nunca chegaram a iniciá-lo, outras decidiram suspendê-lo. É totalmente residual o número de escolas que aprovou os procedimentos de avaliação e que está a avançar. Se forem 20 a nível nacional, já será um número por cima», assegurou Mário Nogueira.

Várias escolas já enviaram solicitações ao Ministério da Educação para que o processo seja suspenso, mas Maria de Lurdes Rodrigues não cessa. «A avaliação é possível e vai ser feita. Este é o ponto principal e tudo o resto convergirá para isso», disse uma fonte do ME à Lusa, adiantando que «esta semana o ME reunirá com o plenário do Conselho das Escolas para tratar das medidas concretas que permitirão definir como é que o processo vai avançar».