Se o Euro2020 tivesse sido disputado no ano que ainda lhe dá nome, então John Stones teria ficado a ver pela televisão. É uma verdade dura, mas inquestionável, que também reforça o mérito do rejuvenescimento do central no Manchester City.
Stones chega ao Campeonato da Europa como campeão inglês e como principal candidato a fazer dupla com Harry Maguire no eixo defensivo, quando Inglaterra iniciar a prova diante da Croácia, reeditando o duelo das meias-finais do Mundial 2018, quando o mesmo adversário travou o sonho da equipa dos três leões.
Este acaso até podia encaixar numa lógica de continuidade de uma carreira consistente ao mais alto nível, mas com Stones tem sido tudo menos isso. Os últimos anos têm sido atribulados, dentro e fora de campo. O regresso do central confiante, inteligente e capaz de sair a jogar foi um bónus inesperado, mas crucial, para o Manchester City de Pep Guardiola. E não haverá dúvidas de que Southgate sente o mesmo.
«Durante algum tempo não sabíamos se ele ia recuperar a forma. Quando investes tanto tempo e tantas internacionalizações num jogador assim, e depois ele desaparece, é uma enorme desilusão. O John merece muito crédito por ter conseguido dar a volta à situação», disse o selecionador inglês, em março, quando voltou a chamar Stones.
Vale a pena recuar até ao verão de 2020 para perceber a dimensão da queda do antigo jogador do Barnsley e do Everton, mas também perceber o quanto teve de lutar para voltar ao mesmo nível. Há doze meses o único contacto entre Southgate e um jogador que chegou a ser considerado o defesa com mais classe de Inglaterra desde Rio Ferdinand era a mensagem ocasional a explicar a ausência da convocatória. O declínio de Stones ficou bem patente nos dois erros que saíram caros à Inglaterra nas meias-finais da Liga das Nações de 2019, frente à Holanda. O duelo com Montenegro, em novembro desse ano, a contar para a fase de apuramento para o Euro 2020, foi o último jogo pela seleção em 16 meses.
Stones fez apenas 16 jogos na edição 2019/20 da Liga inglesa, na qual a esperança do Manchester City em conquistar o terceiro título consecutivo foi desfeita pelo Liverpool. Foi a campanha menos regular do defesa no principal escalão. As lesões persistentes contribuíram para a quebra, mas as manchetes dos tablóides também deixaram Pep Guardiola preocupado com a vida privada do jogador.
O ponto mais baixo surgiu nos quartos de final da Liga dos Campeões, frente ao Lyon. Guardiola lançou três centrais em Lisboa: Fernandinho, médio de raiz, recuou para jogar ao lado do inexperiente Eric Garcia e de Aymeric Laporte. Stones não foi utilizado na derrota por 3-1.
Perante a desapontante temporada, na qual os problemas defensivos tiveram um peso elevado, o Manchester City decidiu contratar Nathan Aké ao Bournemouth, por 47 milhões de euros, e Rúben Dias ao Benfica, por 70 milhões de euros.
Com apenas mais um ano de contrato, a carreira de Stones no City parecia arrumada.
Em 2016, ao receber os dirigentes do City na sua casa de Munique, para preparar o adeus ao Bayern e a mudança para Inglaterra, Guardiola tinha definido o então defesa do Everton como uma contratação prioritária. Quatro anos depois a realidade era bem diferente, mas treinador e jogador sentaram-se para analisar a encruzilhada.
«Disse-lhe que ia lutar, que não ia desistir. Não é algo que faça parte de mim, baixar os braços perante a adversidade», revelou Stones.
O defesa aplicou-se mais do que nunca no ginásio, de forma a trabalhar a forma e a flexibilidade, no âmbito de um programa de recuperação para resolver os problemas físicos que limitavam o seu contributo. Ajustou a dieta após consultar os nutricionistas e os cientistas do desporto do City. E ainda tirou uma consequência positiva de estar afastado da titularidade: teve mais treinos para ajustar o seu jogo às exigências de Guardiola, enquanto os jogadores mais utilizados andavam em sessões de recuperação no meio do exigente calendário. O esforço acabou por trazer dividendos.
Foi preciso esperar até 25 de novembro para ver Stones formar dupla com Rúben Dias. O Manchester City não sofreu golos na vitória sobre o Olympiakos, para a Liga dos Campeões, e esse foi um ponto de viragem para a equipa e para Stones. O internacional inglês contribuiu para 15 «clean sheets» (jogos sem sofrer golos) nos 19 encontros seguintes que disputou, ao mesmo tempo que a equipa escalava até ao topo da Premier League, para conquistar o terceiro título em quatro anos.
Houve alguns lapsos de Stones pelo caminho, tanto no City como na seleção, mas a resiliência que mostrou naquela reunião com Guardiola deu lugar a uma reação impressionante em campo. Existe agora uma renovada confiança em Stones, tanto com a bola nos pés como na postura sem ela.
Agora o ciclo no Manchester City parece renovado, e o lugar na seleção inglesa reconquistado. O Euro será para jogar, e não para ver na televisão.
Um ano é muito tempo no futebol.
Andy Hunter escreve para o The Guardian.
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Josko Vlasic é capaz de indicar o dia exato em que decidiu que o filho Nikola ia ser futebolista profissional. Mais do que isso: se o pai estava certo de que o pequeno "Niksi" tinha potencial para ser um jogador de topo, não se teria importado em transformá-lo no seu novo projeto. Mas o rapaz era uma máquina, e Josko não o podia ignorar. Por isso abriu um caderno novo e escreveu a data: 31 de maio de 2002. Nikola tinha então quatro anos e meio.
Claro que Josko Vlasic não é um pai qualquer: antigo decatleta, ainda detém o recorde croata da disciplina, e hoje é um conceituado guru de fitness que trabalhou com vários desportistas. Mais importante do que isso: Josko já criou e treinou uma atleta que conquistou o mundo. Do casamento com Venera, antiga basquetebolista e esquiadora, nasceram quatro filhos. Blanka, a mais velha, tem dois títulos mundiais e duas medalhas olímpicas no salto em altura. O recorde pessoal é de 2.08 metros, a segunda melhor marca da história, que partilha com a sueca Kaisa Bergqvist.
O pai esteve com ela desde início, diariamente, mas quando Blanka cresceu e passou a ter um treinador especializado, Josko assumiu outro desafio: o filho Nikola, 14 anos mais novo.
O patriarca traçou um plano e um registo de atividade. Durante alguns anos limitaram-se a jogar à bola, dias a fio. Ora apenas os dois, ora com outras crianças, por vezes com miúdos mais velhos. Os vizinhos de Split sorriam ao ver aquele homem de meia-idade e com um bigode grisalho a dar uns toques com uns miúdos na rua, ou no campo da escola. Se não fosse uma figura conhecida, talvez os vizinhos até ligassem para os serviços sociais.
Mas Josko sabia o que estava a fazer. Apesar da carreira de preparador físico, tinha noção que era muito mais importante que o filho ganhasse atributos técnicos e desenvolvesse cedo a coordenação.
«Jogámos em todo o lado. Até na sala, ou no elevador. Nunca o deixava perder. Um dia ganhei sem querer e foi um mar de lágrimas», explicou Vlasic sénior ao "Vecernji", em 2012.
Mas Josko não queria deixar nada ao acaso e fiar-se apenas na sua própria experiência. Não teve de procurar muito longe: algumas portas ao lado tinha Tomislav Ivic, ícone do Hajduk Split, treinador lendário que conquistou troféus em sete países diferentes, incluindo em Portugal, com o FC Porto, mas também na Holanda, com o Ajax, ou em França, com o Marselha. Conhecido pela capacidade para desenvolver jovens talentos, Ivic partilhou algum do seu vasto conhecimento.
Quando Nikola entrou para a escola e começou a jogar num clube local, o Dalmatinac, o pai já contabilizava 30 mil golos.
Nikola seguiu mais tarde para outro clube especializado na formação, o Omladinac Vranjic, e depois foi para a academia do Hajduk Split. Josko acompanhou o filho enquanto entendeu que era útil, e a sua competência enquanto preparador físico também deu muito jeito a estes clubes.
«Ao longo de todo este tempo o talento do Nikola foi suportado por milhares de decisões certas. Ele pode atingir qualquer coisa que possa imaginar», disse Josko ao "Jutarnji", em 2013, quando o filho tinha 16 anos.
Nada disso significava que Niski iria ter uma vida fácil quando chegasse ao futebol profissional.
Marcou logo na estreia pela equipa principal do Hajduk, em 2014, num jogo das pré-eliminatórias da Liga Europa, frente ao Dundalk. Tinha apenas 16 anos e nove meses. Destacado na primeira edição da "Guardian’s Next Generation", que então reuniu os maiores talentos mundiais nascidos em 1997, terminou essa primeira temporada com 37 jogos realizados.
Mas com o Hajduk a lidar com problemas financeiros e de competitividade, Vlasic tornou-se uma vítima das constantes mudanças na liderança técnica e na política desportiva do clube. A falta de opções ofensivas fez com que jogasse muitas vezes como falso 9, ou mais recuado, ainda que o pai o visse como médio ofensivo quando tinha oito anos. Uma lesão também condicionou o seu desenvolvimento, pelo que só em 2017 é que esta enorme promessa começou a aparecer.
E assim que isso sucedeu foi vendido, claro. Ronald Koeman viu-o ao vivo, quando o Hajduk defrontou o Everton no playoff da Liga Europa, e avançou logo para a contratação. Os «toffees» não foram muito pacientes, contudo, e apesar de um bom arranque no clube, a mudança de treinador fez com que Vlasic tivesse de ir procurar a sorte para outro lado.
A jogar com pouca regularidade, Nikola acabou por não ser convocado para o Mundial 2018, no qual a Croácia foi finalista. Nesse verão foi à Rússia, mas para assinar pelo CSKA Moscovo, clube ao qual começou por ser emprestado, mas no qual ficou depois em definitivo, já que rapidamente se tornou um dos melhores jogadores da liga russa.
A verdade oportunidade na seleção surgiu em 2018, e no final do ano seguinte ocultou todos os colegas dos grandes clubes europeus, ao tornar-se o herói da campanha de apuramento para o Campeonato da Europa. Sim, Luka Modric continua a ser o rei no meio-campo, mas foi Vlasic a estar ligado aos golos decisivos, permitindo que o selecionador Zlatko Dalic tivesse uma opção dinâmica e direta para a posição 10, que a Croácia precisava.
Ainda com apenas 23 anos, Vlasic já teve a sua dose de experiências e tribulações, mas agora está à beira da afirmação. Tendo em conta toda a fama de grande promessa que construiu, talvez tenha demorado mais do que era esperado a tornar-se no jogador que prometia ser. Mas as dificuldades e as oportunidades perdidas tornaram-no mais forte, por força da sua base: um talento suportado por milhares de decisões acertadas, como diria o pai.
É esperar para ver, que Niko pode alcançar tudo o que possa imaginar.
Alex Holiga escreve para o Telesport.
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O testemunho do próprio John McGinn realça como tudo podia ter sido desesperadamente diferente (e este não é um cliché gasto do mundo do futebol): «Perfurou a minha perna sete centímetros. O cirurgião disse que eu tinha sorte por estar vivo. Ficou a um milímetro da artéria femoral, pelo que me teria esvaído em sangue num instante.»
Em 2015, McGinn ficou com uma estaca de treino espetada na perna, atirada por Stephen Thompson, colega de equipa no St. Mirren. Um acidente, mas que apanhou uma perna pelo meio. Após uma breve disputa legal, a saída de McGinn do clube foi apressada. O Hibernian estava no segundo escalão, mas aproveitou para contratar o médio com um acordo baixo, de seis dígitos, e com uma cláusula de venda. Ainda hoje é um mistério que outros clubes não tenham aproveitado a oportunidade. McGinn tinha então 20 anos, e apesar de algumas arestas por limar, já tinha mostrado o suficiente, em cerca de cem jogos, para ser digno de desenvolvimento num contexto superior.
Em Easter Road, McGinn tornou-se um jogador de culto, e os adeptos do Hibs até cantavam que ele era «melhor do que Zidane». Para isso muito contribuiu o papel na equipa que, em 2016, conquistou a Taça da Escócia pela primeira vez em 114 anos.
O estilo de McGinn cativou os adeptos do Hibernian, da mesma forma que cativa agora os do Aston Villa, ou da seleção escocesa, com base na energia inesgotável e na agressividade que coloca em campo. Podemos discutir a validade de uma visão que aplaude mais o dinamismo do que a arte, mas os adeptos escoceses adoram jogadores assim. E relativamente à seleção, fica evidente que a circunstância de McGinn não ter passado por nenhum dos rivais do Old Firm – ainda que o Celtic tenha tentado contratá-lo ao Hibernian – protege a reputação.
Apesar de ganhar dezenas de milhares de libras por semana, na Premier League, McGinn mantém a postura de um miúdo da classe operária. Joga com um entusiasmo que não está propriamente associado ao futebol moderno. A abordagem aos jogos é sempre a mesma, independentemente do desempenho que consegue depois.
McGinn faz parte de uma colheita de jogadores escoceses na idade certa para ganhar uma importante experiência internacional. Chega ao Euro com mais de 30 internacionalizações, e não é exagero antecipar que chegará às 100, já que tem apenas 26 anos. Scott McTominay está com 24 anos, Andy Robertson ainda tem 27, Kieran Tierney está com 23, Che Adams soma apenas mais um e Ryan Christie tem 26: a Escócia tem um núcleo duro que pode dar continuidade a esta participação no Euro 2020.
O próprio McGinn admite que cometeu alguns erros ao jogar como médio mais recuado, pela Escócia. Pode parecer exagerado apontar lacunas técnicas a um médio que joga semana após semana na Premier League, mas McGinn tem algumas limitações em posse. Ele sente-se mais confortável quando joga por impulso, e ao perceber isso Steve Clark adiantou-o no terreno, para uma posição que já classificou como “support striker”, uma espécie de segundo avançado.
McGinn respondeu com golos, tanto no clube como na seleção, na qual já chegou aos dois dígitos de golos. O ponto alto foi um pontapé de bicicleta que valeu o empate frente à Áustria. Alguns dias depois fez uma exibição pobre com Israel, mas reagiu com um «bis» às Ilhas Faroé. Isto revela bem o papel indiscutível que tem na equipa, desde logo porque nunca se deixa abater por uma exibição menos feliz.
Para além disso os avançados escoceses não têm andado muito inspirados nos últimos tempos, o que dá valor acrescido ao perfil de McGinn. É um jogador que nunca deve estar amarrado ao detalhe tático. Tanto pressiona os defesas com entusiasmo, como pode iniciar um ataque no meio-campo. A tendência recente para marcar golos mostra que também pode ser útil dessa forma. Embora o desarme não seja propriamente um ponto forte, a capacidade física não deve ser menosprezada. Gosta de conquistar faltas a defesas excessivamente zelosos, e o antecessor de Steve Clarke, Alex McLeish, chegou a compará-lo a Gareth Barry.
O pico da carreira aproxima-se e McGinn tem apresentado uma evolução evidente. «Sempre foi um rapaz com muita cabeça, e esses são os jogadores que continuam a evoluir», referiu McLeish.
Há seis anos, após o bizarro incidente no treino, McGinn preparava-se para a primeira grande transição. A presença no Europeu surge como recompensa pela evolução que se seguiu, e o percurso descendente parece distante.
Ewan Murray escreve para o jornal The Guardian.
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A carreira de Tomas Soucek não estava a ir propriamente na direção que ele e o pai, Frantisek, esperavam: jogava pelo Slavia Praga quando, num jogo com o Vysocina Jihlava, pisou a bola e caiu, o que deu origem a um golo do adversário.
Pouco depois estava a jogar por empréstimo no Viktoria Zizkov, da segunda divisão checa. Um clube com problemas financeiros, com instabilidade diretiva e com pobres condições de trabalho.
«Treinávamos no meio de dejetos de cão, num parque perto do estádio. Os jogadores não recebiam ordenado, tinham de pedir dinheiro emprestado aos pais ou aos amigos», lembrou Soucek.
Mas foi neste contexto complicado que Tomas teve o primeiro contacto com o técnico que o tornou um verdadeiro futebolista: Jindrich Trpisovsky.
Soucek não conquistou logo a confiança do treinador, mas na República Checa também há um provérbio idêntico ao que diz que «a cavalo dado não se olha o dente». Ivan Hornik, o diretor desportivo do Viktoria Zizkov, foi capaz de ver talento naquele jovem algo desengonçado, e convenceu o treinador a mantê-lo na equipa.
Na formação, Soucek era visto como um jogador algo trapalhão, e muitos achavam que não ia fazer carreira. Sempre teve algumas qualidades bem vincadas, como a altura, o jogo aéreo, a capacidade de marcar golos e também de defender, mas nunca foi certo que chegaria ao topo.
Soucek vem de uma pequena localidade. O pai, Frantisek, era treinador de futebol, e chegou a orientá-lo no Havlickuk Brod, o clube local. Mais forte e mais alto do que os colegas, Tomas costumava jogar um escalão acima, na formação. O lado atlético é atribuído pelo próprio à mãe, Iva, que jogou andebol.
«Nos últimos 15 anos ela tem andado a fazer maratonas, ou meias-maratonas. Por vezes ia correr com ela para a floresta, quando era mais novo. Como futebolista não gosto muito desse registo, falta intensidade, mas às vezes ia preparar a pré-época assim. Pensei que herdei a energia dela. Ela era brilhante. Acho que já ganhou uma maratona», disse o jogador ao "The Guardian", em outubro do ano passado.
Soucek entrou para o Slavia Praga quando tinha dez anos. O pai é que o levava aos treinos, duas vezes por semana. A família fez sacrifícios, mas Tomas também teve de trabalhar arduamente. Ainda que não fosse considerado um talento incrível, conseguiu chegar à equipa principal.
Já depois do Viktoria Zizkov foi emprestado também ao Slovan Liberec. Isto porque Jaroslav Silhavy, o atual selecionador checo, preferiu ter Michael Ngadeu como médio defensivo. Mas quando Silhavy deixou o Slavia, em 2017, e foi substituído por Jindrich Trpisovsky, que tinha trabalhado com Soucek no Viktoria Zizkov, tudo começou a ser diferente.
A mudança não resultou apenas para Tomas, de resto, já que o Slavia vai no terceiro título seguido. Paralelamente também impressionou na Europa, ao chegar a uma fase adiantada da Liga Europa, e também ao marcar presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, prova em Soucek deu nas vistas, num grupo que tinha três clubes que já foram campeões europeus: Barcelona, Inter e Borussia Dortmund.
Uma estatística que saltou à vista, na Liga dos Campeões, foi a distância percorrida por Soucek: em quatro jogos somou mais de 50 quilómetros. Mais tarde, num dos primeiros jogos pelo West Ham, clube ao qual chegou inicialmente por empréstimo, em janeiro de 2020, fez 13.1 quilómetros frente ao Manchester City. Um recorde de seis anos nos «hammers».
«Talvez fosse um dos maiores bebés da maternidade, mas desde muito novo que disse a mim mesmo que queria cobrir todos os metros quadrados do campo. Quero ajudar os meus colegas em qualquer situação, enquanto as pernas o permitirem. Encaixa no meu estilo e preparou-me para a forma como jogo ainda hoje», afirmou na mesma entrevista.
«É o nosso computador. É muito forte taticamente. O nosso jogador mais importante, tanto em jogo aberto como nas bolas paradas, ofensivas e defensivas. Precisamos dele para pressionar, para construir e para marcar», diz Trpisovsky.
No Slavia evoluiu de um puro médio defensivo para um jogador muito completo, vencedor da Bota de Ouro da Liga checa. O sucesso despertou o interesse de clubes maiores: o Spartak de Moscovo quis contratá-lo, tal como clubes da Serie A e da Bundesliga, mas o West Ham levou a melhor.
Agora com 26 anos, Tomas vê o talento devidamente reconhecido. O jogo aéreo, os cortes, os desarmes, a energia e, claro, os golos marcados, ajudaram o West Ham a passar de uma equipa a fugir à despromoção para uma equipa a lutar pela qualificação europeia.
Soucek era um puro-sangue, sem treino, mas foi capaz de superar as barreiras que enfrentou. O Europeun será o seu maior desafio, mas um desafio que ele está ansioso por encarar. Está preparado para o grande palco.
Jan Podrouzek escreve para o iSport.
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