MAISFUTEBOL

Análise

O Desp. Chaves colocou bem alta a fasquia na época passada, quando atingiu o sétimo lugar na Liga no ano de regresso ao primeiro escalão. Uma missão difícil de repetir, numa época que envolveu mudanças profundas no plantel.

Começou pela troca de treinador, com a saída de Vítor Campelos, de olho numa oportunidade no futebol inglês que não se concretizou – acabou por assumir o Gil Vicente. Chegou José Gomes, para liderar uma equipa que perdeu muita gente, em todos os sectores – do guarda-redes Paulo Vítor aos defesas Nélson Monte e Ponck, dos médios João Teixeira e João Mendes ao avançado Juninho, a lista é longa. O presidente da SAD flaviense assumiu a ideia de reconstrução, estimando que seria preciso contratar 11 jogadores, «quase uma equipa nova».

E já entrou muita gente, quando o mercado continua aberto. Hugo Souza foi uma aposta forte para a baliza, enquanto para a defesa chegaram os centrais Bruno Rodrigues, ex-Sp. Braga, Ygor Nogueira, ex- Santa Clara, e ainda Guilherme Ferreira, oriundo do satélite Pedras Salgadas, tal como o médio Ktatau. O médio Kelechi Nwakali, que já passou pelo FC Porto B, é outra das apostas flavienses, tal como o extremo brasileiro Paulo Victor. De caminho, o clube garantiu em definitivo o ex-benfiquista Sandro Cruz.

Na primeira partida oficial da temporada, o Desp. Chaves foi afastado da Taça da Liga pelo Aves SAD, numa eliminatória decidida nos penáltis. Depois prosseguiu um calendário intenso de jogos de pré-temporada, à procura de enquadrar as novidades e ganhar rotinas para o ataque à Liga. Com os pés bem assentes na terra, definindo a permanência como objetivo principal, antes de pensar em algo mais. A ideia é consolidar o clube na Liga sem dar passos maiores que as pernas, uma abordagem realista que ficou bem patente na época passada, quando o clube, apesar da iminência de uma qualificação europeia, optou por não requerer o licenciamento para as provas da UEFA, por considerar que os custos de uma presença na Europa não seriam cobertos pelas receitas.

Treinador: José Gomes

Depois de terminar a época no Marítimo, onde não conseguiu evitar a descida no play-off final frente ao Estrela da Amadora, José Gomes manteve-se na Liga. As portas de Chaves abriram-se face à saída de Vítor Campelos, o treinador que levou o Desp. Chaves às portas da Europa e a quem José Gomes não poupa elogios.

«Conheço o Vítor há muito tempo, entrou no futebol profissional comigo, no P. Ferreira. Temos muitos aspetos em comum e que tornarão a transição mais fácil», disse o novo técnico flaviense: «Fez um excelente trabalho e deixou a fasquia alta. Temos de dar a vida e toda a energia para nos aproximarmos o máximo possível do que ele fez.»

Foi em 2003/04 que os dois técnicos trabalharam juntos, na primeira experiência de José Gomes como treinador principal. Depois disso, correu mundo. Treinou Aves, Leixões, U. Leiria e Moreirense, trabalhou no FC Porto como adjunto de Jesualdo Ferreira, que acompanhou no Málaga e no Panathinaikos, depois prosseguiu a solo um percurso que o levou à Hungria, à Arábia Saudita, Emirados ou a Inglaterra, onde orientou o Reading.

Voltou a Portugal para o Rio Ave e para uma primeira passagem pelo Marítimo, pelo meio rumou a Espanha e ao Almeria e na época passada, antes de voltar à Madeira, ainda orientou o Ponferradina. Aos 52 anos, assume novo projeto na Liga.

Atenção a: Hugo Souza

Está na baliza o reforço mais sonante do Desp. Chaves para a próxima época. Hugo Souza, de 24 anos, foi cedido pelo Flamengo e garante desde já atenção especial para a temporada flaviense a partir do outro lado do Atlântico.

Produto da formação do Flamengo, Hugo Souza é internacional pelas seleções jovens brasileiras e chegou a ser convocado por Tite para a canarinha, sem se ter estreado. Foi lançado em 2020 na equipa principal do Fla, já depois da saída de Joge Jesus, chamado a jogo num teste de fogo com o Palmeiras, com vários jogadores indisponíveis em plena pandemia. O jogo terminou com um empate a uma bola e a partir daí jogou regularmente na campanha que terminou com a conquista do Brasileirão.

Fez no total 71 jogos com a camisola do Mengão ao longo de três temporadas e somou vários outros títulos, incluindo uma Taça Libertadores, um campeonato carioca e uma Taça do Brasil. O seu último jogo pelo Fla foi em novembro de 2022. O nome de Hugo Souza chegou a ser associado ao Benfica, mas foi Chaves o destino escolhido para a primeira experiência na Europa.