Foi mais uma pré-temporada difícil no Bessa, sob nova proibição de inscrever jogadores, agora por um processo relativo aos direitos de formação de Chidozie. Mas a continuidade de Petit, treinador que conhece os cantos à casa como ninguém e liderou a equipa a um notável nono lugar na temporada passada, é um fator de estabilidade.
A comemorar uns respeitáveis 120 anos de vida, o Boavista entra na 10ª temporada seguinte na Liga. As dificuldades administrativas repetem-se a cada ano, mas o clube tem conseguido o objetivo principal desde o regresso em 2014, depois da queda na sequência do Apito Dourado. Esta temporada, a luta é a mesma.
Deixaram o Bessa alguns jogadores que foram referência na época passada. Além do veterano guarda-redes Bracali, que terminou a carreira e continua ligado ao clube como diretor desportivo, o Boavista também perdeu Yusupha, Jenji Gorré e Ricardo Mangas. E ainda Reggie Cannon, este no meio de um litígio judicial com o clube. E está longe de garantida a continuidade de alguns dos elementos com mais mercado, como Bruno Onyemaechi, Gaius Makouta ou Pedro Malheiro.
O Boavista conseguiu de resto segurar peças importantes, desde logo o avançado eslovaco Bozenik, que assinou em definitivo, depois de uma época cedido pelo Feyenoord, mas também o médio japonês Masako Watai, com empréstimo renovado. E fez regressar alguns jogadores que estavam cedidos, como Tiago Morais, Jeriel de Santis, Pedro Gomes ou Gonçalo Almeida.
A época começou com a eliminação na primeira ronda da Taça da Liga, perdida nos penáltis frente à U. Leiria. Agora é foco total no campeonato, que o Boavista encara como sempre, entre a difícil gestão quotidiana e a ambição de reviver os bons velhos tempos daquele Boavistão que se fez grande e foi campeão nacional no início do século. A história recomeça na próxima segunda-feira, na receção ao Benfica, mas com um problema ainda por resolver. A interdição do relvado do Bessa pela Liga, por causa de um fungo, ainda não foi levantada.
Classificação da época passada: 9º
Melhor classificação: Campeão nacional em 2000/01
Presenças na I Divisão: 60
Objetivo: Consolidar a posição na Liga
É um homem da casa e isso é dizer muito. O antigo médio que foi uma das figuras do Boavistão que festejou o título de campeão nacional em 2001 continua a ser uma referência no banco. Voltou ao Bessa a meio da época 2021/22, segurou a permanência e na temporada passada liderou a equipa numa campanha sólida, que garantiu a presença na primeira metade da tabela.
Depois de uma longa carreira em campo e mais de 50 internacionalizações, Petit fez no Bessa a transição para o banco, do Campeonato de Portugal para o regresso à Liga por via administrativa em 2014. Mas tem muito mais no currículo, além do rótulo de referência do Boavista.
Com passagens por Tondela, Moreirense, Paços Ferreira, Marítimo ou B SAD, no final da época passada Petit chegou às 250 presenças na Liga como treinador. Continua a somar, bem consciente da realidade com que lida no Bessa. «Não viro a cara à luta. Ficámos sem cinco jogadores influentes, mas o mais importante é que mantivemos a base e já sabemos o que queremos», disse antes do arranque oficial da época.
Entradas: nada a registar
Saídas: Bracali (fim de carreira), Reggie Cannon, Yusupha (Al Markhiya), Kenji Gorré, Ricardo Mangas (Vitória de Guimarães)
Sem reforços no Bessa por força da proibição de inscrever jogadores, o Boavista vê reforçada a necessidade de olhar para a formação, que já revelou potencial e talento, com Martim Tavares como principal referência. Uma dessas apostas pode ser Tiago Machado, jovem ponta de lança que Petit lançou na equipa principal no final da época passada.
Tiago vem de uma família de jogadores – é sobrinho de Paulo Machado e o pai, Gomes, também teve uma longa carreira em que chegou à II Liga. Passou também pelo Rio Ave na formação, mas foi nos juniores do Boavista que cresceu. Forte e eficaz, vem de duas épocas sólidas, com 19 golos em 21 jogos na temporada passada nos sub-19. Logo depois da estreia renovou contrato, prolongando a ligação ao Boavista ate 2028.
Depois de o lançar, Petit falou sobre o potencial do avançado e sobre o enquadramento dos jovens na equipa. «Não damos oportunidades por dar. Sou uma pessoa da casa e sei o que o Machado fez nos juniores», disse o treinador: «É um sinal de que estamos atentos à formação. Mas temos de ter calma porque a formação ainda tem muitos passos para dar. É preciso manter um misto de experiência com jogadores jovens.»