O Estrela voltou. Depois da queda do Estrela da Amadora original, da insolvência, da extinção, da refundação e de uma fusão, num longo processo para recuperar a identidade, a história e o património, o clube fechou o ciclo. No ano em que voltou a jogar no José Gomes, conseguiu a subida ao fim da segunda época na II Liga, após um terceiro lugar e um play-off épico com o Marítimo, decidido nos penáltis.
Este regresso do Estrela à Liga alimenta-se dessa força e da vontade de estar à altura da identidade e da memória de um clube que se fez grande. Mas é também um enorme desafio, pelo salto de exigência que representa o primeiro escalão. Como reconhece o treinador. «O que fizemos no ano passado ficou lá atrás. Agora, temos é de elevar o nível, porque não há tanta margem para errar como na II Liga», afirmou Sérgio Vieira antes da estreia oficial da época, que terminou com a eliminação da Taça da Liga à primeira ronda, frente ao Portimonense.
No planeamento da nova temporada, o Estrela manteve a estrutura da equipa que garantiu a subida. Saíram os veteranos Rui Correia, João Silva ou Diogo Salomão, mas o clube renovou com alguns dos principais elementos. É com eles que ataca o arranque da Liga, num onze sem mudanças significativas em relação à equipa que terminou a temporada passada.
Não são muitas as caras novas, para já, numa altura em que o mercado ainda não está fechado. O médio Pedro Sá, ex-Portimonense, leva experiência de Liga a um plantel composto maioritariamente por jogadores estreantes no principal escalão. Léo Cordeiro é outro jogador com muita rodagem no futebol português e a eles juntam-se por agora o extremo brasileiro Léo Jabá, o médio angolano Keliano e o avançado senegalês Alioune Ndour, um regresso a Portugal de um jogador que estava ligado à B SAD. Sérgio Vieira pode também tirar partido da gestão do potencial dos sub-23, que foram campões da Liga Revelação na época passada.
O Estrela vai ter de se adaptar à Liga em andamento e com um arranque de fogo. Depois da estreia em casa frente ao V. Guimarães, vai à Luz à segunda jornada. E na quinta ronda recebe o FC Porto.
Classificação da época passada: Vencedor do play-off de acesso à Liga com o Marítimo
Melhor classificação: 7º em 1997/98*
Presenças na I Divisão: 16*
Objetivo: Garantir a permanência
*Dados do Estrela da Amadora original
Ao fim de uma época no banco, Sérgio Vieira levou o Estrela de volta à Liga. Mais uma subida para o treinador que em 2020 já tinha festejado o regresso do Farense ao primeiro escalão – na temporada abreviada pela pandemia – e que um ano antes liderou o Famalicão numa época que culminou também com a subida à Liga, ainda que tenha deixado o banco em março. Aos 40 anos, já há muito para contar no currículo de Sérgio Vieira, que foi aliás pioneiro a desbravar o caminho dos treinadores portugueses para o Brasil.
Trocou cedo um percurso de jogador pelo de treinador, seguindo a formação académica e o trabalho de campo. Trabalhou como observador e analista com vários treinadores, entre eles Jesualdo Ferreira, antes de iniciar o percurso a solo do outro lado do Atlântico, no início de 2015. Começou por orientar a equipa sub-23 do Athletico Paranense, antes de assumir como interino a equipa principal. Seguiram-se Ferroviária, Atlético Mineiro e ainda o São Bernardo, sempre com passagens curtas pelos bancos.
Em outubro de 2017 assumiu o Moreirense, onde não terminou a época. O desafio seguinte foi o Famalicão, antes do Farense. Depois da subida com o clube algarvio, saiu a meio da temporada que terminou com a descida de divisão. No verão de 2021 chegou a ser anunciado como treinador do Nacional, mas não começou a época. Um ano mais tarde apareceu então o desafio de liderar o Estrela na tentativa de voltar à Liga. Depois de uma longa e intensa temporada, o objetivo foi cumprido.
Entradas: Léo Jabá (São Bernardo), Pedro Sá (Portimonense), Léo Cordeiro (Mafra), Keliano (1º Agosto), Shinga (Sp. Covilhã), Alioune Ndour (B SAD);
Saídas: João Silva; Rui Correia (Belenenses), Diogo Salomão e Latyr Fall
O primeiro reforço do Estrela chegou da Série C brasileira, mas tem um currículo rico e vem de uma primeira metade de ano de alta intensidade. O avançado que chega para ser uma alternativa nas alas é produto da formação do Corinthians. Como jogador do Timão chegou à seleção sub-20 do Brasil, que representou no campeonato sul-americano de 2017. Estreou-se na equipa principal do Corinthians aos 18 anos, numa época em que o clube venceu o campeonato Paulista e o Brasileirão, mas saiu ainda em 2017, para jogar na Rússia. Ao fim de uma época no Akhmat Grozny rumou à Grécia, para uma longa ligação ao PAOK, interrompida em 2021 para um regresso ao Brasil, onde jogou pelo Vasco. Depois da passagem pelo clube grego, onde acumulou experiência também nas competições europeias, assinou em janeiro deste ano pelo São Bernardo, desde logo para disputar o Paulista. Foi um dos destaques da equipa que chegou aos quartos de final, eliminada pelo Palmeiras. Também iniciou a temporada na Série C, somando no total 15 jogos e cinco golos, antes de voltar a mudar, para um regresso à Europa pela porta da Reboleira.