Passaram dois anos desde a última vez do Farense na Liga, que durou apenas uma época. Não tardou o regresso, junto com a esperança de que desta vez seja para ficar. Ou, como diz o treinador José Mota, com o objetivo de fazer um campeonato tranquilo, naquela que será a 25ª participação na Liga de um histórico do futebol português.
É para já com a base da equipa que na época passada garantiu o segundo lugar na II Liga e a subida direta que o Farense encara o regresso ao campeonato dos grandes, juntando-se ao Portimonense na representação algarvia na Liga. Ainda que tenha havido várias saídas, desde logo na defesa, que perdeu Abner ou Robson, mas também no ataque: já não moram em Faro Pedro Henrique, que foi a par de Rui Costa o melhor marcador da época passada, nem Lucão.
A abordagem ao mercado garantiu até agora a experiência do médio Rafael Barbosa, do avançado Bruno Duarte ou do central Artur Jorge, que está de volta a Portugal e terá oportunidade de defrontar o pai, que se senta agora no banco do Sp. Braga. Mais juventude na aposta nos laterais Fran Delgado e Talys, enquanto para a baliza, depois da saída de Defendi, chegou Luiz Felipe, pouco utilizado no Vizela na época passada. José Mota continua a pedir reforços, defendendo que a equipa precisa de mais profundidade em todos os setores.
Antes do arranque da Liga o Farense já conseguiu cumprir um objetivo, com o apuramento para a fase de grupos da Taça da Liga. Mas o grande desafio é o campeonato, onde o Farense espera ter este ano um reforço extra: o público do São Luís. É que a última passagem pela Liga, que terminou com a descida de divisão, aconteceu em plena pandemia, sem adeptos nos estádios. A força das bancadas num estádio com ambiente especial e tradicionalmente difícil para os rivais pode ajudar. E a equipa bem vai precisar desse apoio.
Classificação da época passada: 2º lugar na II Liga
Melhor classificação: 5º (1994/95)
Presenças na I Divisão: 24
Objetivo: Garantir a permanência
Em 2022/23, José Mota voltou ao lugar onde foi feliz e não correu bem. No entanto, seis meses depois de deixar o Paços Ferreira estava a festejar a subida de divisão com o Farense. As voltas que a vida dá.
Aos 59 anos, Mota é um veterano do futebol português. Com passagens por Santa Clara, Leixões, Belenenses, V. Setúbal, Gil Vicente, Feirense ou Chaves, venceu a Taça de Portugal em 2018 como treinador do Desp. Aves, na final frente ao Sporting. Tem mais de 400 jogos na Liga, mais de 200 na II Liga.
No Paços foi ao longo de quase uma década o principal rosto de um clube que ganhou a simpatia de muitos, fixando marcos como o primeiro apuramento de sempre para as competições europeias, em 2007. Em outubro voltou à Mata Real, 15 anos depois. Mas durou pouco – saiu ao fim de sete jogos sem qualquer vitória, entre eles quatro derrotas em outras tantas partidas na Liga.
Menos de dois meses depois foi o escolhido para substituir Vasco Faísca no Farense. E conduziu os algarvios ao regresso à Liga, numa campanha que terminou com oito vitórias consecutivas, para garantir o segundo lugar e a subida direta. Agora renovou por uma época e continua em Faro.
Entradas: Rafael Barbosa (Tondela), Luiz Felipe (Vizela), Artur Jorge (Al Bataeh), Talys (Slaven), Fran Delgado (Betis), Bruno Duarte (Damac).
Saídas: Defendi, Róbson, Abner, Sapara, Pedro Henrique (Radomiak Radom), Diogo Viana, Marcos Paulo (Paços de Ferreira), Lucão (Al-Khor)
De Sevilha para Faro, um jovem com formação de elite a despertar a atenção no Farense. Chama-se Fran Delgado, cresceu nas camadas jovens do Betis e pelo meio teve uma passagem pela «cantera» do Real Madrid.
O lateral-direito de 22 anos soma dezenas de jogos pela equipa B do clube andaluz e breves presenças na equipa principal, onde se estreou em 2021, na Copa do Rei. Na época passada foi utilizado num jogo, saindo do banco para os minutos finais da vitória sobre o Elche.
Foi aposta de José Mota logo no primeiro jogo oficial da época, o duelo com o Moreirense que apurou o Farense para a segunda ronda da Taça da Liga e tem uma época pela frente, numa primeira experiência longe de casa que representa uma oportunidade de afirmação.