Quarto lugar no campeonato, quartos de final da Liga Europa. Em 2021/22, o Sp. Braga foi longe lá fora, enquanto fazia na Liga uma época à dimensão daquilo que tem vindo a construir nos últimos anos. O clube já fixou claramente o seu lugar como líder do pelotão de perseguidores dos candidatos ao título, mas continua a tentar passar com consistência essa última barreira. Esta época, tentará fazê-lo depois de uma mudança no banco.
Carlos Carvalhal saiu ao fim de dois anos e para o substituir o Sp. Braga voltou a recorrer à prata da casa. Artur Jorge começa a época ao comando, depois de um defeso em que o Sp. Braga procurou o equilíbrio de sempre: garantir encaixes significativos com a venda de jogadores, assegurando em simultâneo uma equipa que continue a alimentar ambições altas.
O título de campeão de vendas do defeso foi assegurado cedo, com a transferência de David Carmo para o FC Porto, um recorde entre equipas portuguesas. Enquanto se arrastava a novela da eventual saída de Ricardo Horta, a grande figura do clube nas últimas épocas, Artur Jorge assumia a preparação da equipa, que viu ainda sair os defesas Yan Couto e Diogo Leite. Não teve mais baixas de primeiro plano, mas teve muitas opções para gerir, uma vez que, como os ditos «grandes», o Sp. Braga tem muitos jogadores sob contrato e decisões a tomar sobre cada um.
Artur Jorge trabalhou com um plantel alargado – levou três dezenas de jogadores para o estágio no Algarve -, enquanto procurava aplicar as suas ideias de jogo. Pelo que mostrou a pré-temporada, com bons resultados e boas indicações nos particulares que o Sp. Braga disputou, elas passam desde logo por um corte com o sistema de três centrais de Carlos Carvalhal e pela aposta no sistema de 4x4x2 utilizado pelo técnico na formação do clube.
Quanto a reforços, destaque para o extremo mexicano Diego Lainez, que chega cedido pelo Betis, bem como para Simon Banza, o avançado francês que brilhou no Famalicão e deixou em definitivo o Lens para rumar a Braga. Chegaram ainda duas apostas jovens para a defesa, ambos por empréstimo: o central Sikou Niakaté, cedido pelo Metz, e o lateral-direito Victor Gómez, internacional sub-21 espanhol.
Entre os jogadores que voltaram de empréstimo, Borja e Mário Gonzalez mantiveram-se nas opções. Artur Jorge volta ainda a contar no plantel com vários jovens da formação, aposta que tem sido regular em Braga e que promete continuar a dar frutos, com jogadores de futuro, como o avançado Álvaro Djaló ou Rodrigo Gomes, já lançado na época passada por Carvalhal e que foi um dos destaques da pré-epoca.
O novo treinador já assumiu que vai de resto manter a lógica de rotatividade entre a equipa principal e as formações B e de sub-23, pelo que o plantel nunca será estanque. É essa a esperança que podem alimentar também vários reforços anunciados no defeso para os outros escalões do clube, como Leandro Dias, que chegou do FC Porto, Costinha, ex-Académica, ou os dois jovens luso-franceses que chegaram a Braga oriundos do PSG, Jordan Monteiro e Enzo Tayamoutou.
A Liga arranca quando falta praticamente um mês para fechar o mercado e ainda pode haver alterações relevantes em Braga. Mas, sejam elas quais forem, os adeptos já não esperam menos do que um apuramento europeu tranquilo, enquanto alimentam a esperança de algo mais. Apesar do crescimento consistente, nas últimas duas décadas o Braga só por três vezes terminou acima do quarto lugar, entrando efetivamente em território dos chamados «grandes». Logo no arranque da Liga, frente ao Sporting, tem a primeira grande oportunidade para mostrar se está em condições de voltar a fazê-lo esta época.
Classificação da época passada: 4º
Melhor classificação: 2º (2009/10)
Presenças na I Divisão: 66
Objetivo: Quarto lugar como meta mínima
Foi referência da defesa do Sp. Braga ao longo de mais de uma década, somou mais de duas centenas e meia de jogos com a camisola arsenalista. O antigo capitão é um homem da casa, com um percurso como treinador centrado nos escalões de formação do clube, excetuando passagens mais ou menos efémeras pelos bancos de Famalicão, Tirsense e Limianos. Artur Jorge assume agora de corpo inteiro a equipa principal, que já tinha orientado na reta final de 2019/20.
Depois de Sá Pinto, Rúben Amorim e Custódio, foi o quarto treinador a passar pelo banco nessa época. Após duas vitórias, um empate e uma derrota, o Sp. Braga de Artur Jorge fechou a Liga a vencer o já campeão FC Porto e a aproveitar a derrota do Sporting de Amorim na Luz, para ultrapassar os leões e garantir o terceiro lugar.
No Sp. Braga, Artur Jorge treinou os iniciados, os juniores, os sub-23 e na época passada a equipa B, que terminou em terceiro lugar na Série 2 da fase de subida. Aos 50 anos, chega àquela que é, como disse, a sua «cadeira de sonho». Fá-lo num clube que não tem hesitado em assumir o risco de lançar treinadores até aí sem provas dadas. Ainda que haja poucas semelhanças entre o perfil de Artur Jorge e os de Abel Ferreira ou Rúben Amorim, jovens e em início de carreira quando se impuseram em Braga.
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Entradas: Sikou Niakaté (Guingamp, empréstimo), Victor Gómez (Espanhol, empréstimo), Simon Banza (Lens), Diego Lainez (Betis, empréstimo)
Saídas: Leonardo Buta (Udinese), Yan Couto (fim de empréstimo), Diogo Leite (fim de empréstimo), Tiago Esgaio (Arouca, empréstimo), David Carmo (FC Porto), Pablo (rescisão de contrato), Schettine (Grasshoppers, empréstimo)
Diego Lainez tinha 16 anos quando se estreou com a camisola do America, usando nas costas um inusitado número 340. Lançado por Ricardo La Volpe, o até aí desconhecido extremo tornou-se o mais jovem de sempre a representar o clube no campeonato mexicano e saltou para primeiro plano. Foi precoce também na mudança para a Europa, que aconteceu talvez demasiado cedo. Não conseguiu ganhar no Betis o espaço que procurava e aos 22 anos chega a Braga, cedido pelo clube espanhol, a tentar somar tempo de jogo para ganhar lugar no Mundial 2022.
Diego começou na formação do Pachuca, tal como o seu irmão mais velho Mauro, que continua no futebol mexicano. Mas despertou cedo a atenção do America e foi na capital mexicana que se deu a conhecer. A evidência do talento levou a que fosse rapidamente aposta na equipa principal, enquanto iniciava também o percurso nas seleções, que o levou ao Mundial sub-17 de 2017. Chegou à seleção principal logo em 2018 e no ano passado foi um dos pilares da equipa que terminou em terceiro lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Quando em janeiro de 2019 trocou o América pelo Betis, também bateu um recorde, tornando-se aos 18 anos o mais jovem mexicano de sempre a rumar à Europa. Foi uma aposta forte do Betis, mas ao longo de três temporadas e meia, embora jogando com regularidade, não conseguiu afirmar-se como primeira opção. O Sp. Braga, segundo revelou o presidente do clube, António Salvador, estava há dois meses a tentar contratá-lo. E acabou por conseguir. O Betis não quis abdicar em definitivo do jogador, que renovou antes de rumar a Braga, cedido por um ano e com opção de compra.
Matheus;
Victor Gómez, Tormena, Niakaté, Sequeira;
Iuri Medeiros, Al-Musrati, André Horta, Ricardo Horta;
Banza, Vitinha