Vítor Campelos fala em reconstrução na abordagem do Gil Vicente à nova época, uma ideia que reforça o desafio para o clube que só garantiu o novo treinador no final de junho, em cima do arranque da pré-temporada, e que viu sair algumas das principais referências.
Depois de ter feito história com o apuramento europeu e de ter passado uma pré-eliminatória da Liga Conferência, caindo no play-off, as exigências da Europa e de um arranque de época prematuro acentuaram as dificuldades do Gil no campeonato. Após a mudança de treinador, com a saída de Ivo Vieira e a entrada de Daniel Sousa, a equipa melhorou e garantiu a permanência.
Neste defeso, o Gil já não conseguiu segurar o goleador Fran Navarro, transferido para o FC Porto após duas épocas de alto nível em Barcelos. Mas houve mais saídas importantes, como as de Vítor Carvalho, Tomás Araújo, Carraça, Marín ou Aburjania.
Chegou muita gente nova, com destaque para o avançado croata Roko Baturina, que chega com o pesado rótulo de sucessor de Fran Navarro, ou para os jovens portugueses Leonardo Buta, cedido pela Udinese, e Martim Neto, promessa do Benfica à procura de crescer em Barcelos.
Quando ainda podem chegar mais reforços, há muita gente para integrar e pouco tempo para o fazer. Na estreia competitiva, o Gil Vicente caiu na primeira eliminatória da Taça da Liga, frente à Oliveirense. Campelos procurou acentuar o foco nos jogos de pré-temporada, para aprofundar um trabalho de entrosamento da equipa que terá de ser feito com o comboio em andamento. E com um arranque de Liga exigente, que passa por Guimarães à segunda jornada e pela receção ao Benfica na terceira.
Ainda assim, a ambição continua bem presente, mais ainda quando o clube entra no ano de celebração do centenário. O Gil quer tentar fazer um campeonato mais tranquilo do que na época passada e tentar olhar para algo mais, diz o treinador: «Há sempre a ambição de assegurar rapidamente a permanência, tentar fazer melhor do que a época passada e se possível fazer história, como ganhar em campos onde nunca se venceu, tal como fizemos em Chaves.»
Classificação da época passada: 13º
Melhor classificação: 5º (em 2021/22 e 1999/00)
Presenças na I Divisão: 22
Objetivo: Garantir a permanência e procurar algo mais
Vítor Campelos levou o Desp. Chaves a um notável sétimo lugar na Liga em 2022/23 e no final da temporada teve novos horizontes para explorar. Esteve iminente uma oportunidade no futebol britânico, mas o acordo com o Cardiff acabou por se gorar, com o próprio treinador revelou. «Estive 99 por cento no Cardiff. Acertámos tudo, valores, cheguei a enviar o agregado familiar dos meus adjuntos para arranjar casa, tudo. Mas o dono do clube é um senhor que vive na Malásia e decidiu escolher outro treinador», contou Campelos na apresentação em Barcelos.
Assumiu então o Gil Vicente, que acabou por não prolongar a ligação com Daniel Sousa, atrasando o processo em relação ao treinador. Campelos chegou já em cima do arranque da época.
Campelos começou como preparador físico tem de resto um longo percurso como adjunto – trabalhou vários anos ao lado de Toni. A solo, passou pelo Trofense, por uma ligação de três épocas ao V. Guimarães à frente da equipa B, pelo Moreirense e pelo Al Taawon, na Arábia Saudita.
Seguiu-se Chaves, onde em duas épocas e meia levou o clube de volta à Liga e onde orientou uma equipa muito competitiva no principal escalão. Aos 48 anos, assume que quer voltar apontar alto, agora em Barcelos.
Entradas: Vinícius Dias (Volta Redonda), Kiko Vilas Boas (Sanjoanense), Thomás Luciano (Grémio), Leonardo Buta (Udinese), Miguel Sanz (P. Ferreira), Jesús Castillo (Sporting Cristal), Roko Baturina (Ferencvaros), Tidjany Touré (Feyenoord, por empréstimo), Maxime Dominguez (RKS Rakow), Mory Gbane (Khimki, por empréstimo), Martim Neto (Benfica, por empréstimo)
Saídas: Tomás Araújo (fim de empréstimo, regressa ao Benfica), Carraça (fim de empréstimo, regressa ao FC Porto), Adrián Marín (Sp. Braga), Vítor Carvalho (Sp. Braga), Kevin Medina (fim de empréstimo, regressa ao Málaga), Fran Navarro (FC Porto), Bilel Aouacheria (Qabala), Henrique Gomes.
O Gil Vicente voltou a garantir uma promessa do Seixal. Depois da aposta ganha com Tomás Araujo, na época passada, agora é Martim Neto a chegar a Barcelos por empréstimo.
O médio de 20 anos que foi uma das referências dos sub-19 das águias na conquista da Youth League, em 2021/22, teve o futuro incerto no defeso, ele que chegou a integrar a pré-época às ordens de Roger Schmidt. Acabou por renovar contrato e optar pela saída temporária, para rodar na Liga.
Martim, que cresceu numa família de desportistas – é primo do internacional português Pedro Neto, atualmente no Wolverhampton, vem de uma época condicionada por uma lesão no joelho que o afastou dos relvados durante dois meses. Natural de Viana do Castelo, a opção pelo Gil Vicente, entre várias propostas, teve também em conta a oportunidade de estar próximo dos seus.
«Estar perto de casa permite-me ter mais apoio da família. Sempre os tive a meu lado e quero que continuem agora, que espero fazer muitos jogos e ganhar experiência», disse à chegada a Barcelos, garantindo que está determinado a agarrar a oportunidade de confirmar o seu potencial, na primeira experiência na Liga: «A ideia de crescer também foi uma das razões pelas quais vim para cá.»
Andrew;
Zé Carlos, Gabriel Pereira, Rúben Fernandes, Buta;
Castillo, Tiba, Fujimoto;
Murilo, Baturina, Boselli