O Arouca fez a campanha-sensação da época passada na Liga, o quinto lugar que igualou a melhor classificação de sempre a valeu a segunda qualificação europeia da história do clube. Agora, depois de saídas importantes, algumas delas já na reta final da pré-temporada, aborda a nova temporada a gerir várias competições, com o exemplo bem recente de que terá de o fazer tentando não perder o equilíbrio – em 2016/17, na anterior presença europeia, acabou por descer de divisão.
Armando Evangelista, o treinador que levou a equipa ao quinto lugar, rumou ao Brasil. Chegou Daniel Ramos, um técnico experiente que assumiu uma inédita presença na fase de grupos da Liga Conferência como objetivo, além da consolidação do clube na Liga.
Deixaram Arouca jogadores importantes como os médios Alan Ruiz e Soro além, já na reta final da preparação, do capitão João Basso, transferido para o Santos, e do extremo Antony, que rumou à MLS num negócio que rondará os 3,2 milhões de euros e se estima seja o mais rentável de sempre do clube.
Na preparação da época, Daniel Ramos defendeu que a gestão de uma época que envolve a presença na Europa requer bom planeamento e profundidade do plantel. Além disso, o técnico assumiu que quer preparar uma equipa mais versátil do ponto de vista tático e mais forte ofensivamente. E em nome dessa meta o Arouca reforçou a ligação espanhola, com as contratações de Cristo González, Jason Remeseiro e Miguel Puche para fazerem companhia ao goleador Rafa Mujica.
Para responder à também evidente a necessidade de reforçar o meio-campo, chegou Pedro Santos, protagonista da Liga 3 na época passada pelo Sp. Braga B, bem como o marfinense Kouassi, de regresso em definitivo depois de uma passagem pelo clube em 2022. Na defesa, garantiu a renovação do empréstimo de Tiago Esgaio.
O Arouca já garantiu um dos objetivos da época, a presença na fase de grupos da Taça da Liga, com uma vitória sobre o Rio Ave. Agora as coisas aceleram, com o arranque da Liga, em casa e frente ao Estoril, a acontecer no meio da terceira pré-eliminatória da Taça da Liga frente aos noruegueses do Brann.
Classificação da época passada: 5º
Melhor classificação: 5º (2015/16 e 2022/23)
Presenças na I Divisão: 6
Objetivo: Consolidar o estatuto na Liga
O Arouca escolheu um treinador experiente, também nas competições europeias, para suceder a Armando Evangelista, que decidiu dar novo rumo à carreira depois de levar o Arouca à Europa e rumou ao Brasileirão, para treinar o Goiás.
Daniel Ramos, de 52 anos, tem uma carreira de mais de duas décadas. Do campeonato de Portugal à Liga, o antigo médio natural de Vila do Conde que cedo optou por um percurso como treinador estreou-se no primeiro escalão em 2016, quando deixou o Santa Clara para orientar o Marítimo.
Logo na primeira temporada levou o clube madeirense a um europeu sexto lugar. Repetiu a qualificação para as competições europeias no regresso ao banco do Santa Clara, em 2020/21. Na temporada seguinte liderou os açorianos até ao play-off da Liga Europa e num novo arranque positivo na Liga, antes de sair a meio da temporada para a Arábia Saudita.
Depois da experiência no Médio Oriente, esteve longe dos bancos em 2022/23. Agora, decidiu voltar a Portugal, aliciado pelo projeto do Arouca. «Pelo que me foi pedido, pelas intenções que eram comuns, decidi que era um passo importante porque o desafio é alto e queria isso para mim», afirmou no lançamento da época.
Entradas: Pedro Santos (Sp. Braga), Cristo González (Udinese), Jason Remeseiro (Alavés), Eboué Kouassi (Genk), Tiago Esgaio (empréstimo do Sp. Braga) e Miguel Puche (Saragoça)
Saídas: Sema Velázquez (Santa Clara), Arsénio (Leiria), Ismaila Soro (fim de empréstimo, regressa ao Celtic), Bruno Marques (fim de empréstimo, regressa ao Santos), Alan Ruiz (Sport), João Basso (Santos), Antony (Portland Timbers);
Cristo chega para ajudar o Arouca a criar mais golos, um objetivo assumido por Daniel Ramos. Aos 25 anos, o avançado que fez parte dos quadros do Real Madrid traz um currículo com muito que contar e também deu provas do seu potencial goleador na pré-temporada.
Natural das Canárias, Cristo González fez a formação no Tenerife, onde chegou à equipa principal e despertou a atenção do Real Madrid. Evoluiu na equipa B dos merengues e em 2018/19, numa época em que marcou 21 golos pelo Castilla, foi chamado à equipa principal, lançado por Santiago Solari, o treinador que sucedeu a Julen Lopetegui. Teve uma estreia de sonho, marcando um golo ao fim de menos de dez minutos em campo num jogo de Taça do Rei com o Melilla, e estreou-se também na Liga, rendendo um lesionado Benzema ao intervalo numa vitória sobre o Betis.
Fez ao todo quatro jogos pelo Real Madrid, mas desvinculou-se do clube no verão seguinte, para assinar pela Udinese. Pouco utilizado no clube italiano, foi cedido em épocas sucessivas a clubes espanhóis, começando desde logo pelo Huesca, onde foi decisivo na conquista da II Liga e da subida ao primeiro escalão em 2019/20. Na temporada passada representou o Sp. Gijón, onde fez 37 jogos e marcou seis golos. Agora assinou por dois anos com o Arouca, onde não terá dificuldades de comunicação com os companheiros – são cinco os espanhóis do plantel.