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Benfica: «upgrade» de campeão

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Benfica-FC Porto (Lusa)

Análise

Depois de uma pré-temporada em que procurou subir de nível na qualidade e profundidade do plantel, o campeão nacional começou a época a vencer a Supertaça frente ao grande rival e a ganhar uma dose adicional de confiança. Ainda que tenha perdido em cima do arranque a principal referência goleadora, o Benfica passou a ideia de uma aposta forte, com mais capacidade de investimento que os rivais, para uma época em que o título nacional vale mais do que nunca. É que este campeonato, todos têm isso presente, abre as portas a uma Liga dos Campeões renovada com mais dinheiro para distribuir e onde só entra diretamente o campeão português.

Na preparação da época, o Benfica começou por partir da continuidade da base da equipa que quebrou uma travessia de três anos sem troféus e conquistou o título nacional. Perdeu Grimaldo, mas renovou com Otamendi e segurou Rafa. Depois, voltou a fazer uma aposta forte no mercado. Desde logo com o regresso de Angel Di María, carregado de simbolismo e ilusão. O agora campeão do mundo voltou ao lugar onde jogou entre 2007 e 2010 e onde se revelou para o futebol europeu. Já tem 35 anos, mas está a mostrar em campo que a energia e a magia continuam lá.

As águias voltaram a bater o recorde nacional para uma contratação, na procura de um reforço para a posição onde não tinha sido ainda compensada a saída de Enzo Fernández a meio da última época. O escolhido foi o internacional turco Orkun Kökcü e para o garantir o Benfica gastou 25 milhões de euros fixos mais cinco variáveis, além de uma percentagem de uma futura venda para o Feyenoord. Supera assim o anterior recorde, os 24 milhões pagos por Darwin Nuñez.

Já em cima do arranque da Liga o Benfica encontrou o reforço que procurava para concorrer com Vlachodimos na baliza, uma necessidade identificada há muito na Luz. A busca arrastou-se ao longo da pré-temporada mas terminou com a chegada do ucraniano Anatoliy Trubin, contratado ao Shakhtar Donetsk por um valor base de 10 milhões de euros. A lista de compras incluiu ainda o checo David Jurásek, num negócio de 14 milhões de euros, mais uma contratação que representou um investimento avultado para o futebol português e acentua a ideia da maior capacidade das águias no mercado face à concorrência.

Na mesma linha enquadra-se a forma como o Benfica conseguiu garantir Arthur Cabral, outro reforço anunciado já depois da Supertaça. A contratação resultou da necessidade de encontrar uma referência para o ataque face à saída de Gonçalo Ramos, e o processo desenrolou-se rapidamente, num negócio base de 20 milhões de euros. 

Essa capacidade financeira do Benfica depende em boa parte da estratégia de potenciar e vender jogadores. Onde se enquadra uma saída como a de Gonçalo Ramos, na semana da Supertaça e do arranque da Liga. O avançado que explodiu com Roger Schmidt e foi o melhor marcador das águias na temporada passada rumou ao PSG, para já sob a forma de empréstimo, que se transformará num negócio de 65 milhões fixos mais 15 em variáveis daqui por um ano.

Quanto a entradas, falta ainda a oficialização da continuidade de Gonçalo Guedes, que chegou em janeiro, cedido pelo Wolverhampton. Do lado das saídas, além de Ramos e Grimaldo,que terminou o contrato e uma ligação de oito anos às águias, deixaram até agora a Luz  jogadores que tinham perdido espaço nas opções de Schmidt, como o central Lucas Veríssimo e o lateral Gilberto, bem como o avançado Draxler, de volta ao PSG depois de uma passagem discreta por Portugal. As águias também resolveram alguns casos pendentes, como a saída em definitivo de Seferovic, já depois de Julian Weigl.

Jovens como Tiago Dantas e Henrique Araújo voltaram a ser cedidos, mas no Seixal continuam de resto vários jogadores a que Roger Schmidt pode recorrer. António Silva e João Neves, de pedra e cal na primeira equipa desde a época passada, são os melhores exemplos do aproveitamento desse potencial, mas há mais opções. Até ao fecho do mercado será possível perceber melhor quem pode vir a ter mais oportunidades na Luz entre os jovens que já estão na órbita da primeira equipa, como Tomás Araújo, Andreas Schjelderup, Paulo Bernardo, Tomás Gouveia ou Casper Tengstedt.

Tudo somado, o Benfica apresenta-se com mais soluções. Ainda assim, houve mudanças e há novas opções para enquadrar. Um processo que não é linear, como mostraram as derrotas nos dois últimos jogos de preparação, banhos de realidade a arrefecerem um pouco alguma tentação de euforia na Luz. Ou a primeira parte da Supertaça com o FC Porto, antes de Schmidt mexer na equipa.

O treinador rejeita a ideia de que o Benfica parte na frente da corrida e para reforçar a convicção tem bem viva a experiência do ano passado, quando a equipa perdeu o fulgor inicial e foi vendo diminuir os 10 pontos que chegou a ter de vantagem. Schmidt pôs as coisas em perspetiva logo no final da época: «Não recebemos bónus de pontos pelo título, começamos todos do zero. Sou muito humilde e sei o quão difícil será.»

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A festa do Benfica campeão (Carlos Rodrigues/Getty Images)

Calendário do Benfica

Classificação da época passada: Campeão

Melhor classificação: 38 vezes campeão nacional

Presenças na I Divisão: 89

Objetivo: Revalidar o título de campeão nacional

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Benfica-FC Porto (Lusa)

Treinador: Roger Schmidt

Roger Schmidt representou o início de uma nova era no Benfica. Primeira grande aposta para o banco de Rui Costa como presidente, o alemão levou à Luz um projeto de jogo entusiasmante, reforçado por um arranque avassalador. Não manteve esse domínio até ao fim, mas apesar de a equipa ter vacilado Schmidt segurou o objetivo essencial, o 38º título de campeão nacional. Fez ainda uma das melhores campanhas do Benfica na Liga dos Campeões em muitos anos, até aos quartos de final.

«Estamos muito orgulhosos e aliviados. Foi duro até ao último minuto», desabafou o alemão no balanço da temporada, um ano depois de ter chegado e seduzido os adeptos das águias logo ao aterrar em Lisboa, quando disse que quem ama o futebol ama o Benfica.

Quando contratou Schmidt, o Benfica foi buscar também uma identidade, aquela que o treinador tinha construído ao longo de um percurso atípico. O jogador com uma carreira discreta que se tornou engenheiro, que aceitou um part-time como treinador e acabou por deixar o emprego quando decidiu que o seu futuro seria nos bancos, revelou-se à Europa no RB Salzburgo com a sua proposta de jogo feita de intensidade e vertigem. Deu depois o salto para o Bayer Leverkusen, passou pela China e a seguir rumou aos Países Baixos, para duas épocas no banco do PSV Eindhoven. Seguiu-se o Benfica.

Na Luz, Schmidt correspondeu às expectativas e o futebol sedutor do Benfica resultou em 13 vitórias seguidas a abrir, em velocidade-cruzeiro até à paragem para o Mundial. Depois, num processo com muitas variáveis, da saída do agora campeão do mundo Enzo Fernández em janeiro à forma como Schmidt geriu – ou não geriu – os jogadores-chave da equipa, o Benfica foi perdendo gás. Surgiram então as primeiras questões em volta do trabalho do treinador, nomeadamente quanto à sua gestão do tempo do jogo. E os números confirmam que o alemão teve uma abordagem mais «conservadora» que os rivais, com os 11 mais utilizados na época a jogarem 76.3 por cento dos minutos, valor que sobe para 80,2 por cento contando apenas a Liga. A forma como irá fazer agora essa gestão é um dos pontos a seguir na próxima temporada.

Schmidt ganhou o 38 e a sua relação com o clube é a de um casamento feliz. Com votos renovados, depois de ter prolongado contrato em abril até 2026. O alemão diz que viveu na Luz, com a conquista do campeonato, «o momento mais lindo e grandioso» da sua carreira. E quer viver mais momentos como esse.

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Banco de suplentes (Foto Getty Images)

Plantel

Plantel do Benfica

Entradas: Orkun Kökcü (Feyenoord), Ángel Di María (Juventus), David Jurásek (Slavia Praga), Trubin (Shakhtar Donetsk), Arthur Cabral (Fiorentina)

Saídas: Grimaldo (Bayer Leverkusen), Draxler (fim de empréstimo, regresso ao PSG), Gilberto (Bahia), Lucas Veríssimo (empréstimo ao Corinthians), Gonçalo Ramos (PSG);

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Benfica-FC Porto (Lusa)

Atenção a: Orkun Kökcü

«É pressão, mas estou habituado. Na liga neerlandesa também tinha muita pressão, porque era novo e era capitão de equipa. Gosto disso.» Foi assim que Orkun Kökcü comentou o facto de chegar à Luz com o rótulo de jogador mais caro da história do clube. Aos 22 anos, o novo 10 da Luz conjuga qualidade com maturidade.

Foi com a braçadeira de capitão que Kökcü liderou o Feyenoord na conquista do campeonato dos Países Baixos na época passada, o primeiro em seis anos. Começou essa temporada ao lado de Aursnes e os dois preparam-se para reeditar a dupla na Luz. «Joguei com o Fredrik uma época antes de ele vir e disse-lhe que me tinha deixado cedo demais. Agora, um ano depois, volto a ter a oportunidade de jogar com ele. Combinamos bem em campo e estou feliz por voltar a jogar com ele e também por Roger Schmidt ser o treinador. Ele conhece-me, e eu a ele».

Schmidt conhece Kökcü desde os tempos em que treinou o PSV Eindhoven. E tinha o médio na mira há vários meses, pelo menos desde a saída de Enzo Fernandéz. Foi o próprio jogador quem o disse. «Falei com o clube em janeiro e, depois disso, vi os jogos, fiz a minha pesquisa sobre o Benfica», contou Kökcü, ele que também revelou que os seus pais estiveram na Luz em abril a assistir ao Benfica-Inter: «O sentimento que tive é que é muito acolhedor, um clube muito grande, com muitos adeptos, grandes fãs. É o passo perfeito para a minha carreira.»

Kökcü chegou muito jovem ao Feyenoord. Nascido nos Países Baixos, o jogador de origem turca começou por jogar em vários pequenos clubes, antes de rumar ao Groningen. Aos 13 anos mudou-se para Roterdão e foi na formação do Feyenoord que cresceu. Tinha apenas 17 anos quando se estreou na primeira equipa, lançado por Giovanni Van Bronckhorst. Por essa altura ainda não tinha feito a escolha definitiva da seleção que iria representar. Chegou a jogar pelos Países Baixos nas seleções jovens, mas em 2019 optou pela Turquia. Esteve no Europeu sub-21 de 2021, já depois de se ter estreado pela seleção principal, e integrou os eleitos da Turquia para o Euro 2020.

No Feyenoord, foi uma certeza no meio-campo época a época. No verão do ano passado passou a usar a braçadeira de capitão e arrancou para mais uma temporada de alto nível, que terminou com 46 jogos e 12 golos, o seu melhor registo frente à baliza.

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Genéricas Maisfutebol

Equipa-tipo

Vlachodimos (Trubin);

Bah, António Silva, Otamendi, Jurásek;

Kökcü, Aursnes;

Di María, Rafa, João Mário;

Arthur Cabral

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