Foi um defeso de muitas mudanças na Amoreira. Desde logo no banco, onde chegou Álvaro Pacheco para liderar uma equipa que perdeu muitas das referências do plantel. Com a aposta no treinador que se distinguiu pelo futebol positivo no Vizela, o Estoril vai tentar de novo procurar potenciar jogadores jovens, para tentar fazer um campeonato mais tranquilo do que na época passada, quando a equipa passou por um sobressalto antes de garantir a permanência. O Estoril chegou a estar perigosamente perto da zona de descida quando Nélson Veríssimo deu lugar a Ricardo Soares, em fevereiro.
Tiago Gouveia, Francisco Geraldes, João Carvalho, Rosier, Joãozinho, Tiago Santos, Mexer, Lucas Áfrico ou João Gamboa, A lista de saídas é longa, entre jogadores que terminaram contrato, finais de empréstimo ou rescisões. Na abordagem ao mercado, depois de também o diretor-desportivo Pedro Alves ter deixado o clube, o Estoril demorou a conseguir resolver alguns processos, enquanto acentuava a aposta na juventude, numa pré-época que incluiu vários jogadores promovidos dos sub-23, terceiros na Liga Revelação na época passada.
Para já, esse sangue novo traduziu-se em duas vitórias que garantiram o apuramento para a fase de grupos da Taça da Liga. Primeiro frente ao Paços de Ferreira e depois numa goleada ao Belenenses (5-1) com sete sub-23 no onze inicial, que demonstrou bem o potencial da juventude na Amoreira.
Quanto a reforços, o Estoril começou por assegurar o extremo Heriberto Tavares e garantir a continuidade do avançado Alejandro Marqués, bem como de Rafik Guitane, agora em definitivo. Para o meio-campo chegaram ainda o experiente Alex Soares, de volta a Portugal, e o escocês Jordan Holsgrove, que na época passada representou o Paços Ferreira.
Depois, fechou uma mão cheia de contratações na semana do arranque da Liga. Desde logo Rodrigo Gomes, jovem avançado de enorme potencial e já com experiência na equipa principal do Sp. Braga, que chega por empréstimo dos arsenalistas. E também concluiu uma jogada que poucos antecipariam, promovendo o regresso a Portugal de Eliaquim Mangala, ex-jogador do FC Porto, que está sem competir há mais de um ano e assinou depois de um período de avaliação.
Chegaram ainda o internacional sub-19 francês Koba Koindredi, cedido pelo Valencia, o central uruguaio Erick Cabaco, o lateral espanhol Raúl Parra e o guarda-redes Marcelo Carné, ex-Marítimo.
A Liga está aí, com o Estoril a estrear-se em Arouca, mas não são de excluir mais movimentações de mercado, num clube que tem aproveitado também o filão dos jogadores cedidos pelos chamados «grandes».
Classificação da época passada: 14º
Melhor classificação: 4º (em 2013/14 e 1947/48)
Presenças na I Divisão: 28
Objetivo: Uma época mais tranquila
Nos festejos do golo que selou a vitória do Estoril sobre o Paços Ferreira na ronda inaugural da Taça da Liga, o primeiro jogo oficial da época, Cassiano tirou a boina a Álvaro Pacheco e passeou-se com ela, um momento de bonomia entre o novo treinador e os jogadores do Estoril.
Durante três épocas e meia, o futebol português habituou-se a ver Pacheco e a sua boina no banco do Vizela, a orientar uma equipa com boas ideias de jogo, mas o treinador que levou o Vizela à Liga apenas pela segunda vez na sua história saiu abruptamente em novembro, com o clube a invocar «divergência de opiniões em relação ao projeto desportivo» para explicar o divórcio.
Álvaro Pacheco, que tinha apenas uma experiência anterior em Fafe como treinador principal depois de um longo percurso como adjunto, passou o resto da temporada longe dos bancos. E no defeso assumiu a oportunidade que surgiu no Estoril com a saída de Ricardo Soares, um casamento que, aliando a filosofia do técnico à do clube, parece fazer sentido. Aos 52 anos, este é na verdade um regresso à Amoreira: antigo avançado, Pacheco já tinha representado o Estoril no final do anos 90. Em duas épocas na II Liga, alinhou em 38 partidas e marcou 12 golos.
Entradas: Heriberto Tavares (Famalicão), Alejandro Marqués (Juventus), Rafik Guitane (Stade Reims), Alex Soares (Petro Luanda), Holsgrove (Olympiakos, empréstimo), Wagner Pina (Belenenses), Rodrigo Gomes (Sp. Braga, empréstimo), Eliaquim Mangala, Raúl Parra (Cádiz), Erick Cabaco (Getafe), Marcelo Carné (Marítimo)
Saídas: Mexer, João Carvalho (fim de empréstimo, regressa ao Olympiakos), Gamboa (fim de empréstimo, regressa ao OH Leuven), Rosier, Francisco Geraldes, Tiago Gouveia (fim de empréstimo, regressa ao Benfica), Carlos Eduardo (fim de empréstimo), Joãozinho (Torreense), Lucas Áfrico (FK Qabala), Tiago Santos (Lille)
Não é um reforço, mas tem tudo para ser uma mais-valia. O médio ofensivo que se destacou na época passada na equipa sub-23 do Estoril é um jogador com qualidade de toque e capacidade de chegar à área, como atestam os 12 golos e duas assistências da última temporada.
Pavlic nasceu em Roterdão, filho de pais sérvios. Passou por vários clubes neerlandeses e aos 14 anos mudou-se para a Bélgica. Em teoria, é elegível para representar as três seleções, as duas de acolhimento e a do país de origem familiar.
Chegou a integrar a equipa principal do Antuérpia, mas saiu antes de se estrear. Entre as opções que se abriram, escolheu Portugal e a Académica. Na Briosa, na difícil época que selou a descida do clube à Liga 3, teve poucas oportunidades na primeira equipa, mas ganhou espaço de afirmação na equipa sub-23.
Na temporada passada voltou a mudar, optando pelo Estoril. E agora é uma das apostas claras de Álvaro Pacheco, titular nas duas partidas de Taça da Liga que assinalaram o arranque da época.