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Beto: a incrível história de um jackpot que virou pesadelo em Tires

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URD Tires

I – Jackpot ou dor de cabeça?

(Reportagem publicada a 02/11/2023)

Quando a 8 de outubro de 2021 a Udinese enviou por email os detalhes com o valor a que a União Recreativa e Desportiva de Tires teria direito relativamente à contribuição solidária pela transferência de Beto do Portimonense para o clube italiano, Fernando Lopes achava que só tinha motivos para sorrir.

Além da felicidade por ver um filho da casa dar o salto para uma das principais Ligas do Mundo, aqueles 188 mil, 42 euros e 11 cêntimos permitiriam ao clube do concelho de Cascais viver mais desafogadamente: pagar tranquilamente a fatura da energia, superior a 35 mil euros por ano, fazer algumas obras e, quem sabe, renovar a frota automóvel.

Tudo parecia transparente nesse documento carimbado e assinado à mão por Fabio Vittori, responsável administrativo pelas transferências internacionais da Udinese, o mesmo que dois dias antes tinha enviado outro email idêntico, mas com um erro, rapidamente corrigido, no valor da contribuição do Tires, estimada inicialmente em menos 5 mil euros. A forma como se chegou ao novo valor calculado de uma transferência feita por 7 milhões de euros fixos – 51,04 por cento da verba total do mecanismo revertia para o Tires – e as datas do vencimento das três prestações acordadas: a primeira (50 por cento do valor) de 94.021 euros e as restantes de 47.010 euros cada. O diretor do clube italiano solicitava ainda que lhe fossem enviados os detalhes bancários e uma fatura para avançar com o pagamento.

Dois dias depois, a fatura, no valor de 188.042,11 euros foi emitida e enviada por email, tal como um comprovativo da conta bancária do Tires no Millennium BCP, para onde devia ser feita o pagamento da primeira prestação até 31 outubro, apesar do pedido do Tires para que a transferência fosse feita até dia 20.

E é aqui que começa o enredo de uma história de contornos rocambolescos. Da luta solitária de um modesto clube então da 2.ª distrital da AF Lisboa para receber o que lhe é devido.

Hoje, dois anos depois, Beto até já nem joga no Calcio, o Tires prepara-se para receber do Everton nova verba considerável e a primeira tranche do pagamento da Udinese continua sem dar entrada na conta do clube português.

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Beto, Udinese (Timothy Rogers/Getty Images)

II – Udinese falha data do pagamento

«Eles pediram-nos as faturas, nós enviámo-las e tudo correu bem até recebermos um email a pedirem desculpa por não terem feito a primeira transferência, porque um tipo deles tinha estado ausente com covid», recorda ao Maisfutebol Fernando Lopes.

A pessoa a quem o presidente do Tires se refere é Matteo Zanetti, hoje já sem ligação à Udinese mas à data responsável financeiro do clube, mas na altura dessa justificação, em dezembro, já muito tinha acontecido.

Fernando Lopes, presidente do Tires

Logo após 31 de outubro, data-limite para o pagamento da tranche de 94 mil euros, intensificaram-se as trocas de emails. Depois de alegarem que o pagamento não tinha sido feito devido à ausência de um comprovativo do IVA intracomunitário que Fernando Lopes enviou nos dias 3 e 8 de novembro, os italianos voltaram a entrar em contacto a 10 de novembro. Na troca de emails consultada pelo nosso jornal, Matteo Zanetti informa que o pagamento foi autorizado e que a transferência será feita durante a semana seguinte.

Nas três semanas seguintes, os contactos feitos por Fernando Lopes e por José Carlos Brunheta, tesoureiro do Tires, não tiveram retorno. A 19 de novembro, surgiu a primeira ameaça de queixa para a FIFA e a 22 e a 25 seguiram novos pedidos de informação sobre a transferência. O silêncio dos italianos foi interrompido no início de dezembro, quando o responsável financeiro da Udinese alegou que não respondeu devido a covid-19, que o impediu de trabalhar durante 25 dias: «Pedimos novamente desculpas», escreveu.

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Estádio Friuli, Udinese (MB Media/Getty Images)

III – Interceção de emails, endereços falsos e envio de IBAN não pertencente ao Tires

«Caro Matteo. Espero e desejo que esteja tudo bem consigo. Continuamos então a aguardar que resolva rapidamente a situação. Aguardamos por informação. Melhores cumprimentos.»

A desesperar por notícias vindas de Itália, José Carlos Brunheta pressionou a 11 de dezembro.

Desconhecia, no entanto, que outro «José» estaria já em contacto com a Udinese. Como aquele, que assinou «Josè» (com acento grave), e que pediu, quase um mês antes, que o pagamento fosse efetuado com a máxima urgência. Esse email, que o emblema transalpino anexaria mais tarde como prova na defesa junto da FIFA, continha em anexo um documento alegadamente oficial assinado por um alegado responsável do Banco Montepio e um screenshot de uma conta em nome de um tal de Bruno

Manuel (segundo nome), ambos com um novo IBAN – a substituir o do Tires, registado numa outra instituição bancária portuguesa e enviado logo em outubro – para o qual a transferência deveria ser feita «ASAP». Estávamos a 12 de novembro.

Na queixa efetuada pela Udinese na polícia italiana a 3 de janeiro de 2022, o clube da Serie A informou que o pedido de alteração de IBAN foi feito pela primeira vez a 3 de novembro através de um email do endereço «urdtires@aafli.com».

Diferente do da União Recreativa de Tires. Faltavam os dados bancários que, segundo a mesma denúncia, seguiram dois e nove dias depois. Primeiro, do endereço terminado em @aafli.com; depois, do correspondente ao do Tires, terminado em @afl.pt.

O «outro» José voltou a contactar a Udinese a 7 de dezembro, poucos dias depois do regresso de Matteo Zanetti ao trabalho pós-covid. «Por favor, informe-nos sobre o pagamento e em anexo tem também os detalhes bancários para o vosso pagamento. Precisamos de ter a confirmação do pagamento hoje!!!», lia-se nesse email que a Udinese diz ter recebido e que também anexou à defesa na FIFA: uma vez mais, seguiram os dados bancários alegadamente validados pelo Montepio. E reforçou o pedido, novamente com os mesmos dados bancários e voltando a assinar «Josè».

Ao Maisfutebol, José Carlos Brunheta garante que no Tires só se soube da existência do email terminado em @aafli no final de dezembro, quando a Udinese reencaminhou um email que dizia ter recebido desse endereço e o próprio confrontou os responsáveis do clube italiano. Diz ainda que parte da correspondência trocada entre os clubes – e que a Udinese anexou na defesa à denúncia do Tires na FIFA – desapareceu misteriosamente da caixa de email do clube de Cascais.

O que dá força à tese de que o email do Tires foi invadido e utilizado para comunicar várias vezes para Itália entre novembro e dezembro de 2021 para que a transferência fosse desviada do clube português.

«Foi solicitado pelo presidente do Tires um Backup [cópia de segurança] à caixa de correio, o qual foi efetuado, sendo entregue ao presidente, o mesmo, numa unidade externa (Pendrive)», esclareceu ao nosso jornal a Associação de Futebol de Lisboa, que confirmou ainda ter sido contactada pelo presidente do Tires para que fosse alterada a senha de acesso ao email do clube.

Esse Backup foi pedido à Altice, responsável pelo servidor que aloja os endereços da AFL, que disse não ter conhecimento de qualquer quebra de segurança. «Nem da nossa parte nem por parte da Altice.»

Na queixa à Polizia, a Udinese informou que o IT Manager do clube não encontrou, após verificação completa da estrutura informática do clube da Serie A, qualquer tipo de intrusão externa.

A 7 de dezembro foi enviado para o Tires um outro email. «Peço desculpa pelo atraso na resposta, mas infelizmente estive fora do escritório nos últimos 25 dias devido a covid. Voltei hoje. Vou voltar a pegar no assunto e tentarei resolver a situação o mais rapidamente possível.»

O conteúdo era o mesmo de outro email enviado pelo verdadeiro Matteo Zanetti quatro dias antes – e que os dirigentes do Tires garantem não ter registo dele à data – quando o responsável financeiro da Udinese terá voltado, aí sim, ao trabalho. Mas o endereço de email era outro: terminava em «.com» e não em «.it». E foi para este endereço que o tesoureiro do Tires respondeu a 11 de dezembro, sem saber que estaria – na versão da Udinese – a contactar um falso Matteo Zanetti.

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IV – Transferência efetuada. O início do pesadelo

A 13 de dezembro, Matteo Zanetti enviou um email a dar conta de que o pagamento da primeira tranche foi finalmente realizado nessa data: mês e meio depois do prazo acordado entre os clubes.

No dia seguinte, chegou ao Tires novo email, enviado pelo endereço «.com» de Matteo Zanetti. «Pedimos desculpa pelo atraso na realização do vosso pagamento devido a covid 19 finalmente toda a documentação para o pagamento será aprovada esta semana. O pagamento estará na vossa conta antes de 20 de dezembro de 2021 agradecemos novamente a vossa paciência», podia ler-se numa mensagem praticamente sem pontuação. Mais tarde, a Udinese denunciaria na Polizia di Stato que este email não pertencia ao clube.

 

Na mesma queixa à polícia, o emblema italiano disse ter ficado sem resposta quando informou, a 13 de dezembro, que o pagamento já tinha sido efetuado e quando, dois dias depois, enviou um documento com os detalhes do pagamento. Só a 16 de dezembro chegou uma resposta, após novo contacto da Udinese, desta vez feito para o email oficial do Tires e para o outro terminado em «@aaafli.com», do qual a resposta foi enviada minutos depois. «Muito obrigado pelo pagamento, foi bem recebido. Josè.»

Aqui, o leitor já percebeu que os 94.021,05 euros foram transferidos com sucesso para uma conta sediada no Banco Montepio. Mas a direção da União Recreativa e Desportiva de Tires ainda não o sabia. Só sabia que não tinha entrado um cêntimo no clube.

«Apesar de terem enviado uma espécie de prova de que a transferência feita a 20 de dezembro, pedimos que contactem o vosso banco e peçam explicações sobre o porquê de sete dias depois a mesma não ter ainda chegado à conta da União Recreativa e Desportiva de Tires.» A 27 de dezembro, José Carlos Brunheta pediu explicações a Matteo Zanetti num email também dirigido a outros dois dirigentes da Udinese: Fabio Vittori, responsável administrativo pelas transferências internacionais, e Giancarlo Borhy, gestor administrativo do clube.

Como resposta, a direção do Tires recebeu aquilo que a Udinese achava ter sido uma confirmação do emblema português, mas que havia sido enviada pelo endereço terminado em @aafli.com: «Muito obrigado pelo pagamento, foi bem recebido. Josè.»

 

Os últimos dias de 2021 trouxeram outras más notícias: os dirigentes do clube italiano reiteraram que a transferência tinha sido feita para uma conta no Montepio, tal como, alegavam, isso lhes tinha sido pedido pelo Tires.

Só que não.

Foi aqui que os dirigentes do Tires perceberam, apesar dos envios de correspondência, entretanto desaparecida do histórico, através do próprio email do clube de Cascais com anexos da conta no Montepio, que havia uma conta neste banco.

«Quando viu isso, a 28 de dezembro, o José [Carlos Brunheta] enviou um email ao Matteo Zanetti. E ele no dia 29 voltou a insistir com aquela conta bancária. E nós, pouco depois, enviámos-lhes novamente os dados com os documentos oficiais do nosso banco no Millennium. Que já lhes tínhamos enviado logo numa fase inicial do processo, a 10 ou 11 de outubro», explica Fernando Lopes.

Só mais tarde saberiam que tinha mesmo entrado nela o montante que deveria ser transferido para o Tires.

Por esta altura, Fernando Lopes desconfiava da lisura da Udinese. Pelas justificações, e falta delas também, para os atrasos no pagamento e pelos aparentes avanços e recuos no processo.

«Sempre que pedimos uma prova da transferência feita pela Udinese para a conta bancária do Tires, há uma história nova e completamente diferente. A mais recente é que a transferência foi feita para uma conta no Montepio, quando o Tires nunca teve conta nesse banco. Antes, a Udinese enviou-nos uma espécie de recibo com data de 20 de dezembro a informar-nos que em dois ou três dias teríamos o dinheiro na nossa conta e colocaram lá o IBAN da conta correta no Tires no Millennium BCP», escreveu o dirigente.

Este recibo – «Dettaglio Pagamento» - era quase uma cópia de outro que a Udinese garantiu, na FIFA e na denúncia à Polizia, ter enviado para o Tires, mas que não foi visto quando terá sido enviado pela primeira vez: a 15 de dezembro.

Um, o que o clube italiano reconhece, tinha a data de 13 de dezembro e o IBAN da conta no Montepio.

 

O segundo parecia rasurado, tinha o dia 20 a negrito e o IBAN e o BIC (código internacional bancário) com tamanhos de letra diferentes.

Este último foi enviado por um falso Matteo Zanetti, cujo email terminava em «.com» e que a Udinese garantiu não lhe pertencer. «O comprovativo do pagamento é claramente falso/modificado», declararam os responsáveis do clube italiano na denúncia à polícia.

A 4 de janeiro de 2022, no mesmo dia em que a direção do Tires enviou um email seco a intimar a Udinese a resolver a situação de uma vez por todas, Fernando Lopes recebeu uma resposta de Giancarlo Borhy. O dirigente do clube italiano reiterava que o pagamento tinha sido feito para a conta cujos comprovativos tinham sido enviados do email verdadeiro do Tires a 12 de novembro e a 7 de dezembro e anexou esses emails nos quais constavam os pedidos.

E foi aqui que os responsáveis do clube português se depararam, pela primeira vez, com a alegada carta do Banco Montepio a certificar a conta do Tires nesta instituição bancária e o screenshot com o nome de Bruno Manuel no cabeçalho e o nome do clube português mais em baixo. Em anexo ao email estava também o documento em italiano com os detalhes da transferência feita a 13 de dezembro. Não rasurado.

«Seguindo estas instruções, a Udinese fez o pagamento», referiu, acrescentando que o clube da Serie A «agiu sempre de forma correta». Foi neste email que o dirigente dos italianos informou ter sido feito na véspera uma denúncia à polícia. Giancarlo Borhy aconselhou ainda o presidente da União Recreativa e Desportiva de Tires a fazer o mesmo em Portugal.

A Udinese não respondeu às várias questões enviadas pelo Maisfutebol.

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V – Tires avança para a FIFA

Os recorrentes atrasos e a ausência de comunicação vinda de Itália – entretanto justificada por Matteo Zanetti – levaram o Tires a avançar para a FIFA a 30 de novembro. E, já depois de os dirigentes da Udinese terem garantido que a transferência tinha sido feita para a conta do Montepio, alegando que os dados da mesma lhes tinham sido fornecidos pelos dirigentes do Tires, o caso chegou à Câmara de Resolução de Litígios do organismo.

No requerimento submetido a 8 de janeiro de 2022 por uma empresa de advogados, foi feito parcialmente o enquadramento do caso. Na prática, e apesar de o Tires ter aceitado que o pagamento da primeira tranche fosse feito até 31 de outubro, a Udinese já estaria a incumprir o Regulamento da FIFA sobre o Estatuto e Transferência de Jogadores, que obriga a que os pagamentos solidários aos antigos clubes sejam pagos nos 30 dias subsequentes ao registo de um atleta por um novo clube: Beto foi oficializado pela Udinese a 31 de agosto de 2021. No fim, era pedido que a Udinese fosse condenada a pagar a contribuição solidária e as custas do processo.

Onze dias depois, a FIFA respondeu, instando a Udinese a fazer o pagamento no prazo de 45 dias, podendo qualquer um dos clubes contestar a proposta até 3 de fevereiro.

A 28 de janeiro, Franco Collavino, diretor-geral da Udinese, respondeu, dizendo que o clube italiano rejeitava a proposta. Pediu também uma extensão de cinco dias para que fossem preparados, até 8 de fevereiro, os argumentos de defesa com todo o histórico das conversações com o Tires e a documentação que o dirigente entendia serem suficientes para libertar o clube italiano da obrigação de um pagamento que alegavam já ter feito.

Entre os muitos anexos estavam emails trocados com o Tires e outros que os dirigentes do Tires só vieram a ter conhecimento deles no final de dezembro, como os que continham em anexo a alegada carta do Banco Montepio e o screenshot com o nome de Bruno Manuel no cabeçalho e o nome do clube português mais em baixo e também os que não tiveram resposta imediatamente a realização da transferência. Os detalhes do pagamento com a data de 13 de dezembro também foram enviados, agora carimbados pelo banco da Udinese – o Civi Bank – que certificou que a transferência tinha mesmo sido concretizada.

Esses argumentos foram suficientes para que o Tribunal do Futebol entendesse que estava provado que o emblema da Serie A tinha feito o pagamento da tranche em falta.

Mesmo que para uma conta não pertencente ao Tires.

«Constatámos pelo conteúdo da correspondência que a Udinese Calcio aparentemente pagou a contribuição de solidariedade. (…) Pedimos gentilmente que informem, até 14 de fevereiro, se o pagamento foi recebido. (…) Caso seja confirmada a receção do pagamento, consideraremos o assunto resolvido e procederemos ao encerramento do processo», lia-se na resposta da FIFA enviada a 9 de fevereiro, um dia depois da defesa da Udinese.

Após envio de nova documentação submetida pelo Tires, a FIFA informou, a 17 de fevereiro, que a fase de investigação do processo já estava encerrada e que, por isso, não seriam aceites novos dados para juntar ao processo. A fundamentação da FIFA estava ao alcance do Tires mediante o pagamento das custas processuais: 15 mil dólares, qualquer coisa como 14,2 mil euros na taxa de câmbio atual.

E o Tires ficou por aí no Tribunal do Futebol da FIFA.

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VI – À procura de Bruno

O nome de Bruno estava num dos dois documentos (o screenshot) que a Udinese garantiu ter recebido do Tires. E foi com eles que Fernando Lopes se deslocou ao balcão do Montepio na Parede. Para confirmar que Bruno Manuel existia mesmo, que tinha conta no Montepio e, sobretudo, que a transferência de 94 mil euros tinha mesmo dado entrada na conta dele.

«A pessoa que me atendeu disse-me que não nos podia dar informações por causa do sigilo bancário. Eu disse que só precisava que me dissessem se a conta existia, mas nada», recorda o presidente do Tires. «Depois perguntei-lhe se a União Recreativa e Desportiva de Tires tinha alguma conta no Montepio. ‘É que eu sou o presidente, por isso diga-me lá se nós temos aqui alguma conta. Que eu saiba, não temos’.»

Depois de receber a informação de que o Tires não tinha qualquer conta no Montepio, e de confirmar que aquele screenshot tinha sido alterado, Fernando Lopes confirmou também que aquela conta pertencia mesmo a Bruno Manuel. «Fui a um multibanco e fiz uma transferência de um valor simbólico para aquele IBAN. Foi aí que tive a certeza de que o indivíduo existia mesmo.»

Faltava localizá-lo, o que aconteceu após uma rápida investigação.

«A primeira vez que lhe liguei, disse-lhe que era do Tires. E ele fez-se de despercebido: ‘Do Tires?’ Pensa lá bem, vê lá se não te lembras», conta José Carlos Brunheta, que entre fevereiro e março trocou alguns emails com Bruno Manuel, identificando-se como… Luís Castro.

«Confesso que tive medo. Imagine que estava a falar com um grupo de mafiosos. Dizia o meu nome, o meu número de telefone e a seguir tinha-os a bater à porta de casa um dia», explica o vice-presidente e tesoureiro do Tires.

A meio de fevereiro, Bruno, que disse trabalhar como intermediário para a Coinbase, uma empresa de compra e venda de criptomoedas, fez chegar ao Tires um «recibo proforma» da transação com a Udinese. Nele, Franco Collavino era identificado com o «cliente», informação que terá obtido através de um tal de Alexandru Moise, gestor de conta de quem Bruno Manuel dizia receber ordens na Coinbase e o que intermediário português terá contactado logo após as primeiras interpelações do Tires.

O Maisfutebol consultou uma alegada longa troca de mensagens entre Bruno Manuel e Alexandru Moise. Nela, Bruno obtém a confirmação de que o cliente do negócio terá sido Franco Collavino e explica que aquela transação não devia ter acontecido, uma vez que a verba dizia respeito a uma contribuição solidária destinada ao Tires. «Recebi os fundos e enviei os Bitcoin para a carteira da Udinese. Ou, pelos menos, a carteira que me deste. Aquela carteira pertencia à Udinese?», questionou Bruno sem, aparentemente, obter resposta.

Mais à frente, Bruno Manuel pede a Moise emails que tenha trocado com Franco Collavino. Repete o pedido várias vezes. O ficheiro com a troca de mensagens, enviado por Bruno ao Tires numa aparente tentativa de provar a sua inocência, termina com Alexandru Moise a pedir cinco minutos.

Por esta altura, os dirigentes do Tires acreditavam ter sido lesados por Bruno Manuel, pela Coinbase e por Franco Collavino. «Agradecemos que providencie as diligências necessárias de forma a ressarcir esta instituição, creditando a verba supramencionada [94.021,05€] na conta com o IBAN: PT50 **** **** ***********.** do Millennium BCP, até às 24h00 do dia 19 de fevereiro de 2022», intimou a direção do Tires, que pediu também que a situação não fosse empurrada mais para a frente.

Nesse mesmo dia, a 16 de fevereiro, foi enviado um email idêntico a Franco Collavino, no qual este era acusado de lesar, juntamente com a Coinbase e Bruno Manuel, a União Recreativa e Desportiva de Tires.

Mas nada comprometia verdadeiramente Franco Collavino ou a Udinese. Nem mesmo a «fatura proforma» que atestaria a conversão de 88.800 euros em Bitcoins através da intermediação de Bruno Manuel, que ficou com a diferença para os 94 mil euros (5.150 euros, correspondentes a 5 por cento) a título de comissão. Em baixo no documento estavam assinaturas de Alexandru Moise e de Franco Collavino, bem com um carimbo da Udinese. «Volto a frisar, este documento é não oficial. Não sei até que ponto pode ser válido, mas vale o que vale», assumiu Bruno no mesmo email no qual seguiu em anexo a alegada fatura.

A verdade é que, depois de comparada com as que estavam em documentos enviados pela Udinese para a FIFA, havia a forte convicção de que aquela assinatura de Collavino era falsa. E foi isso mesmo que um dirigente do Tires transmitiu por email a Bruno Manuel. «Após análise detalhada da documentação que temos em nosso poder, parece que a documentação que apresenta que supostamente poria a Udinese em causa é forjada.»

O Maisfutebol questionou a Coinbase sobre a ligação de Bruno Manuel e Alexandru Moise à empresa e a propósito do documento em baixo. Na resposta, que chegou já depois da publicação desta reportagem, a empresa garantiu ao nosso jornal que nem Bruno Manuel nem Alexandru Moise são ou alguma vez foram funcionários da Coinbase e que o documento «não é autêntico». Acrescentou ainda que nunca manteve qualquer tipo de colaboração com a Udinese.

«A nossa equipa tem motivos para acreditar que se trata de uma fraude. Vários clubes de futebol da Europa foram alvo de ataques nos últimos anos», nota a Coinbase.

Documento com assinatura aparentemente falsa de Franco Collavino

Em baixo, uma assinatura verdadeira de Franco Collavino

Além do documento com a alegada assinatura de Franco Collavino, Bruno cedeu ao Tires outro que comprovava que tinha recebido da Udinese, a 14 de dezembro de 2021, a transferência de 94.021,05 e ainda um extrato com os movimentos efetuados entre essa data e dia 19; janela na qual saíram da conta 88.800 euros divididos por mais de uma dezena de transferências.

Por esta altura, a direção do Tires já sabia também que todos os documentos com os dados do Montepio, que a Udinese alegava ter recebido da conta oficial do clube português e também da terminada em @aafli, eram forjados.

O Maisfutebol entrou em contacto com o Banco Montepio que, alegando dever de sigilo bancário, recusou prestar quaisquer esclarecimentos para esta reportagem, mas o nosso jornal confirmou que tanto o documento que alegadamente comprovava que o Tires tinha conta no Montepio como o screenshot contêm vários indícios de que foram manipulados. No primeiro, o logótipo da instituição cor de laranja em vez de amarelo; «Montepio» à cabeça em vez de «Banco Montepio», como é prática comum desta instituição bancária; a morada não condizente com a da sede do Banco Montepio, situada na Rua Castilho e não na Rua Áurea; por fim, a assinatura de um alegado responsável do banco: Ramón Aznar Pascua, que não terá qualquer ligação ao Montepio.

Os dirigentes do Tires também já tinham a certeza de que a conta de email do clube tinha sido invadida e utilizada para que fossem enviados documentos forjados para que a transferência fosse desviada para a conta de Bruno Manuel no Montepio e a fraude fosse consumada. E os novos indícios sugeriam que a história podia ser diferente do que parecera nas semanas anteriores.

«Apesar de o Bruno ter sempre mostrado interesse em colaborar, achamos que não nos tem enviado tudo nem esclarecido todo o processo. Quem forjou documentos? Quem entrou na conta de email da URDT? Quem criou emails falsos? Quem enviou emails como se fosse a Udinese? Quem enviou os seus documentos para o email da Udinese? Como deve calcular, nada disto está esclarecido», reagiu José Carlos Brunheta num email enviado a 22 de fevereiro e ao qual Bruno respondeu dois dias depois.

Dizia estar disposto a colaborar para que tudo fosse esclarecido e resolvido, mas que já tinha enviado tudo o que podia ser útil no processo. Alegava ainda que tinha ficado com a «imagem manchada» e que a sua posição enquanto colaborador da Coinbase estava em risco. «Não tenho mais nada que o possa ajudar.»

«Ele disse sempre que foi um mero operador e que só foi contactado pelo chefe para fazer essa operação», recorda Fernando Lopes que partilhou com o Maisfutebol uma mensagem enviada por Bruno. «Não falo de si nem do Tires, mas ao lidar com gente que me está a tentar tramar à força toda, percebi que quem se iria ‘ver nos cornos do touro’ seria eu. Sempre colaborei e mostrei espírito colaborador. No entanto, ao perceber que inclusive o meu suposto colega de trabalho me tenta passar a perna, tenho de me afastar antes que as coisas deem para o torto», podia ler-se.

O Maisfutebol contactou Bruno Manuel, que recusou responder às perguntas feitas pelo nosso jornal ou prestar quaisquer outros esclarecimentos que pudesse achar relevantes.

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VII – Proposta para liquidar a dívida em... prestações

Entre 1 e 23 de março foram vários os emails enviados pela direção do Tires para Bruno Manuel, que não voltou a responder depois de ter dito que nada mais podia fazer e que daí para a frente o ideal era falarem com a sua equipa de advogados.

A 1 de março de 2022 chegou ao Tires um email enviado por um tal de Johnson Smith, que dizia representar Alexandru Moise. Nesse contacto, alegava que o cliente tinha sido vítima de uma fraude online por um comprador de Bitcoin que usara a conta de Bruno. «Ambos [Moise e Bruno] foram vítimas de um golpe, mas aconteceu e queremos resolver a situação e apresentar soluções para este dinheiro roubado e transferido para o Bruno», escreveu.

Apesar de defender que Alexandru Moise tinha sido vítima de um golpe, Johnson Smith dizia que o cliente dele assumia a responsabilidade de pagar o valor e apresentou uma proposta inusitada: transferências mensais de 5 mil euros até o valor em dívida ser totalmente liquidado. O de levaria mais de um ano e meio.

Minutos depois, este email foi reencaminhado pela direção do Tires ao advogado que estava a acompanhar o clube de Cascais neste caso. Dois dias depois, Johnson Smith reiterou a intenção de negociar pagamentos mensais de 5 mil euros. E acrescentou um ponto… ao conto. «Alguém hackeou a empresa e usou-a para cumprir esse propósito. (…) Foi pedido um negócio de BTC cuja intermediação atribuímos ao nosso colaborador, o Sr. Bruno, mas infelizmente no fim descobrimos que se tratava de uma transação fraudulenta onde o fraudador escapou», justificou.

Esta justificação parecia não convergir com as dadas anteriormente por Bruno ao Tires, quando referiu que Alexandru Moise lhe tinha dito que Franco Collavino era o cliente do negócio. De repente, uma transferência vinda de Itália transformara-se numa fraude contra os intermediários do negócio que receberam o dinheiro e o terão diluído depois na aquisição de criptomoedas. Ou numa justificação pouco credível.

Nestas trocas de correspondência, na qual Johnson Smith começou por identificar-se como advogado representante de Moise e depois também como membro da Coinbase, nunca é mencionado o nome de Collavino.

A comunicação foi cortada a 17 de março, quando o advogado do Tires disse ter feito uma queixa-crime contra a pessoa que estava por detrás daquele email e aconselhou os dirigentes do clube português a ignorarem os emails provenientes desse lado e a evitarem contactos mais diretos com Bruno Manuel. «O nosso advogado fez uns contactos para Inglaterra e percebeu que aquela pessoa não era quem dizia ser», explica Fernando Lopes.

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VIII – Tires contesta atuação do Montepio

Dois anos depois do início de uma história que se tornou num autêntico pesadelo para os dirigentes do modesto Tires, as dúvidas permanecem: onde estão os 94.021.05€ que deviam ter dado entrada na conta do clube da AF Lisboa? Quem é/são o/os culpado/s pelo desvio do dinheiro?

O caso está entregue ao Ministério Público, ainda sem novidades. Mas os dirigentes do Tires continuam a lutar noutros campos de batalha. «O Montepio e o Banco de Portugal tiveram comportamentos irresponsáveis e o Montepio foi, no mínimo, displicente», lamenta Fernando Lopes.

O braço de ferro com o banco português iniciou-se, paralelamente às queixas na FIFA, logo em janeiro de 2022, quando o presidente do Tires procurou, sem grande sucesso, os primeiros esclarecimentos no balcão da Parede, concelho de Cascais.

A 14 de janeiro, Fernando Lopes enviou uma exposição em carta registada com aviso de receção e com o Banco de Portugal em C/C, uma exposição. O destino? Rua Áurea, 219 a 241, 1100-062 Lisboa, o mesmo que constava, erradamente, dos documentos forjados: trata-se da sede da Associação Mutualista Montepio e não do Banco Montepio.

Ainda assim, a carta foi recebida e assinada três dias depois. Nela, o presidente do Tires dizia que o clube tinha sido notificado pelo ordenante (Udinese) do processamento de uma transferência internacional no montante de 94.021,05€ para uma conta daquela instituição. «Agradecemos que nos sejam prestados os esclarecimentos para que esta coletividade possa resgatar os fundos que lhe são devidos e que resultam de uma relação contratual com a entidade em assunto (Udinese).

A resposta, talvez porque a exposição seguiu para a morada errada, ou porque o Banco de Portugal foi colocado em C/C, ou porque, mais provável, a exposição seria também submetida no site do Banco Montepio a 1 de fevereiro, chegou a 3 de fevereiro. «Não obstante as diligências tomadas pelo Banco Montepio, informamos que esta instituição não foi sucedida na reversão dos fundos creditados na conta de depósitos à ordem em apreço», respondeu fonte do Banco, que disse estar impedida de prestar «quaisquer informações adicionais», aconselhando o Tires a interpor uma ação judicial contra o beneficiário da transferência feita há mais de 50 dias e cujo montante já tinha sido diluído em Bitcoins.

Para os dirigentes do Tires, a resposta, assinada por um elemento do Gabinete do Cliente e Qualidade, era uma… não resposta. «A 14 de fevereiro solicitei uma reunião de caráter de urgência que nunca aconteceu. Nunca tivemos sequer hipótese», recorda o presidente do clube de Cascais, que vai mais longe. «O Montepio cometeu um erro grave ao receber um documento com o nome de uma instituição, uma fatura agregada e o NIB de um particular. E permitiu esta transação sem nos alertar. Além disso, não cumpriu com a lei do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo. O Montepio não cumpriu a sua obrigação e o Banco de Portugal chutou para canto.»

Fernando Lopes refere-se aos sucessivos contactos feitos também com o banco supervisor e que não tiveram retorno. A exposição enviada a 14 de janeiro que também seguiu para o Banco de Portugal; nova abordagem um mês depois, na qual seguiram em anexo (novamente) a mesma exposição e a resposta do Montepio, com pedido de uma reunião de caráter de urgência para resolver o assunto de uma vez por todas; e uma terceira tentativa a 21 de fevereiro: «Ficámos a aguardar um parecer acerca da situação em causa, (mas) até agora não recebemos qualquer comunicação por parte de V. Exas. Agradecemos que nos informem se é possível o Montepio, perante as leis vigentes, ter efetuado esta operação, sem verificar os valores e os dados da transferência, sendo que o número da conta não correspondia ao beneficiário», podia ler-se num novo email enviado pelo dirigente do Tires, que reiterava a ideia de «conivência» do Montepio para com uma «transação fraudulenta e dessa forma ser uma correia de transmissão da fraude».

Além da denúncia feita na polícia a 16 de fevereiro de 2022, que deu origem à investigação criminal que está em curso, o Tires acabaria por avançar com uma ação declarativa comum contra o Montepio, que o clube da AF Lisboa acusa de ter cometido um «lapso grosseiro» ao permitir que fossem transferidos 94 mil euros para um beneficiário diferente do indicado na ordem de transferência.

«A Ré (Banco Montepio) incumpriu de forma grosseira as normas e regras relativas à verificação dos elementos identificativos das transferências realizadas dentro do espaço da União Europeia, nomeadamente, mas não exclusivamente, as constantes dos artigos 4.º («Informações que acompanham as transferências de fundos», relativas à verificação da exatidão de todos os dados do ordenante e do beneficiário) e 5.º do Regulamento (EU) 2015/847 do Parlamento Europeu e do Conselho de 20 de Maio de 2015. Ao não examinar todas as informações constantes da ordem de transferência em apreço e, por essa razão, ter creditado €94.021,05 na conta bancária errada, a Ré violou grosseiramente o dever de recusa e de exame que sobre ela impende, constantes dos artigos 39.º e 41.º do Aviso 2/2018 do Banco de Portugal. (…) As citadas regras não protegem, apenas e portanto, a Autora… visam a proteção do sistema no seu todo e, ao fazê-lo permitem com isso a rastreabilidade das transferências de fundos como um meio de prevenção, investigação e detecção do branqueamento de capitais ou do financiamento do terrorismo. Tudo isto a Ré ignorou, concedeu, facilitou e incumpriu», lê-se na ação que deu entrada no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa e que o Maisfutebol consultou.

«Caso a Ré tivesse cumprido os mencionados preceitos – ou sequer parte deles – logo teria verificado que o titular da conta de destino não coincidia (nem em natureza, nem em nome) com o beneficiário identificado na transferência. Ao verificar tal discrepância, a Ré teria recusado a transferência, devolvendo-a à procedência, assim alertando o ordenante para uma clara tentativa de burla», lê-se ainda.

O Tires entende também que o caso, que chegou à FIFA, deu ao clube uma «péssima imagem» perante a Udinese e criou uma mancha na honra e dignidade a nível internacional, causando danos não patrimoniais de relevo. Na ação, o clube de Cascais pede que a Caixa Económica Montepio Geral seja condenada ao pagamento de 99.021,05 euros: €94.021,05 referente ao valor da primeira tranche que acabou desviada do Tires e 5 mil euros a título de danos não patrimoniais.

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Beto, Everton (Stu Forster/Getty Images)

IX – Segunda tranche «arrancada a ferros» e sensação de... déjà vu

Ainda que a FIFA tenha considerado que a Udinese provou ter feito o pagamento da primeira tranche da contribuição solidária referente à transferência de Beto, o clube italiano já tinha demonstrado incapacidade para cumprir prazos: a transferência, ainda que para o destinatário errado, só foi feita a 13 de dezembro, quase mês e meio depois da data que havia sido acordada com o Tires e dois meses e meio depois da data-limite à luz do que está expresso no Regulamento da FIFA sobre o Estatuto e Transferência de Jogadores.

A segunda tranche – no valor de 47.010,53 euros – deu entrada no Tires a 16 de dezembro de 2022, muito depois da data-limite para o pagamento: 30 de setembro de 2022. «Mais uma vez reivindicamos o pagamento que nos é devido. Agradecemos que o pagamento seja feito imediatamente», escreveu José Carlos Brunheta num email enviado para Udine a… 4 de dezembro de 2022. «Foi arrancada a ferros», confirma o presidente Fernando Lopes.

«Devido ao atraso no pagamento, nós fizemos uma reclamação na FIFA e a Udinese foi notificada. Enquanto não nos pagassem, estavam inibidos de inscrever jogadores. E pagaram a seguir. Mas não mandaram sequer um email a dizer que tinham feito a transferência. Um dia, fui ver os movimentos de conta e vi o dinheiro já tinha caído», recorda José Carlos Brunheta.

O prazo para o pagamento da terceira tranche expirou no passado dia 30 de setembro. E o dinheiro – também 47.010,53 euros – ainda não tinha chegado à data da publicação desta reportagem. «Os nossos advogados enviaram duas notificações», refere o vice-presidente do Tires, que admite nova ação junto da FIFA caso a Udinese não liquide a dívida nos próximos tempos.

Isto numa altura em que o clube português aguarda por desenvolvimentos devido à transferência de Beto para o Everton a 29 de agosto de 2023. Os valores do negócio não foram oficializados, mas terão rondado os 30 milhões de euros, o que significa que o Tires terá direito a uma verba bem mais generosa do que a calculada há dois anos aquando da transferência do avançado do Portimonense para a Udinese.

José Carlos Brunheta diz que poucos dias após a confirmação do jogador português para o clube da Premier League recebeu um email suspeito na conta oficial do Tires. «Dizia que a password estava a terminar e para clicar em cima de um link. Liguei logo para a Associação e pedi para nos alterarem o email. Parecia que estava a ter um déjà vu», desabafa.

Nesse mesmo dia, a AFL enviou um alerta para mais de 300 endereços de email. «Estão a chegar às nossas caixas de correio e-mails com o teor abaixo. Não cliquem em qualquer link, marquem como lixo e apaguem», avisou a Associação.

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