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Estados Unidos: o guia

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Estados Unidos-Irlanda feminino (Foto Rick Ulreich/Icon Sportswire via Getty Images)

Análise

Há quatro anos, em França, os Estados Unidos tornaram-se apenas a terceira equipa a defender com sucesso um Mundial, depois da seleção masculina do Brasil em 1962  e da seleção feminina da Alemanha em 2007. E embora a equipa de Vlatko Andonovski tenha mantido a liderança ininterrupta de seis anos do ranking da FIFA e seja favorita por pouco nas apostas na Austrália e Nova Zelândia, a preparação das norte-americanas para tentar chegar a um inédito terceiro título mundial consecutivo foi tudo menos linear, entre uma por vezes tumultuosa transição de gerações e uma recente vaga de lesões.

Os Estados Unidos viram-se obrigados a renovar a equipa depois de uma medalha de bronze sem brilho nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com uma equipa marcadamente veterana, onde o seu em tempos arrebatador ataque se debateu com falta de ideias no último terço, apesar de contar muito tempo de posse de bola. Mas a seleção é tudo menos um produto acabado, à medida que se aproxima a sua candidatura ao tri. É verdade que as campeãs de 2015 e 2019 enfrentaram questões urgentes no caminho antes de atingirem o pico na altura certa, mas essas equipas foram preparadas com meses de antecedência. Este ano não.

Andonovski acabou por escolher 14 estreantes em Mundiais, mais do que as 11 de 2019. As dúvidas sobre a condição física de pesos-pesados como Rose Lavelle, Julie Ertz e Megan Rapinoe são suficientemente preocupantes, mas a recente avalancha de lesões impeditivas garantiu que as novatas vão ser pressionadas a entrar em ação. Duas das há muito antecipadas peças centrais do ataque estão fora de cena: Mallory Swanson, a avançada dos Chicago Red Sox que estava no melhor momento da carreira, com golos em seis jogos consecutivos pela seleção, quando sofreu uma rotura do tendão rotuliano num particular em abril, bem como Catarina Macario, futura jogadora do Chelsea, que não recuperou a tempo de uma rotura dos ligamentos cruzados. Também estão de fora a capitã Becky Sauerbrunn e a veterana médio Sam Mewis.

Embora os Estados Unidos tenham profundidade de escolhas para absorver as ausências, ficarão bem mais dependentes das jovens Sophia Smith, Trinity Rodman e Alyssa Thompson, que aos 18 anos é a segunda jogadora mais nova de sempre convocada pelos Estados Unidos para um Mundial, depois de Tiffany Roberts Sahaydak, atual treinadora-adjunta da seleção.

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Vlatko Andonovski (Foto Brad Smith/Getty Images)

O selecionador: Vlatko Andonovski

Andonovski, um treinador com muita experiência na NWSL (Liga feminina norte-americana), que gosta de jogar num sistema de 4-3-3 ou 4-2-3-1, tem sido uma presença firme desde que sucedeu a Jill Ellis como o nono selecionador feminino norte-americano, em novembro de 2019. Mas a série de 23 jogos sem derrotas sob o seu comando terminou frente à Suécia, ao primeiro jogo de uns Jogos Olímpicos de Tóquio que rapidamente se complicaram à medida que a sua gestão do jogo se tornou alvo de críticas. Levantaram-se dúvidas sobre a sua capacidade para o cargo em novembro, quando os Estados Unidos sofreram três derrotas seguidas pela primeira vez em 30 anos, em particulares com a Inglaterra, Espanha e Alemanha. Mas a segurança do seu emprego nunca esteve em risco sério. As suas escolhas têm refletido amplamente ênfase na forma das jogadoras da NWSL. Veja-se a escolha surpresa de Savannah DeMelo, médio de 25 anos a fazer uma época notável no Racing Louisville FC, que é apenas a terceira jogadora da história a integrar uma convocatória dos Estados Unidos para o Mundial sem ter qualquer internacionalização.

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Sophia Smith (Foto Thearon W. Henderson/Getty Images)

A figura: Sophia Smith

A veloz ala de 22 anos apresentou-se como uma candidata convincente a ser o próximo rosto do futebol feminino norte-americano com um extraordinário ano de 2022 pelo clube e pela seleção. Tornou-se a mais jovem MVP de sempre da NWSL ao liderar os Portland Thorns na conquista do seu terceiro título, enquanto somava 11 golos pela seleção e se tornava a mais jovem melhor marcadora dos Estados Unidos num ano civil desde 1993.

Com Swanson e Macario riscadas do Mundial, as americanas dependem ainda mais de Smith em termos de potencial goleador. «Ela pode parar de insistir agora e será na mesma uma grande jogadora, uma das melhores que este país já produziu», disse o treinador das Thorns, Rhian Wilkinson. «E o meu trabalho é insistir ainda mais com ela e garantir que ela é a melhor jogadora que este país já produziu, porque ela já tem esse potencial dentro dela.»

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Naomi Girma (Foto Sam Hodde/Getty Images)

Estrela em ascensão: Naomi Girma

A central de 22 anos, que somou 15 internacionalizações desde que se estreou no ano passado, afirmou-se na equipa de Andonovski com a sua atitude madura, visão, distribuição de jogo e habilidade numa posição onde é tradicionalmente valorizada a experiência. Numa notável temporada de estreia com os San Diego Wave em que foi eleita Rookie do Ano e a melhor defesa da NWSL, a californiana tem sido igualmente sólida na seleção, seja ao lado de Alana Cook ou de Sauerbrunn. «Não se limita a fazer passes de cinco metros para quem está ao lado dela», disse a antiga estrela norte-americana Carli Lloyd. «Ela conduz bolas pelo centro do campo, procurando os pés das avançadas.»

5
Wilma Jean Wrinkles, a cadela de Rose Lavelle (Foto Instagram)

Sabia?

Rose Lavelle, a revelação como estrela do meio-campo no último Mundial, cujo remate de pé esquerdo na final foi considerado um clássico instantâneo, tem uma cadela buldogue inglesa de 10 anos chamada Wilma Jean Wrinkles (que tem perto de 13 mil seguidores no Instagram), com quem ela «fala» por Facetime quando está em estágio.

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Campeãs do Mundo (EUA - futebol feminino)

O futebol feminino nos Estados Unidos

A aprovação em 1972 da legislação conhecida como Title IX – a lei que tornou ilegal a discriminação com base no género por parte de instituições financiadas pelo Governo – garantiu financiamento igual para os programas de desporto feminino, o que deu aos Estados Unidos uma vantagem crucial no panorama internacional e gerou uma base de jogadoras que continua a ser a inveja do resto do mundo, apesar de o fosso estar a diminuir. Além disso, a modesta popularidade do «soccer» nos Estados Unidos entre os desportos masculinos deu ao futebol feminino amplo espaço para florescer.
7
EUA feminino (Reuters)

Objetivo realista

Os Estados Unidos venceram quatro Campeonatos do Mundo e nunca terminaram abaixo do terceiro lugar na competição, somando ainda pelo caminho quatro medalhas de ouro olímpicas. Qualquer posição abaixo do quinto lugar seria uma desilusão. Mas tentar a proeza histórica de vencer um terceiro Mundial seguido – tão longe de casa, com a equipa tão comprometida por lesões e quando o antes enorme fosso para as adversárias está mais curto que nunca – antevê-se como seu teste mais difícil de sempre.

Texto de Bryan Graham, no Guardian US

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