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País de Gales: o guia

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País de Gales (AP)

O PLANO

Foram instalados vinte e seis monólitos em zonas histórias de Gales, do castelo de Cardiff ao museu Caerleon Roman Baths, para representar cada jogador no Europeu do ano passado e, dependendo da prestação no primeiro Mundial desde 1958, agora a conversa pode acabar em estátuas. Para Gareth Bale, vencedor da Liga dos Campeões por seis vezes, usar o dragão no peito e a braçadeira de capitão no Mundial marca o último ponto a preencher na sua carreira.

Depois dos play-offs repletos de nervos, frente a Áustria e Ucrânia, já este ano, Gales pode ser perdoado por querer desfrutar da experiência. Qualificaram-se para três dos últimos quatro grandes torneios, provocando assim o renascimento do chapéu de balde, agora sinónimo da equipa no processo. E embora as expectativas tenham aumentado, sem dúvida, os jogadores seguem para o Qatar livres de fardos e preocupações. Assustaram os Países Baixos e a Bélgica nos encontros recentes da Liga das Nações, com a sua abordagem determinada, e vão, de mansinho, tentar as suas chances no grupo B, que termina com um encontro de deixar água na boca, frente aos vizinhos ingleses.

Gales deve alinhar com uma defesa a três, permitindo a subida no terreno dos laterais elétricos, Connor Roberts e Neco Williams, enquanto que Bale deve alinhar a partir do seu flanco favorito, o direito. Bale insiste que vai chegar no auge da sua forma ao Mundial, apesar de só ter feito mais de 60 minutos em dois jogos, desde que se mudou para o Los Angeles FC, no verão. Outra preocupação é a condição de Joe Allen, que tem estado ausente desde setembro, com um problema no tendão.

A energia deste plantel, muito alimentada pela dupla do Nottingham Forest, Williams e Brennan Johnson, é motivo de otimismo, mas a sua força é o coletivo, daí a determinação de Rob Page em trazer jogadores do quarto escalão, como Chris Gunter ou Jonny Williams, ambos influentes na incrível campanha galesa no Euro 2016.

Independentemente do que acontecer neste verão, Page diz que o seu núcleo de 30 e poucos jogadores – de Bale a Aaron Ramsey e Wayne Hennesey – prometeu que não se vai afastar da seleção de uma só vez. «Queremos que o Bale esteja envolvido na seleção o tempo que conseguir», diz Page. «Não podemos passar da grande influência que eles têm ao grande revês do adeus deles», acrescenta.

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Rob Page (faw.cymru)

O SELECIONADOR: ROB PAGE

Outro Mundial – ok, o primeiro em 64 anos – e outro selecionador do vale de Rhondda. Page tem imenso orgulhoso das suas origens em Tylorstown, uma antiga vila mineira a quatro milhas de Pentre, de onde é natural Jimmy Murphy, técnico que levou o País de Gales aos ‘quartos’ em 1958. «Ficávamos aqui a dar pontapés numa garrafa, a inventar jogos na rua, e depois a mãe chamava pelas 21h00 para jantar», disse o antigo capitão do Watford sobre a infância. Antigo treinador de Port Vale e Northampton, trabalhou como jogadores como Joe Rodon e Daniel James durante os seus dois anos nos sub-21, antes de ser promovido a adjunto de Ryan Giggs, em 2019. Levou Gales ao Euro 2020 depois da detenção de Giggs, e após a demissão deste, em junho, assinou um contrato de quatro anos. Imensamente respeitado por jogadores e restante staff, Page revelou-se um líder inspirador.

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Gareth Bale após o apuramento do País de Gales para o Mundial 2022

ESTRELA: GARETH BALE

Quem mais? Como a parede vermelha canta: «viva Gareth Bale». O recordista do país em golos marcados, e capitão de equipa, é o menino querido do futebol galês, e ainda que não seja a equipa de um homem só, como se pintava, a influência de Bale é imensa. Parecia estar a guardar-se para uma exibição magnífica na vitória frente à Áustria, em março, com um majestoso livre a abrir caminho para a vitória, antes de fazer a diferença frente à Ucrânia, em junho. A grande questão é: pode esta ser a última vez que Bale veste a camisola do País de Gales? O Qatar é considerado o seu canto do cisne, mesmo que tenha dito que quer jogar até ao Euro 2024. «Ainda tenho muitos anos pela frente», disse o jogador de 33 anos, após se juntar ao Los Angeles FC, em junho. Foi imortalizado com um mural em Cardiff depois da qualificação para o Euro 2016.

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Ben Davies (AP)

HERÓI DISCRETO: BEN DAVIES

O corte em cima da linha de Ben Davies, a negar o golo a Marek Hamsik, ao minuto 3 do jogo inaugural de Gales no Euro 2016, marcou o tom para a memorável viagem até às meias-finais da competição. Mas o defesa do Tottenham parece continuar a superar-se. Sem medo de «meter a cabeça» pelo clube ou seleção, teve uma heróica prestação nos play-offs, frente à Ucrânia, com vários bloqueios e interceções cruciais.

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Genéricas Maisfutebol

ONZE PROVÁVEL

3x4x3 

Hennessey; Ampadu, Rodon, B Davies; C Roberts, Ramsey, Allen, N Williams; Bale, Johnson, James.

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Estádio Lusail

POSIÇÃO SOBRE O QATAR

Bale será um dos oito capitães a usar a braçadeira 'OneLove', com as cores do arco-íris, como parte de uma iniciativa antidiscriminação, embora talvez tenha de arranjar uma nova: a federação admitiu ter perdido a braçadeira na Bélgica, em setembro, depois do capitã galês ter aparecido sem ela quatro dias depois, frente à Polónia. Noel Mooney, executivo da federação galesa, diz que o organismo vai assumir de bom agrado qualquer multa que surja pelo seu apoio à comunidade LGBTQ+, caso a FIFA não aprove a mensagem. «Vamos viver lá sob os nossos valores», disse. O selecionador reuniu-se com os jogadores na véspera do último estágio, para mostrar a importância de respeitar a cultura. «Não queremos acidentalmente zangar lá ninguém», disse.

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País de Gales (AP)

HINO NACIONAL

Ouvir Gales a cantar «Hen Wlad Fy Nhadau» é um dos grandes momentos do jogo. Os jogadores sabem do seu significado desde tenra idade. Em 2011, Gary Speed deu ao seu plantel as versões fonéticas e galesas, à procura da perfeição. Foi escrito e composto em 1856, por pai e filho, Evan e James James, que têm uma estátua em Ynysangharad Park. Em 1977 a federação inglesa recusou-se a passar o hino em Wembley, levando a que o capitão galês, Terry Yorath, e os seus colegas, dessem os braços e o cantassem sozinhos enquanto os jogadores ingleses se preparavam para o jogo. Gales venceu o jogo por 1-0.

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Robson-Kanu (AP)

LENDA DE CULTO: ROBSON-KANU

É difícil esquecermo-nos de Hal Robson-Kanu, jogador nascido em Acton e antigo avançado dos escalões jovens inglesas, que foi ao Euro 2016 desvinculado de qualquer clube e regressou como uma lenda de Gales. A sua 'piece de resistance' será sempre aquele rodopio à Cruyff que surpreendeu Thomas Meunier e Marouane Fellaini em Lille, rumo às meias-finais. Descrito por Ryan Giggs como «um ícone do futebol galês», Robson-Kanu, que tem 33 anos e ainda não se retirou oficialmente, tem uma empresa de nutrição que vende injeções de curcuma, uma raiz que usou depois de recuperar de uma lesão no joelho, em adolescente. Os adeptos ainda cantam o seu nome ao tom de “Push It”, dos Salt-N-Pepa.

Textos de Ben Fisher, que escreve para o jornal The Guardian.

 

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