A Espanha fez uma excelente campanha de qualificação para o Euro 2022. La Roja garantiu a vaga automaticamente ao terminar no topo do Grupo D, seis pontos à frente da República Checa. Ninguém se conseguiu aproximar da equipa espanhola. Foram sete vitórias, um empate e nenhuma derrota, marcando 48 golos e sofrendo apenas um. Uma equipa dominada por jogadoras do Barcelona, que o técnico Jorge Vilda quis tornar mais direta do que o habitual. O estilo rendeu frutos sob a forma de vitórias «gordas», como as goleadas por 10-0 e 13-0 à Moldávia e ao Azerbaijão, respetivamente.
«Estamos muito felizes e muito orgulhosos do trabalho que as jogadoras fizeram», disse Vilda. «Classificamo-nos para a maior competição continental, o Euro. Isso é uma conquista. A forma como a gerimos também é uma conquista. Temos grandes esperanças para esta equipa, e tudo se deve ao desempenho das atletas. Tivemos bons resultados, mas eu diria que somos candidatos e não favoritos. Existem outras equipas que são favoritas; vou deixar esse estatuto para elas.»
Espanha chega ao Euro já com a bilhete garantido para o próximo Mundial: será uma das 32 seleções que vão à Austrália e Nova Zelândia em 2023. Será a terceira participação consecutiva em Mundiais. Nos últimos nove anos, a Espanha não perdeu uma fase final, seja de Europeus ou Mundiais. A equipa de Vilda também subiu ao sétimo lugar no ranking mundial da FIFA – a sua posição mais alta de sempre. Irene Paredes, Jenni Hermoso, Patri Guijarro, Aitana Bonmatí, Sandra Paños e Alexia Putellas levaram o futebol feminino espanhol para outro nível. É uma equipa que impõe respeito, com grandes nomes conhecidos em toda a Europa e no mundo. A chegada da equipa do Real Madrid em 2020 também contribuiu para o crescimento exponencial do futebol feminino em Espanha. Apesar de ter perdido Hermoso devido a lesão pouco antes do Europeu, tudo aponta La Roja a um grande resultado. O Europeu em Inglaterra pode ser o momento e o lugar para isso acontecer.
Jorge Vilda assumiu o comando da seleção espanhola em 2015, depois de Ignacio Quereda ter sido afastado após o Mundial do Canadá. O treinador de 40 anos trabalhou anteriormente com as seleções jovens espanholas, treinando as sub-17 entre 2010 e 2014 e as sub-19 entre 2014 e 2015. Antes de ser promovido à seleção principal, arquitetou a caminhada das sub-19 até à final do Europeu.
Este será o seu segundo Euro, além de também ter liderado La Roja no Mundial de 2019. É filho de Ángel Vilda, que foi preparador físico de Johan Cruyff no Barcelona. Em 2018, foi um dos 10 nomeados para o prémio de Melhor Treinador Feminino da FIFA.
Alexia Putellas é a grande estrela de Espanha. Neste momento, a médio do Barcelona é a melhor jogador do mundo. A forma como liderou o Barça à vitória na Liga dos Campeões de 2021 catapultou-a para uma dimensão global e fê-la ganhar a Bola de Ouro e o prémio de Melhor Jogadora da FIFA, além de ter terminado no topo da lista das 100 melhores jogadoras para o The Guardian. Nenhuma jogadora espanhola tinha vencido antes.
Aos 28 anos, Putellas puxa os cordelinhos do meio-campo espanhol e tem uma influência fundamental no ataque de La Roja, desbloqueando o caminho para muitos golos. Acaba de ser eleita a Melhor Jogadora do Ano da Liga dos Campeões, tendo sido a melhor marcadora da competição com 11 golos.
Claudia Pina é a grande esperança de Espanha para o futuro. Com apenas 20 anos, a atacante já é uma grande figura da equipa do Barcelona e está trabalhar arduamente para seguir os passos da sua grande ídolo: Alexia Putellas. Estreou-se pelos blaugrana com apenas 16 anos, embora depois tenha sido emprestada ao Sevilha para continuar o seu desenvolvimento. Voltou a Camp Nou um ano depois e nesta época afirmou-se no clube e no país.
Pina pertence a uma geração de jogadoras que venceu o Mundial sub-17 em 2018. Foi eleita a melhor jogadora da competição e acabou como melhor marcadora. Jorge Vilda segue-a de perto desde então.
Vero Boquete foi a grande pioneira do futebol feminino em Espanha. Quando a Liga profissional ainda era um sonho distante, a centrocampista arriscou e mudou-se para o estrangeiro para prosseguir a carreira. Tyresö (Suécia), Utah Royals (NWSL), Bayern de Munique e Frankfurt (onde conquistou a Liga dos Campeões em 2015), PSG, Milan… A lista é longa e agora, aos 35, continua a jogar, na Fiorentina, da Seria A.
Um golo dela selou a qualificação de Espanha para o Euro 2013 na Suécia. Foi aí que a seleção começou realmente a crescer, com Boquete como capitã e motor. Também foi a capitã no primeiro Mundial em que Espanha participou, no Canadá, em 2015.
Até agora, Espanha participou três vezes em Europeus. Nunca venceu ou chegou à final. No seu primeiro Euro, em 1997, as espanholas chegaram às meias-finais. No entanto, não voltaram a uma fase final até 2013 – quando se estabeleceram no cenário europeu definitivamente. Desde então, não voltaram a falhar a presença.
Perderam 3-1 com a Noruega nos quartos de final na Suécia, em 2013, e caíram na mesma fase nos Países Baixos, quatro anos depois, contra a Áustria. Nesse ano, as esperanças de outra meia-final foram destruídas quando Silvia Meseguer falhou a sua tentativa no desempate por penáltis. Agora, porém, a Espanha é uma potência bem diferente, como mostra o seu ranking FIFA mais alto de sempre.
O objetivo de Espanha é passar o grupo – tendo ficado no grupo da Alemanha, o segundo lugar pode servir muito bem – e depois ser competitiva nos quartos de final. Chegar às «meias» seria um resultado de sonho.
Textos originais de Amalia Fra, que escreve para o AS.