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Países Baixos: o guia

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Países Baixos-Bélgica feminino (Foto NESimages/Geert van Erven/DeFodi Images via Getty Images)

Análise

Depois do fiasco no Euro 2022 sob o comando de Mark Parsons, Andries Jonker revitalizou a equipa. As Leoas Laranja voltam a evidenciar traços do onze de ouro de Sarina Wiegman, que atingiu o pico em estilo em 2017 com o ouro no Europeu e em 2019 foi medalha de prata no Mundial. Ao contrário de Parsons, que nos primeiros meses só trabalhou nos Países Baixos em part-time devido aos compromissos com o clube em Portland, Jonker dedicou-se à equipa 24 horas por dia desde o início. Além disso alimentou o diálogo com as jogadoras, visitando cada uma delas, incluindo o contingente de internacionais a jogar no estrangeiro.

E as Leoas colheram os frutos. Jonker teve em conta a pesada carga de esforço a que as suas jogadoras de topo estavam sujeitas e deu a algumas a oportunidade de descansarem durante as janelas de pausa para as seleções. Este raciocínio inteligente garantiu ao treinador uma equipa extremamente apta, com exceção obviamente da estrela Vivianne Miedema, que contraiu uma rotura do ligamento cruzado antes da pausa de inverno. A avançada desempenhou no entanto o papel de caixa de ressonância de Jonker, que teve contacto semanal por telefone com a estrela do Arsenal na preparação do Mundial. São pormenores como este que fazem da equipa uma unidade coesa.

Embora Jonker queira manter o seu estilo de jogo e o onze inicial «secretos» para os seus adversários por tanto tempo quanto possível, ele deu um vislumbre da sua formação e tática no primeiro jogo de preparação a sério frente à Bélgica, no início de julho. O 4-3-3 quase sagrado nos Países Baixos já não é o sistema mais familiar para a equipa. Com jovens como Victoria Pelova e Esmee Brugts, ele tem duas laterais rápidas e competentes que de vez em quando podem dar uma mão às «veteranas» ao centro. Ambas nunca tinham jogado lá atrás antes desta época. A veloz Lineth Beerensteyn e Lieke Martens têm um papel livre na frente e têm o apoio de Jill Roord.

Embora Jonker prefira um 5-3-2, ele pode sempre mudar para o familiar 4-3-3 se for necessária flexibilidade. O treinador quer a defesa mais subida em campo, para colocar mais rapidamente pressão sobre as adversárias. Entrar em modo de pressão total de forma coletiva aquando da perda de bola é o mote por estes dias.

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Andries Jonker (Foto NESimages/Geert van Erven/DeFodi Images via Getty Images)

O selecionador: Andries Jonker

Andries Jonker é louco por futebol. Embora nunca tenha sido um grande jogador, o seu Curriculum Vitae inclui alguns grandes clubes. Natural de Amesterdão, Jonker trabalhou como treinador na Federação neerlandesa (KNVB), foi adjunto de Louis Van Gaal no Barcelona e no Bayern Munique, entre outros, e desempenhou cargos no FC Volendam, MVV, Willem II e Wolfsburgo. Também foi diretor da academia do Arsenal durante três anos. É selecionador feminino desde 2022, tendo assumido após o Campeonato da Europa em Inglaterra. Em 2001 já tinha orientado a seleção feminina como interino. A sua clareza e conhecimento são amplamente elogiados pelas jogadoras, que assinalam a era de Mark Parsons (2021-2022) com um ano perdido.

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JILL ROORD (getty)

A figura: Jill Roord

Jill Roord é o grande nome da máquina Laranja na ausência da lesionada Vivianne Miedema. A filha do antigo futebolista profissional René Roord tem uma técnica que enche o olho, usa os dois pés e consegue passar a bola como ninguém. A sua eficácia goleadora também é impressionante, para uma centrocampista: 21 golos em 86 internacionalizações. Depois de uma época forte com o Wolfsburgo na Bundesliga e na Liga dos Campeões, Roord não conseguiu desempenhar um papel significativo na final frente ao Barcelona, que venceu de forma dramática por 3-2. As campeãs europeias tentaram sem sucesso contratar Roord na época passada. Agora, ela vai mesmo deixar o Wolfsburgo, mas para jogar no Manchester City.

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Esmee Brugts (Getty Images)

Estrela em ascensão: Esmee Brugts

Esmee Brugts é o novo prodígio do futebol neerlandês. Ao ver a extremo de 19 anos fintar, o seu jeito de futebol de rua sobressai. Brugts jogou em equipas de rapazes tanto tempo quanto lhe foi possível. Até assinar pelo PSV Eindhoven, jogou numa equipa masculina no FC Binnenmaas, perto de Roterdão. Foi Brugts, que se estreou pela seleção frente ao Brasil a 16 de fevereiro de 2022, quem marcou o golo que levou a equipa no Mundial, nos segundos finais do jogo caseiro frente à Islândia.

Embora ela tenha jogado toda a vida como avançada, Andries Jonkers prefere utilizar a adolescente como lateral no seu sistema de 5-3-2. Brugts ficou «morta de medo» quando lhe disseram que iria jogar na defesa, mas depois de alguns treinos e de um jogo particular descobriu que ainda tem licença para atacar. Mais, pode jogar ao lado da sua referência Lieke Martens no flanco esquerdo, realizando um sonho. A talentosa jogadora acaba de deixar o PSV e diz que vai embarcar numa aventura no estrangeiro.

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Países Baixos: treino de preparação do Mundial feminino (Foto Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

Sabia?

Um dos últimos jogos de preparação dos Países Baixos antes do Mundial foi frente a uma equipa masculina de sub-18, no centro de treinos da Federação. O jogo decorreu à porta fechada, o que motivou algum burburinho. A Federação temia má publicidade se os jornalistas vissem um jogo em que rapazes adolescentes acabassem por vencer a seleção feminina. A confusão não era necessária – as mulheres venceram por 2-1.

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Países Baixos-Bélgica feminino (Foto Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

O futebol feminino nos Países Baixos

O futebol feminino é extremamente popular nos Países Baixos. Num país de 17 milhões de habitantes, há um milhão de jogadores federados e quase 20 por cento (180 mil) são mulheres. O crescimento do futebol feminino tem sido enorme – os números duplicaram em 10 anos. É possível tornar-se federado a partir dos seis anos e treinar em clubes de futebol locais com treinadores credenciados a partir dos quatro anos. As jogadoras federadas dividem-se por 1.862 clubes espalhados pelos Países Baixos. A popularidade do futebol também se estende às audiências televisivas. Dados recentes revelaram que os jogos da seleção feminina tanto no Mundial como no Europeu foram vistos por uma média de 2.7 milhões de espectadores. A KNVB criou oficialmente a seleção feminina em 1971.

7
Euro feminino: Países Baixos-Portugal

Objetivo realista

Os Países Baixos têm melhorado de jogo para jogo nos encontros particulares e jogaram muito bem com a Alemanha, apesar de terem perdido por 1-0. Se conseguirem igualar ou superar essa forma, podem ser considerados sérios candidato à vitória a correr por fora – sobretudo porque as jogadoras de Jonkers parecem em muito melhor forma física do que sob o comando de Parsons. A forma física é uma obsessão para Jonkers, que ficou chocado durante o Europeu de Inglaterra, onde considerou que a seleção neerlandesa parecia fisicamente inferior a equipas de topo como a Inglaterra, Alemanha, França ou Espanha.

Texto de Steven Kooijman, que escreve para o De Telegraaf

 

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